Analise Fenomenológica Admirável Gado Novo
Por: Virgínia Reis • 16/10/2016 • Resenha • 506 Palavras (3 Páginas) • 189 Visualizações
A música Admirável Gado Novo foi composta nos anos de ditadura militar, o qual a exposição de ideologias, opiniões, críticas eram amplamente descriminalizadas, julgadas e proibidas. As mensagens que eram expostas nas músicas eram mascaradas, entretanto elas conseguiam chegar aos ouvidos complacentes da causa e atingir várias pessoas.
É clara a relação que o autor faz da música com a maior parte da população. “A massa” que busca a todo momento novos horizontes, tentando construir um futuro em meio a muitas dificuldades, que doa mais do que recebe e não se cansa de ter esperança e buscar forças para continuar na luta pelos seus objetivos.
Nota-se que é colocado o gado como se fosse a população, um povo que “permite” ser dominado pelas cercas e pelo ferrete que os marca, resultado de um governo opressor e violento que os faz ficar trancafiados na ideologia que é imposta, excluindo a possibilidade de admirar o mundo que existe fora das cercas por causa da vigilância constante e censura a quaisquer manifestos de intolerância ao governo.
“O povo foge da ignorância, apesar de viver tão perto dela. ” O sistema monitora tudo e a todos, e busca sempre fazer com que a “massa” viva ás cegas e não se manifeste sobre os acontecimentos. O medo da opressão faz com que dois caminhos se abram: o caminho para aqueles que preferem viver suportando o que era imposto de forma agressiva e ás vezes até mesmo abusiva, esperando um milagre acontecer, como a Arca de Noé; e os que tentam de toda forma não se deixar levar por essa ignorância, o desprezar dos acontecimentos, e lutam para que haja uma mudança socialmente e politicamente. Esses últimos “sonham com melhores tempos idos, contemplam essa vida de uma cela. Esperam novas possibilidades de verem esse mundo se acabar. ” O mundo que desejam que acabe é este o qual a música toda está inserida, o mundo opressor que prefere atirar antes de ouvir a defesa, que impõe cercas ideológicas e marca a população que busca todos os dias acabar com a desigualdade social.
O autor mostra uma insatisfação com a população que se cala e deixa levar-se pelo regime que é imposto. É como se os sonhos não fossem demasiadamente importantes a ponto de fazer com que haja luta e força ao invés de conformismo e uma espera para um milagre. Entretanto, existe uma felicidade em simplesmente ser alguém, alguém que apesar das dificuldades ainda almeja dias melhores e ainda tem coragem para fazer isso acontecer. É uma dualidade de sentimentos sobre a massa, que apesar da triste realidade ainda tem algum resquício de esperança.
Continuamos nesse mundo capitalista e selvagem que tenta o tempo todo nos moldar de acordo com a sua necessidade. Uma parte da massa, ainda é gado marcado que vive em celas, mas grande parte já saiu por aí a fora, longe do curral que os cercava, passando longe da porteira que os prendia.
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