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Resenha do Livro Estórias de quem gosta de ensinar, de Rubem Alves

Por:   •  1/7/2015  •  Resenha  •  970 Palavras (4 Páginas)  •  8.769 Visualizações

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FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

                                 CURSO DE HISTÓRIA

CURRÍCULO E CONHECIMENTO ESCOLAR

                             WAGNER DA SILVA BARBOSA

                           

RESENHA DO LIVRO “ESTÓRIAS DE QUEM GOSTA DE ENSINAR”, DE RUBEM ALVES

ALEGRE

2015

Rubem Alves apresenta nesse livro uma série de contos, os quais contêm em si nuances que provocam reflexões sobre o processo de aprendizagem, sobre as estruturas educacionais, sobre os ambientes de vivência dos alunos, entre tantos outros aspectos que compõem a educação.

Em cada capítulo uma estória bem contada, articulada, numa linguagem simples, leva o leitor a apegar-se a detalhes que por vezes passam despercebidos em meio à rotina das atividades educacionais. Para isso, o autor dá a impressão de mergulhar num universo próprio, de fantasias, criando estórias com lições de um entusiasta da educação como fator determinante na transformação do ser humano. Ao lê-lo, percebe-se que há um interesse no autor em fazer com que, em meio ao pragmatismo cotidiano, haja ocasião para pensar as bases teóricas e filosóficas da educação. Perguntas implícitas nos contos fazem o leitor pensar por quê se ensina, para quê e para quem? Além disso, pode-se captar nas entrelinhas das estórias a preocupação em questionar os métodos, se estão corretamente aplicados ao público sujeito da educação.

Iniciando suas estórias, um quadro comum nas famílias é pintado, onde o pai pergunta ao filho o que ele gostaria de ser quando crescesse, inevitavelmente agurdando que o filho responda uma profissão que pudesse ser seu prenome, Engenheiro fulano de tal, Advogado ciclano, etc. No entanrto, o autor sugere um drama familiar no qual o pai, impedido de questionar sobre o futuro do filho que tem leucemia, apenas usufrui da presença do filho que É, não esperando que ele SERÁ alguém quando crescer. Rubem Alves critica nesse conto a utilidade social que é apresentada a criança, sugerindo-lhe que somente quando ela for uma pessoa produtiva, socialmente útil, é que ela terá algum valor. Assim, questiona-se a motivação do ensino-aprendizagem. Ou seja, a criança deve aprender apenas para acumular conhecimentos que lhe serão úteis profissionalmente? Ou deve encontrar prazer nos estudos, vendo-o como lúdico e, simultaneamente, transformador?

Nessa esteira de raciocínio as demais estórias são cuidadosamente construídas, mostrando a habilidade do autor em contar estórias. Por exemplo, quando conta a estória clássica de Pinóquio, o autor inverte a lógica do original onde o boneco de pau é estimulado a ir à escola para virar gente, pois se não fosse seu destino seria  se tornar um asno e diz que há escolas onde se entra carne e osso, saindo dela como um boneco de pau. Então, vverifica-se uma crítica ao engessamento, à inflexibilidade dos moldes pedagógicos que excluem a humanidade, apegando-se ao rigor metodológico.

Igualmente questionadora é a estória dos urubus e sabiás. Aqui uma cena é descrita apresentando animais falantes de uma terra e um tempo distantes. Urubus resolvem, contrariando sua natureza de não serem canoros, ser grandes cantores e para isso fundam escolas, importam professores e tomam outras medidas consideradas necessárias. Concursos são realizados para apontar o melhor urubu-cantor, o qual seria o mais importante e celebrado dos urubus, recebendo, inclusive, um título distintivo. Porém, toda harmonia e bom funcionamento da escola e rotina dos urubus é quebrada com a chegada de alguns pintassilgos, canários e sabiás que brincavam e, denunciando sua natureza para o canto, rompiam com a normalidade rotineira dos urubus. Houve uma convocação para inquirir os intrusos cantores sobre suas credenciais para o canto, a saber, seus diplomas e alvarás em concursos. Os pássaros nem sabiam que tais coisas existiam, eles só sabiam que cantar estava em suas naturezas e, assim o faziam. Como veredito, eles foram expulsos da floresta, pois não estavam qualificados para isso. Neste caso, o autor sugere a moral: em terra de urubus diplomados não se ouve canto de sabiá. Qual a importância das formalidades, dos títulos, das técnicas? São perguntas tácitas, mas que produzem uma reflexão sobre o que se valoriza mais no mercado de trabalho, na vida, na escola.

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