ANÁLISE CRÍTICA DO FILME DALLAS CLUBE
Por: Monica Hanhoerster • 5/3/2018 • Resenha • 1.273 Palavras (6 Páginas) • 1.040 Visualizações
ANÁLISE CRÍTICA DO FILME DALLAS CLUBE[pic 1]
Atividade: Construir uma análise crítica do filme traçando o início da descoberta da AIDS e seus impasses. Correlacionar também com esta doença e tratamento na atualidade. Analisar os aspectos sociais e emocionais do portador HIV/Aids da época de 80 até a contemporaneidade.
O filme Clube de Compras Dallas retrata o processo de adoecimento de Ron Woodroof (Matthew McConaughey), diagnosticado com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) em 1986, um eletricista heterossexual de Dallas que mantinha uma vida promíscua sem nenhum tipo de cuidado preventivo sexual, usuário de álcool e outras drogas e homofóbico. Ron descobre a doença de forma casual depois de um acidente de trabalho após um desmaio, apesar de já apresentar alguns sintomas subjacentes de um estágio avançado da síndrome. Após confirmação do diagnóstico pelo médico do hospital e com prognóstico de um mês de vida, Ron se recusa a aceitar essa condição por achar que a AIDS somente pode ser adquirida por pessoas homoafetivas e usuários de drogas injetáveis. Quando começa a estudar sobre a doença e percebe que realmente está contaminado, resolve partir para o enfrentamento, pois não se sente preparado para “encarar” a morte – apesar de ter dito ao médico que “a morte chega para todos, um dia.”, logo após ouvir dele sua estimativa de um mês de vida; ele sobreviveu sete anos!
As décadas de 80/90 constitui um período obscuro e caótico desta doença tendo inclusive, destacado período temporal no qual a história deste filme desenrola. Vejamos os principais marcos: 1981 – Diversos casos de sarcoma de Kaposi e pneumonia atacando jovens gays americanos levam à conclusão de que se trata de uma nova síndrome. No final do ano, já eram 121 casos de pessoas mortas pelo novo mal; 1982 – O Centro de Controle de Doenças dos EUA afirma que a doença deve ser causada por uma infecção e passa a chamá-la de aids. Define o grupo de risco como gays, hemofílicos, haitianos e usuários de drogas; 1983 – Identificado o retrovírus HIV como o causador da aids. A descoberta foi, depois de muita polêmica, dividida entre Luc Montagnier, de Paris, e o americano Robert Gallo. Os primeiros casos são diagnosticados no Brasil; 1984 – Nos EUA um garoto hemofílico de 13 anos, portador do vírus da aids, é expulso da escola, causando uma polêmica nacional. Identificados os primeiros casos de transmissão por relações heterossexuais; 1985 – Criado o primeiro teste de sangue para detectar a presença de HIV. Ele funciona identificando os anticorpos para o vírus. Só então os bancos de sangue começam a testar as amostras doadas; 1986 – Surge o primeiro remédio para o tratamento da aids, o AZT, que apresenta resultados bem limitados. Ele funciona bloqueando uma enzima essencial para a replicação do vírus, a transcriptase reversa. Exatamente neste ano, o protagonista deste filme descobre-se infectado pela AIDS; 1988 – A Organização Mundial da Saúde (OMS) institui o 1º de dezembro como Dia Internacional de Luta Contra a Aids. A fita vermelha, símbolo da luta contra a doença, surgiu três anos depois.
Voltemos ao filme: Guiado pelo seu machismo exacerbado, Ron não consegue crer em sua situação. No entanto, os sintomas começaram a aparecer rapidamente, trazendo preocupação a ele; resolveu pesquisar um tratamento para si. Ron vai percebendo que as informações sobre a doença ou são de difícil acesso, ou são bastante confusas – fato que caracteriza as primeiras décadas do surgimento desta doença. Contudo, ele descobre um remédio que estava sendo colocado a teste nos EUA pela indústria farmacêutica em parceria com a FDA (Food and Drug Administration), órgão governamental que controla e aprova todo e qualquer medicamento comercializado no país, o AZT, que, segundo os mesmos, garantiria resultados imediatamente. Porém, a dosagem para teste era limitada e os beneficiários seriam escolhidos pela agência. Após a ingestão do remédio, ele começa a sofrer reações inesperadas e que o tratamento, em vez de lhe causar melhoras, piora sua situação, e assim sendo, resolve iniciar novas pesquisas. Com isso, descobriu locais independentes fora dos EUA onde a expectativa de vida dos doentes estava sendo melhorada, tal como alguns sintomas erradicados, mesmo que temporariamente: vai para um desses “centros de tratamento” no México e, após uma consulta com um médico que havia tido seu registro caçado, tem acesso a um coquetel que estava sendo usado nos doentes; este alertou Ron que o AZT era altamente prejudicial à saúde dos dependentes, pois tentava, de forma equivocada, eliminar a doença a qualquer preço, mas não combatia o sintoma, como a baixa imunidade, além de ser altamente tóxico, diminuía a imunologia dos pacientes, ou seja, matava os tratados. O filme demonstra claramente os efeitos maléficos deste protecionismo estatal naquela época: sob o discurso de proteger a integridade de sua população, o governo americano, através da FDA, manipulava o mercado farmacêutico restringindo a competitividade através do bloqueio a entrada de concorrentes externos mais eficientes. Sem competitividade, o remédio garantias altas lucros ao lobby e ao governo, enquanto sua eficácia ficava em segundo plano. Tudo isso acontecia em detrimento ao consumidor e, ainda pior, a vida dos mesmos. Além de forçar a população a pagar caro pelo AZT, um remédio altamente ineficaz, restringia a oferta de remédios que poderiam ter salvo a vida de muitas pessoas.
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