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ATUAÇÃO POSSÍVEL DA PSICO-ONCOLOGIA NO ACOMPANHAMENTO DAS MULHERES MASTECTOMIZADAS

Por:   •  27/7/2015  •  Artigo  •  8.548 Palavras (35 Páginas)  •  403 Visualizações

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PSICO-ONCOLOGIA NO ACOMPANHAMENTO DAS MULHERES MASTECTOMIZADAS

Mulheres Mastectomizadas e a Psico-oncologia

Ana Paula Kobelnilki[1]

ATUAÇÃO POSSÍVEL DA PSICO-ONCOLOGIA NO ACOMPANHAMENTO DAS MULHERES MASTECTOMIZADAS

Resumo: O aumento dos casos de câncer de mama no Brasil tem se tornado um desafio para a saúde pública. Para a paciente, além do sofrimento físico que acomete um diagnóstico de câncer, inicia-se um longo e desgastante tratamento, que muitas vezes envolve a remoção cirúrgica total ou de parte da mama afetada pela doença, a Mastectomia. Este tratamento, considerado como uma mutilação, afeta a imagem corporal e como conseqüência causa intenso sofrimento psíquico, considerando-se que envolve um órgão com importantes representações e significados para a mulher. O câncer, o seu tratamento e sua recorrência afetam a sensação de bem-estar e provocam sentimentos como ansiedade, depressão, revolta, baixa autoestima, preconceito, percepção do corpo por si e pelos outros, dificuldades de relacionamentos interpessoais e sexuais, entre outros.  Este estudo bibliográfico se propõe a investigar as possibilidades de atuação da psico-oncologia diante de todo sofrimento emocional causado pelo câncer e seus tratamentos, no sentido de amenizar estes sentimentos e aumentar a qualidade de vida destas mulheres. Para tanto, foi considerada a necessidade de desvincular a proposta do modelo de atuação clínica, desenvolvido em consultórios e acessível a um público restrito para uma proposta de Prevenção e Promoção de Saúde, ou seja, inserida na equipe interdisciplinar, destacando seu caráter social, necessário ao atendimento das mulheres mastectomizadas dentro do contexto da instituição de saúde.

Palavras Chave: Atuação da Psico-oncologia, Mulheres mastectomizadas, implicações emocionais.

Abstract:

The increasing incidence of breast cancer in Brazil has become a challenge to public health. For the patient, beyond the physical suffering that affects a cancer diagnosis, begins a long and exhausting treatment, which often involves surgical removal of all or part of the breast affected by the disease. This treatment, regarded as a mutilation, affects body image and consequently causes severe psychological distress, considering that it involves an organ with important meanings and representations to woman. The cancer, its treatment and its recurrence, affect the sense of well-being and provoke feelings of anxiety, depression, anger, low self-esteem, prejudice, perception of body by herself and the others, difficulties in interpersonal relationships and sexual ones, among others. This review aims to investigate the performance possibilities of psycho-oncology before any emotional distress caused by cancer and its treatments, in order to alleviate these feelings and increase the quality of life of these women. To reach it, was considered the necessity of changing the proposed model of clinical performance, restricted to medical offices for a proposal of Prevention and Health Promotion, inserted into the interdisciplinary team, emphasizing its social character, needed to the care of mastectomy women in the context of the health institution.

Keywords: performance in psycho oncology, mastectomized women, emotional implications.

Introdução  

O câncer foi percebido ao longo da história como uma “sentença de morte”, associado à dor e sofrimento. As neoplasias malignas constituem-se na segunda causa de morte na população, representando quase 17% dos óbitos de causa conhecida (INCA, 2009). Em conseqüência destes dados, pode ser considerado um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil. É compreensível, portanto, que seja vivenciado pela paciente e sua família com muito sofrimento, angústia e ansiedade. Estas experiências acarretam perdas pessoais, sociais e incerteza em relação ao futuro. Em relação específica ao câncer de mama, as pacientes sofrem ainda com alterações em aspectos como a feminilidade, a maternidade e a sexualidade, considerando que o seio é um órgão repleto de simbolismos. Este fato se agrava com a necessidade de intervenção cirúrgica: a Mastectomia. Esta técnica é considerada um dos avanços da medicina e tem contribuído para o aumento de sobrevida das mulheres, porém ainda é considerada como uma mutilação. Desta forma, mesmo representando uma resposta ao problema biológico, é compreensível que a mastectomia instale problemas decorrentes de ordem psicológica. Guareschi e Cardoso (apud Cabeda e Neves, 2004) identificam o sofrimento causado pela mastectomia como um grande desgaste biopsicossocial decorrente dos efeitos colaterais do tratamento devido à difícil relação com a nova imagem do corpo[2].  

Este contexto torna a atuação do psicólogo fundamental no acompanhamento da paciente, visando seu bem-estar emocional e contribuindo para uma qualidade de vida satisfatória. Diante das dificuldades de detecção precoce, e do grande número de mastectomias realizadas, este trabalho se propõe a discutir as contribuições da Psico-oncologia, elencando algumas possibilidades deste profissional inserido numa equipe interdisciplinar, respeitando os fatores bio-psico-sociais e culturais destas mulheres, seus valores, suas crenças, suas características individuais, devendo oferecer informações a esta paciente e à sua família, capacitando-as ao enfrentamento da doença e do tratamento, além de auxiliá-las na reabilitação psicossocial e proporcionar espaço de escuta e acolhimento. Para tanto, o especialista em Psico-oncologia deve planejar as intervenções integradas ao tratamento convencional, mediar às relações entre a família, a paciente e a equipe profissional, auxiliar esta equipe a cuidar das pacientes e de si mesmas, reconhecendo suas limitações como seres-humanos.

Compreendendo que atitudes psicológicas influenciam no controle da doença e do tratamento, destaca-se a importância desta atuação e de suas múltiplas contribuições, promovendo benefícios à paciente, à família e ainda à instituição de saúde. Para alcançar seus objetivos este trabalho busca caracterizar o câncer e a mastectomia; apresentando relatos históricos sobre o câncer; demonstrando a incidência atual de casos de câncer no Brasil; relatando as implicações sociais, psicológicas, emocionais, de relacionamentos e a sexualidade da mulher mastectomizada.

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