Altas Habilidades e Super dotação
Por: Suze Moreira • 21/5/2018 • Trabalho acadêmico • 2.340 Palavras (10 Páginas) • 349 Visualizações
Introdução
Quando discutimos sobre altas habilidades, uma série de inferências vem em nossas cabeças do que seria essa face cheia de enigmas do ser humano, tais inferências muitas vezes refletem o estigma e as representações sociais que temos sobre o assunto sem que necessariamente haja um critério mais elaborado para nortear nossas discussões sobre o assunto.
Nesse sentido, o que de fato seriam as altas habilidades ou superdotação? Existem bastantes termos que podemos encontrar na literatura para pensarmos sobre o indivíduo que apresenta alguma habilidade, algum talento, alguma potencialidade destacada. Podemos citar, por exemplo: precoce, prodígio, gênio, superdotado, talentoso, bem dotado. Segundo Virgolim (2007), todas essas caracterizações são graduações de um mesmo conceito, sendo que os termos "pessoa com altas habilidades" e "superdotado" são mais adequados para denominar aquela criança ou adolescente que apresenta desempenho superior em alguma área do conhecimento comparado com a média. Guenther (2000, p.28) conceitua a pessoa com altas habilidades como aquele que tem "capacidade de desempenho em elevado grau de qualidade, não apenas como indivíduo, mas também em comparação com um grupo maior detentor de características semelhantes".
Segundo as diretrizes da Secretaria de Educação Especial, educandos com altas habilidades / superdotação são aqueles que têm "grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes" (BRASIL, 2001, Art. 5, III), podemos dizer então que os indivíduos superdotados são pessoas normais como as outras, mas, que tem suas diferenças devido aos fatores culturais aos quais cada um está submetido no meio em que convivem.
Características
Dentre as características dos indivíduos com altas habilidades podemos destacar algumas encontradas nas afirmações de Webb (1993 apud Alencar, 2001), e Pardo e Fernández (2002, apud Fleith, 2007, vol.1), a rapidez na aquisição e retenção de informações; Aprendizagem eficiente, boa memória e a capacidade de observação; Curiosidade e atitude questionadora; Avançadas estratégias de análise e resolução de problemas, como também, percepção de relações complexas entre ideias e fatos, além da originalidade e criatividade. Tais características apesar de representarem traços relevantes, muitas vezes despertam nos outros uma visão equivocada desses indivíduos, desencadeando um processo de discriminação e rejeição, afetando diretamente a vida dos indivíduos com altas habilidades.
Breve histórico
Em todos os períodos da história da humanidade, as representações, estigmas e formas de atuar em relação aos indivíduos com altas habilidades sofreram muitas modificações com o passar dos séculos. Aqui no brasil, o primeiro registro de atendimento a superdotados data de 1929, quando foi publicada a reforma do ensino primário, profissional e normal do estado do Rio de Janeiro. No mesmo ano, a psicóloga russa Helena Antipoff foi convidada para lecionar a cadeira de psicóloga experimental na Escola de aperfeiçoamento pedagógico em belo horizonte, com a publicação de uma série de estudos a respeito dos alunos com altas habilidades, Antipoff começa o seu trabalho pioneiro na área em 1945, no Instituto Pestalozzi do Brasil, situado no Rio de Janeiro, onde dirigia reuniões e realizava estudos com pequenos grupos de alunos identificados como superdotados.
Legislação
Lei nº 5692- 1971- 1º LDB
Art. 9º os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto á idade regular de matricula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelo competentes conselhos de educação.
Lei nº. 9394-1996
Do decreto à educação e do dever de educar
Art. 4º o dever do estado com educação escolar pública será efetiva durante a garantia de:
III – atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino;
Art. 58, entende-se por educação especial para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos com deficiência, transtorno, globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (redação dada pela lei nº 12796, de 2013).
Na constituição, a educação era definida como dever do Estado (Brasil, 1988, Art. 208) mediante a garantia de atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, apenas aos portadores de deficiência (Art. 208, III). Obs.: alterações ocorrem após a nova LDBEN.
Vygotsky (1996) afirmou “é uma comprovação empírica frequentemente verificada e indiscutível, que a aprendizagem deve ser coerente com o nível de desenvolvimento da criança.
Piaget(1996) reafirmou a formação do conhecimento ou a psicogénese na forma de estágio de sequencias do desenvolvimento cognitivo, a partir do nascimento e deu-lhes carácter universal.
Educação de superdotados
O governo federal vem fazendo grandes esforços no sentido de ampliar a capacitação dos professores no âmbito da educação especial inclusiva.
Em relação ao ensino superior, ficou definido que os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos, demostrando por meio de provas e outros instrumentos de avaliação especificas, aplicados por bancas examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino” (Brasil, 1996, Art., 47, parágrafo 2)
Crianças com altas habilidades que não recebem o suporte adequado da escola tendem a se tornar inquietas ou totalmente apáticas em relação à instituição, por isso, os profissionais envolvidos precisam conhecer formas de trabalhar com esses indivíduos. A escola pode, inclusive, permitir a aceleração de séries para essas crianças ou elaborar programas de mentor e aprendiz, por exemplo, no qual os alunos superdotados auxiliam os que tenham alguma dificuldade.
O fato do aluno ser indisciplinado porque a escolarização não apresenta desafios e ainda apresenta talentos, não será motivo para impedir que alunos sejam reconhecidos e atendidos de modo especializado na escala nas áreas em que apresentem altas habilidades/superdotação.
Erros práticos e metodológicos
Assim como ocorre com tudo que é considerado “diferente”, há uma tendência a um forte equívoco em relação às crianças e jovens com altas habilidades. Quando se fala em superdotado é muito comum as pessoas construírem a ideia de que a criança deverá postular uma nova teoria da Física, por exemplo. Isso reflete a falta de informação e conhecimento a respeito das características que foram mencionadas anteriormente, além de entendimento sobre como é que se deve lidar com as altas habilidades.
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