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ANÁLISE DE CASO CLÍNICO - COADJUVANTES OU ATOR PRINCIPAL

Por:   •  27/11/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.324 Palavras (6 Páginas)  •  96 Visualizações

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ANÁLISE DE CASO CLÍNICO - COADJUVANTES OU ATOR PRINCIPAL


1. Qual o tema central abordado nesse caso?

O tema central abordado no caso é sobre Ana, uma adolescente de dezoito anos que busca terapia, pois tinha tido contato com coisas bastante desagradáveis de que havia tomado consciência.

Aos nove anos foi estuprada por um amigo do irmão do seu prédio, quando seus pais estavam ausentes.

Uma vez chegada a adolescência, Ana não podia protelar mais. A urgência das necessidades gritava pela sua saciação. Desenvolveu uma espécie de medo pelas relações heterossexuais, apoiada justamente na lembrança de uma cumplicidade não resolvida. Dirigia-se aos homens como inimigos e às mulheres como objetos de desejo.

Ana tinha dificuldades de se relacionar, alegando falta de tempo para se comprometer com alguém e só buscou psicoterapia pois o “Dr.I.” (psiquiatra) achou que ela precisasse.

2. Descreva o modo-de-ser de Ana: Que dimensões da existência ganham prioridades diante do conflito relatado por Ana? 

Ana era rebelde, mimada, ciumenta, mas guerreira quando queria atingir suas metas. Rendia bem na escola, mas poucos amigos fazia. Geralmente se relacionava superficialmente. Fazia parte de uma equipe de natação vencedora em várias modalidades.

As dimensões da existência que ganham prioridades diante do conflito relatado por Ana são as dimensões do 1) Ser-no-mundo, pois buscava uma forma de se se apresentar de forma típica (homossexual ou heterossexual); 2) a dimensão social e interpessoal, pois os relacionamentos e grupos que ela mantinha eram de alguma forma disfuncionais; 3) a dimensão corporal, pois ela buscava se situar e se compreender na sua perspectiva individual; 4) a dimensão motivacional, quando ela se da conta do cuidado, estimulada por suas necessidades, atenta a suas demandas e interesses, regulada pela questão conflitante da afetividade; 5) a dimensão axiológica (ou dos valores) quando ela luta para não ser homossexual, pois a princípio seus preconceitos impediam que essa escolha fosse uma das possibilidades em sua vida; 6) a dimensão afetiva, pois através do evento traumático tinha dificuldades na sua interação com o mundo; 7) a dimensão espaço-temporal, uma vez que o que lhe aconteceu no passado, estava afetando seu presente e planos futuros.


3. Quais as atitudes desenvolvidas pela terapeuta que propiciaram a construção do vínculo psicoterápico? Exemplifique com trechos do caso e discorra sobre elas:

A Terapeuta demonstrou durante todo o seu acompanhamento ser ética e além disso, soube acolher, empatizar, escutar, observar, indagar e questionar e soube orientar.

“Nós, profissionais, sabemos que a verdade que realmente importa é a verdade que o cliente vive como sendo sua. Não somos detetives que buscamos evidências empíricas para fundamentar o abstrato. Lidamos sim, com o que o cliente expressa e no que provoca na gente com essa expressão. É claro que os questionamentos existem, mas baseados numa lógica interna: uma verdade inserida no contexto a que o cliente se refere.” (p.69)

Aqui a terapeuta expressa que como profissionais temos que nos conhecer e saber que podemos ser afetados, mas que o nosso conhecimento é de cunho científico e o objetivo é alcançarmos a razão de ser de um fenômeno e sua articulação num processo e o quê prevalece é a verdade do cliente.

“Examinamos exaustivamente essas experiências, as possíveis sabotagens e a forma de perpetuá-las. O foco estava nos mecanismos mantenedores do problema, mais do que no problema em si. Ana foi se entregando à nossa relação sem medo de se machucar. Confiava em mim e se sentia protegida no “setting” terapêutico. Mas por ter medo de se envolver no mundo lá fora, não soube lidar bem com o engajamento vivido lá dentro. (p. 69/70)”

A terapeuta mostra que a paciente foi se entregando de tal forma que conseguiram criar um vínculo de confiança forte e que por nunca ter tido isso com ninguém, Ana acabou confundindo a relação que tinha com a terapeuta.

“Mas nossa relação era forte e pudemos falar disso. Colocávamos as nossas culpas pra fora e tentávamos nos ater aos resultados. É óbvio que Ana sofreu muito com isso - nem é pra menos. Mas conseguimos falar tanto de sua responsabilidade nessa sedução quanto sobre a tomada de consciência que havia tido quando experimentou tal invasão.” (p. 72)

As atitudes de acolhimento, escuta, empatia, dentre outras fortaleceu o vínculo terapêutico de tal forma que Ana se engajou no processo de forma genuína, o que lhe possibilitou a tomada de consciência dos comportamentos que estava tendo na sua vida.

“A dolorosa e crítica descoberta de si foi dando lugar a uma compreensão cada vez mais expandida de sua pessoa. (...) Sua principal escolha era a da entrega. Ana cresceu muito com isso. Livre dos preconceitos impostos por uma sociedade, traçava agora seus reais limites.” (73)

Ao saber indagar, questionar e orientar, Ana foi se redescobrindo no processo terapêutico, de forma a assumir as consequências de suas escolhas e se tornar livre para ser quem ela de fato era (autenticidade).

4. Como se configuraram os limites da relação terapêutica com os dois profissionais que atenderam Ana? Quais as diferenças e consequências das duas experiências para Ana?

A terapeuta frisa que a questão ética era a mais importante para ela, enquanto que o terapeuta sexólogo Dr. B ultrapassou todos os limites da relação terapêutica.

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