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ABORDAGENS PSICOLÓGICAS E REFLEXÕES COM O LIVRO ‘Pinóquio às avessas’ de Rubem Alves

Por:   •  25/3/2019  •  Projeto de pesquisa  •  2.183 Palavras (9 Páginas)  •  350 Visualizações

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Universidade Paulista – UNIP - Brasília

Disciplina: Psicologia do Desenvolvimento e Teorias da Aprendizagem

Professora Dra. Luciana Bareicha

ABORDAGENS PSICOLÓGICAS E REFLEXÕES COM O LIVRO ‘Pinóquio às avessas’ de Rubem Alves

Cláudia Soares Parreira RA: N37968-5                            Turma: PS1P30

Clemência Rodrigues da Silva Santos RA: T7680G-7      Turma: PS1P30

Jordana Gleyce Melo Nassar RA: D78IAI-0                      Turma: PS1P30

Kathlen Lorrayne da Cruz Silva RA: N37595-7                 Turma: PS1P30

Brasília

Setembro/2018

O livro Pinóquio às Avessas fala sobre Felipe, uma criança que está próximo da fase de alfabetização e como toda criança tem extrema curiosidade sobre a escola, sobre as novas experiências e aprendizados. Rubem Alves traz esse livro com intuito de criticar a história original do Pinóquio, de que a criança tem obrigação de ir para a escola para ter uma identidade válida. A fim de ilustrar sua crítica, o autor reescreve o livro do Pinóquio, uma criança de verdade que vai à escola e vira um burro.

        Ao decorrer do livro é possível observar três abordagens pedagógicas, elas sendo a tradicional, comportamental e humanista. Cada abordagem tem suas características, sua visão de mundo e homem, também traz outros traços que determinam como o conhecimento é levado e dado ao aluno e além disso traz a respeito sobre a relação aluno - professor.
        A abordagem tradicional traz a noção de que o adulto é a sua profissão e o que está escrito em seu diploma é sua essência. Para essa abordagem o homem é uma tábula rasa no início de sua vida e só a partir do acúmulo de conhecimento que ele adquire do mundo externo. A escola tem um ambiente físico rígido e é a garantia da manutenção de ideias, sem crises. A relação de aluno e professor conta com uma distância entre eles, além da ideia de que o professor é a autoridade máxima e moral para o aluno. É muito comum usar o professor usar o verbalismo e aos alunos resta apenas memorizar. A decoração é um mecanismo comum nessa abordagem (MIZUKAMI, 2001).
        Outra abordagem também encontrada no livro é a comportamentalista que traz alguns reflexos da abordagem tradicional, porém traz uma visão nova sobre o assunto. Para os comportamentalistas o conhecimento é empírico, quer dizer, ele vem direto de uma experiência. Isso implica na relação aluno - professor, que não deixa de ser com o professor como um mentor, mas agora ele precisa planejar sua aula de forma que maximize a aprendizagem do aluno. O professor utiliza de elogios, notas e prêmios para condicionar os alunos e perpetuar comportamentos, como método de ensino (MIZUKAMI, 2001).
        A última abordagem é a humanista que é conhecida também como terceira força da psicologia e quebra totalmente com as duas outras abordagens. A interpretação humanista de aprendizagem é de colocar o aluno no centro e com isso a posição do professor se torna apenas um auxiliar do saber. O ambiente escolar deixa de ser um ambiente austero e passa a ser um espaço propício para a autonomia do aluno e a metodologia não enfatiza uma técnica ou um método para simplificar a aprendizagem. A avaliação dessa abordagem é totalmente contrária às outras, partindo do princípio que as pessoas aprendem somente o que tem interesse e muitas vezes isso não pode ser avaliado (MIZUKAMI, 2001).


        Logo no início do livro vemos a abordagem tradicional de forma bem clara quando o pai termina de ler o livro do pinóquio e explica as metáforas contidas nele.

        (...) Quem não vai à escola fica burro. Ainda bem que a Fada Azul veio em         seu auxílio. Se não fosse por ela, ele teria ficado burro pelo resto da vida.         Passaria a vida puxando carroças. É preciso ir à escola para não ficar                burro, para ser gente de verdade…

        Essa noção do aluno ser uma tábula rasa pronto para recebimento e acúmulo de matérias também pode ser visto no trecho em que o pai explica a Felipe sobre a escola:


        
É assim: você vai entrar para a escola no primeiro ano. Lá vão lhe ensinar         muitas        coisas. Se você aprender e tirar boas notas, passará para o segundo         ano. No segundo ano, vão lhe ensinar muitas outras coisas. Se você as         aprender e tirar boas notas passará para o terceiro ano. E assim você vai         aprendendo coisas e tirando boas notas e passando de ano (...) É o                diploma que diz o que você é.

        Essa abordagem pode ser reconhecida em outros trechos do livro como quando os pais de Felipe não sabem responder algumas perguntas feitas por ele.


        (...) E Felipe dormia feliz, pensando: “A escola deve ser um lugar                 maravilhoso! Lá os professores responderão minhas perguntas..”

                

        Nesse trecho específico é nítida a percepção de que o professor é a autoridade intelectual e moral para o aluno. Além da relação totalmente vertical sendo o professor o detentor de informações e o aluno o receptor vazio esperando pelas informações (MIZUKAMI, 2001).

        Em seguida temos um exemplo da abordagem humanista, quando Felipe diz que tem muitos conhecimentos que adquiriu reagindo ao ambiente e experiências pessoais.

                - Eu sei tantas coisas! Sei o nome dos passarinhos, sei jogar gude, sei                         nadar, sei empinar pipa, sei fazer limonada, sei subir em árvore, sei montar                 quebra-cabeça, sei descascar laranja, sei dar laço no meu tênis, sei contar                 estórias, sei regar o jardim…

        No sonho de Felipe ele acredita que a escola é um lugar livre e que poderia dar à ele autonomia, como a abordagem humanista.

                Felipe dormiu e teve um lindo sonho. Sonhou com a escola. Sonhou que os                 professores que ensinavam a voar. Cada pássaro-professor ensinava a                 voar de um jeito. Há muitos jeitos de voar: o jeito dos beija-flores, o jeito dos                 urubus, o jeito das pombinhas, o jeito dos sabiás… Havia                                 pássaros-professores que ensinavam a linguagem dos pássaros, e outros                 que ensinavam a cantar como os pássaros.

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