Adquirirão da Língua de Sinais

É possível constatar os primeiros sinais ou palavras inicialmente através de balbucios com as mãos, seguidas por mensagens de sinais únicos e então, a combinação destes na formação de sentenças normalmente curtas e simplificadas. O início desse processo acontece, de forma generalizada, entre os 10 meses e o 1° ano de vida desses indivíduos.

Algumas investigações procuraram estabelecer generalizações na aquisição de línguas orais e línguas de sinais no desenvolvimento do vocabulário infantil. Ingram (1989) relata os resultados de Smith (1926) e Benedict (1979) em suas pesquisas envolvendo o vocabulário de crianças adquirindo o inglês e seu tamanho. De acordo com Ingram (1989), embora ambos relatem resultados similares nos primeiros meses de aquisição da língua, em Smith (1926), 19 palavras aos 1;3 meses e em Benedict (1979) 20 palavras no mesmo período, eles apresentam disparidade significante ao final de seis meses, tendo Smith (1926) constatado 118 palavras aos 1;9 e Benedict (1979) 50 na mesma faixa etária.  

Estudos semelhantes foram aplicados em uma criança surda, filha de pais surdos, por McIntire (1977). Ele registrou no início, na idade de 1;1 em torno de 85 sinais produzidos e, ao final da investigação, aos 1;9 mais de 200 sinais em seu vocabulário. Um estudo de caso, acompanhando uma menina ouvinte, filha de pais surdos, realizado por Marentette (1995, p. 75) apresentou a média de 11 sinais a idade de 1;3, 63 com 1;9 e 70 aos 2;1.

Certo paralelo pode ser percebido nas comparações supracitadas no desenvolvimento e número de itens lexicais (palavras e sinais) em línguas orais e línguas de sinais. Entretanto, é necessário levar em conta as disparidades causadas pelos diferentes objetivos e metodologias utilizadas em suas realizações.

Enunciados de dois sinais e estágios posteriores do desenvolvimento lingüístico

Enunciados de dois sinais, ou seja, o agrupamento de dois sinais ligados por uma relação semântica começam a aparecer após o período de finalização de enunciados de um sinal (por volta dos dois anos de idade, podendo variar. Estudos realizados por Bonvillian et al. (1983) sobre a média na idade do início da produção desses sinais (12 a 22 meses em línguas de sinais, e 18 e 21 meses  em línguas orais) sugere a esses autores que  tanto a fala quanto o sinal são restritos por fatores mais profundos e não relacionados á modalidade.

O início do estágio de dois sinais co-ocorre junto à produção desses enunciados pelo indivíduo. Uma pesquisa realizada por Hoffmeister (1978, apud Deuchar 1984) constatou o uso da ordem como estratégia atribuir função aos enunciados, seguindo a ordem canônica da linguagem adulta. Localizar, nomear, pedir, indicar posse, descrever eventos, entre outros, foram funções apresentadas e reconhecidas em enunciados elaborados por crianças de 2 e 5 anos  (Deuchar 1984). Aos poucos surgem mais enunciados com maior número de sinais que gradativamente se desenvolvem e aproximam da linguagem do adulto (Newport & Meier 1986).

A maior fase de desenvolvimento da língua dura aproximadamente até os cincos anos de idade, após esse período a capacidade lingüística da criança já se assemelha a de um adulto e as suas próximas aquisições estão relacionadas à complexidade específica da língua adquirida.

Conclusão

Por serem capazes de fornecer novas informações e concepções sobre o aprendizado, desenvolvimento, e formações determinantes na aquisição e formação da linguagem, as línguas de sinais passam a captar o interesse de estudiosos, uma vez que essas informações foram proporcionadas apenas por línguas orais por um longo período. Assim, a crescente onda de atenção sobre a língua de sinais passa a contribuir de forma significante para o descobrimento de novos significados para a linguagem humana.