A velhice é condição subjetiva, heterogênea
Por: Nádia Leitão Matheus • 20/11/2018 • Trabalho acadêmico • 2.843 Palavras (12 Páginas) • 218 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
A velhice é condição subjetiva, heterogênea, multidimensional e pouco previsível. Para se compreender sua complexidade, é essencial o conhecimento interdisciplinar. Os idosos acima de 80 anos, segundo Malagutti e Bergo (2010), praticamente dobraram no Brasil na ultima década. Hoje são mais de 24 milhões e 500 mil, e a expectativa é que esse crescimento se mantenha em ritmo acelerado (ARAUJO, 2012).
Envelhecer é um processo natural que caracteriza uma etapa da vida do homem, ocorre através de transformações físicas, psicológicas e sociais que acontece de modo particular cada individuo que possui sobrevida demorada. Constitui uma etapa em que o idoso conclui que alcançou muitos objetivos, mas que também sofreu diversas perdas, das quais a saúde se destaca com uma das partes mais comprometida (MENDES ET AL, 2005).
Segundo o ponto de vista biológico, o processo de envelhecimento começa ao nascer e se encerra na finitude do sujeito, com a morte. Mas o desgaste físico que acompanha a vida não é suficiente para caracterizar a velhice, pois ele não ocorre para todo organismo e nem sempre compromete o processo vital. Além disso, o desgaste mental e físico do homem apresenta ritmos diferentes e varia de pessoa para pessoa. Para muitos, no entendo, o envelhecimento é também uma aquisição, ou seja, acontece quando sentem a mente amadurecida, mais apta e ágil aos raciocínios abstratos do que em idades anteriores. Novamente se marca a importância de considerar as diferenças individuais na velhice (ARAUJO, 2012).
A Organização Mundial de Saúde – OMS conceitua como idoso para os indivíduos de países desenvolvidos um limite de 65 anos de idade ou mais e 60 anos ou mais para indivíduos de países subdesenvolvidos (MENDES ET AL, 2005).
O fenômeno do envelhecimento da população se deu em principio nos países desenvolvidos em consequência da queda da mortalidade, as grandes conquistas do conhecimento médico, urbanização apropriada, elevação dos níveis da higiene pessoal e ambiental nas residências e no trabalho, melhoria nutricional e avanços tecnológicos. Esses fatores iniciaram no final da década de 40 e inicio dos anos 50 (MENDES ET AL, 2005).
A preocupação com a velhice e com o envelhecimento é tão remota quanto à civilização. Com o passar dos anos, existe um aumento da mortalidade em consequência há o avanço das doenças associadas ao fenômeno. À medida que a idade avança, ocorrem modificações estruturais e funcionais nos indivíduos, que são próprias do processo de envelhecimento normal, mas que podem mudar segundo as características individuais de cada um (MAZZA; LEVÈFRE, 2005).
Ao se estudar o processo de envelhecimento, a abordagem familiar é de extrema importância para se compreender como este fenômeno ocorre e pode influenciar a família.
De acordo com Leme e Silva (1996, 96), "efetivamente é de se desejar que aqueles que se interessam pelo estudo do envelhecimento e de suas causas e consequências possam aprofundar-se no estudo da família, habitat da pessoa humana, para um melhor conhecimento do idoso como um todo pessoal".
Pelzer e Fernandes (1997, 340), adverte: "A família é a esfera íntima da existência que une por laços consanguíneos ou por afetividades os seres humanos. Como unidade básica de relacionamentos é a fonte primária de suporte social, onde se almeja uma atmosfera afetiva comum, de aquisição de competência e de interação entre seus membros".
No seio da família que o idoso tem o seu maior meio de sustentação e de afetividade, o apoio afetivo e de saúde é extremamente necessário. Quando ele não tem na família esse apoio, ou quando esta não pode dar a assistência necessária, o idoso fica exposto a situações de morbidade, sob diversos aspectos, psíquicos, sociais ou físicos (MAZZA; LÈVRE, 2005).
O Brasil, mesmo sendo um país jovem, vem apresentando um perfil com uma transformação no aumento de idosos em sua população, no ano 2000 representava 8,6% da população total, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE), com projeções estatísticas apontando aumento de 15% em 2025 (GONÇALVES ET ALL, 2006).
Viver até os 80 anos de idade nos últimos anos, não é mais um fenômeno, não é mais surpreendente. Porém, essa condição de longevidade associa-se a fragilização do envelhecimento, desse modo o idoso fica vulnerável a situações de vida e saúde. 85% dos idosos no Brasil apresentam pelo menos uma doença crônica, e destes 10% com sobreposição de afecções concomitantes. Sendo assim, a atual situação de logevidade dos brasileiros contribui para o aumento de idosos com limitações funcionais, que precisam de cuidados constantes (GONÇALVES ET ALL, 2006).
Os cuidados com o idoso, normalmente, ficam a cargo da família em sua própria casa. O cuidado por parte da família advém de um dos seus membros, que é chamado de cuidador principal por ser o responsável pelos cuidados do idoso. Os outros membros da família auxiliam em atividades complementares, são denominados cuidadores secundários (GONÇALVES ET ALL, 2006).
O cuidado do idoso é feito por mulheres na maioria dos países. No Brasil também essa é uma prática, são esposas, filhas e netas, pois no passado recente as mulheres não trabalhavam fora, o que justifica sua disponibilidade para o cuidado com a família. Essa realidade vem mudando em função da inserção da mulher na sociedade, participando mais do mercado de trabalho. Pesquisas apontam que as cuidadoras, normalmente, residem com os idosos, são casadas, e adicionam às suas atividades de cuidar com as domésticas próprias de mães, avós e esposas, ocasionando um acumulo de trabalho em casa e uma sobrecarga nos variados campos da vida da cuidadora: emocional, social, físico, espiritual, o que acaba colaborando para o descuido com sua própria saúde (GONÇALVES ET ALL, 2006).
Uma interferência muito significativa nesse processo de cuidados é no que tange cuidar de idosos portadores de demência, essa enfermidade necessita de cuidado especial e expõe o cuidador a estresse demorado. Além de precisarem de treinamento específico para lidar com esse tipo de situação, eles precisam de suporte social para manter sua própria saúde e poder cuidar de si mesmo. Os cuidadores que não tiverem esse suporte ficam expostos a doenças devido à sobrecarga a que são atribuídos (GONÇALVES ET ALL, 2006).
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