A palavra psicopatologia tem origem grega
Por: Biach • 10/11/2021 • Resenha • 2.895 Palavras (12 Páginas) • 259 Visualizações
Psicopatologia
A palavra psicopatologia tem origem grega.
- Campbell define psicopatologia como a “ciência que trata da natureza essencial da doença mental, das suas causas, das mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e das suas formas de se manifestar”
- Dalgalarrondo defende que o “conjunto de conhecimentos referentes ao adoecer mental do ser humano".
A definição de doença mental não é linear. No seu campo de estudo podem incluir-se dois grandes tipos de fenómenos: por um lado vivências, estados mentais, comportamentos que têm uma especificidade própria, não sendo apenas um "exagero" do normal, mas também fenómenos que têm conexões / ligações com a psicologia do "normal" – pode considerar-se que há alguma continuidade entre normal e patológico.
A psicopatologia tem uma dupla raiz.
Encontra-se ligada à medicina deste muito cedo. (tradição médica)
E também se nutre de uma tradição humanista (da filosofia, da psicanálise, da literatura e das artes).
- Psicopatologia geral liga-se diretamente à semiologia psicopatológica – à descrição dos sinais e sintomas produzidos pelas perturbações mentais (sinais e sintomas como unidade, fundamentais de estudo em psicopatologia)
- Psicopatologia especial liga-se a nosologia, ao estudo dos grandes quadros psicopatológicos.
Psicopatologia e Psicologia/ Psicopatologia e Psiquiatria
Existem diversas possibilidades ou enfoques quanto à posição relativa da Psicopatologia relativamente à Psiquiatria e à Psicologia.
- Psicopatologia como psicologia (especial) do patológico (da mente perturbada). A Psicopatologia seria então uma ciência autónoma, porque no seu campo de estudo entrariam uma série de fenómenos especiais que não representariam simples alterações quantitativas do normal.
- Psicopatologia como semiologia psiquiátrica. Neste sentido, a Psicopatologia restringir-se-ia ao estudo dos sinais e sintomas das doenças mentais, sem se preocupar com questões como a etiologia, a evolução ou os aspetos psicodinâmicos das doenças.
- Psicopatologia como propedêutica psiquiátrica e psicológica. Nesta conceptualização a Psicopatologia constitui, em parte, as bases conceptuais da Psiquiatria e da Psicologia clínica, enquanto ciências e enquanto práticas profissionais. Neste sentido, a Psicopatologia serviria de auxílio à Psiquiatria e à Psicologia, que estariam mais viradas para a prática profissional. Desta forma, pode pensar-se a Psicopatologia como um conjunto de conhecimentos essencial para o psicólogo, especialmente o psicólogo clínico, mas também para o psicólogo de outras especialidades. Quando avalia ou quando intervém, o psicólogo tem necessariamente de dominar os conceitos psicopatológicos.
Teles Correia (2013) refere, fundamentalmente, duas formas de pensar a relação entre Psicopatologia descritiva e Psicologia: patologia psicológica e psicologia patológica. A primeira entende a Psicopatologia como uma ciência independente e a segunda como um ramo da Psicologia que descreve comportamentos anormais.
É difícil estabelecer um termo médio que corresponda a uma barreira bem definida entre normal e mórbido, por várias razões, entre as quais:
- Porque as normas sociais variam com a evolução histórica ao longo do tempo e dos contextos culturais e essas normas influenciam a noção de doença mental;
- Porque a grande maioria das doenças mentais não foi até hoje delimitada / isolada enquanto entidade anátomo-clínica bem definida;
- Porque para a maioria das perturbações mentais a etiologia não é bem definida e é multi-fatorial;
- Porque a definição de normalidade e anormalidade tem também a ver com critérios subjetivos, para além de critérios clínicos e sociais.
Existem vários critérios possíveis de normalidade em Psicopatologia, cuja adoção depende de opções teóricas e pragmáticas e da situação concreta ou contexto em causa. Nenhum é suficientemente válido, se utilizado isoladamente, mas todos têm aspetos lógicos e positivos. Pode utilizar-se uma associação de vários critérios para diferenciar normal e patológico. (ver critérios, pág.7)
Enfoques teóricos em Psicopatologia
Psicopatologia descritiva versus psicopatologia dinâmica
Abordagem descritiva- interessa…
- a forma das perturbações,
- o tipo,
- a estrutura dos sintomas,
- aquilo que é típico em cada quadro nosológico.
Nota: Importa descrever, com rigor e exaustivamente, não tanto explicar.
Abordagem dinâmica- interessa…
- o conteúdo das vivências psíquicas,
- os movimentos dinâmicos internos,
- os desejos e as fantasias do indivíduo,
- a experiência individual, idiossincrática, não classificável a partir de manuais de Psicopatologia.
Nota: Importa, sobretudo, compreender a doença, dar-lhe sentido e não tanto anotar sintomas e chegar a um diagnóstico estrutural.
Psicopatologia categorial versus psicopatologia dimensional
Na visão categorial da psicopatologia, as diferentes entidades nosológicas são consideradas:
- categorias individualizadas,
- não sobreponíveis,
- com fronteiras bem demarcadas.
Na visão dimensional que seria mais adequada à realidade clínica. A Psicopatologia seria "composta" por:
- dimensões,
- espectros,
- contínuos.
Alguns autores defendem uma combinação de ambas as perspetivas.
Kurt Schneider, um fenomenologista, um clássico da escola alemã defendia dois tipos de perturbações psíquicas:
- as variações anormais do modo de ser psíquico
- as alterações psicopatológicas francas ou doenças psíquicas propriamente ditas
Ver as cenas sobre a epidemiologia[pic 1]
Métodos de avaliação e diagnóstico em Psicopatologia
A avaliação em Psicopatologia é feita, principalmente, em entrevista.
Inclui dois elementos fundamentais:
- O primeiro é a anamnese, que consiste num interrogatório para obtenção de informação sobre:
- a identificação do doente,
- a história da sua doença atual,
- os antecedentes médicos e psiquiátricos,
- a história pessoal e social,
- a personalidade pré-mórbida.
- O segundo é o exame do estado mental, também denominado de exame psicopatológico.
A entrevista permite a colheita da anamnese e a observação do paciente (ou seja, o segundo elemento) que vão, por sua vez, permitir que o técnico:
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