Analise do Filme Cisne Negro

UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA

Instituto de Ciências Humanas

Curso de Psicologia

AQUILA MOREIRA DOS SANTOS - D991HE5 GIULIA MENDONÇA GONÇALVES - N518154

JULIA TAKITA CAMILLO DE SOUZA -T0466B4

NATHALIA SANTOS GOMES - T016FI1

VÂNIA DA CONCEIÇÃO SILVA - F0877E7

DESDOBRAMENTO DA TEORIA PSICANALITICA

Filme: Cisne Negro

Campus Chácara Santo Antônio

São Paulo

2021

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO        .........................................................................        03

2- DESENVOLVIMENTO  ................................................................        04

3- CONCLUSÃO        ............................................................................        07

4- BIBLIOGRAFIA  ...........................................................................        09

1. – INTRODUÇÃO

Este trabalho, foi elaborado para a disciplina de Desdobramento da Teoria Psicanalítica, com o objetivo de analisar  cenas do filme “Cisne Negro”, que conta a história de Nina, que é uma jovem bailarina dedicada e exigente consigo mesma, Nina dança em uma escola de alto padrão, após anos de dedicação, recebe o papel de "rainha do lago", ou seja, protagonista de um espetáculo de ballet em uma versão do "Lago dos Cisnes".

Ela foi escolhida para ser a protagonista, como “rainha do lago”, onde ela tem o desafio de interpretar o Cisne Branco e o Cisne Negro. Por ser delicada, gentil e meiga todos acreditavam na sua capacidade para dançar o primeiro papel de Cisne Branco, porém duvidavam de sua atuação como Cisne Negro.

Com o tempo, ela começou a desenvolver alucinações desencadeadas pelo ambiente de constante pressão e no qual, vive e trabalha. A insegurança, o ciúme e o desejo de perfeição, a transformaram por completo.

Obcecada em chegar à perfeição, tendo como base a relação tóxica com sua mãe, com o trabalho e a constante pressão de ambos, mais a sua autocrítica, faz com que Nina entre em um universo de alucinações e paranóias, manifestando sintomas e comportamentos que dão indício de uma saúde mental bem debilitada, ego frágilizado e dentre outros, que acabam afetando-a profundamente e chegando ao extremo, causando ao final do espetáculo sua morte, ao som dos aplausos.

Após realizar a análise do filme, iremos interligar com as teorias de Melaine Klein, que foi uma grande psicanalista. Suas teorias vieram de trabalhos com crianças, possibilitando a investigação psicanalítica a partir dos primeiros meses de vida das crianças.

1. – DESENVOLVIMENTO

Ao observar bem os detalhes do filme é possível notar que há muitas cenas no escuro, lugares apertados, que ao associar com as relações que Nina tinha, simbolizam bem como ela se sentia sufocada a maioria do tempo. Como a obra se passa na perspectiva da protagonista, é preciso atenção e ter dedicação total às cenas, pois cada frame, cada corte, soma para que a interpretação seja mais rica; a bailarina sofre de delírios, ilusões fortes, mania de perseguição e vive desconfiada, não se sabe o que é real e o que é ilusão.

Apesar de ter uma técnica excelente, graças a dedicação e exigência consigo mesma, o papel de Cisne Negro e seu treinador, cobram da artista maior ousadia, confiança e prazer em dançar. Então, quando ela é colocada para assistir Lily (colega de trabalho e no momento concorrente disputando o mesmo papel do espetáculo) que dança com sensualidade, projetando assim um lado desconhecido de Nina. Nessa mesma parte do filme, conseguimos exemplificar, na teoria de Melaine Klein, o conceito de inveja, quando a amiga de Nina no caso Lily, hora era amiga e hora concorrente, e quando a Nina a vê tendo relações sexuais com o treinador, ela sente medo de perder o seu papel. O desejo de ser a bailarina principal, causou inveja e ciúmes, pois a rival teria a sensualidade e um olhar diferenciado do treinador, que a achava ideal para a apresentação do Cisne Negro, seguindo a teoria de Melanie, ela projetou na colega o desejo de ser como ela.

“⁠A inveja é um fator muito poderoso no solapamento das raízes dos sentimentos de amor e de gratidão, pois ela afeta a relação mais antiga de todas, a relação com a mãe.” (KLEIN, 1991). Acompanhando a busca pela ousadia, segurança e sexualidade que se mostra ser um desafio constante para Nina, pode-se testemunhar a personalidade comportada, submissa, recatada e insegura que está acostumada a demonstrar; sugerindo a relação com a criação e o relacionamento abusivo com a mãe.

Durante todo o filme é possível assistir a relação simbiótica entre mãe e filha (conexão mútua entre organismos que geram para ambos benefícios ou dependência) acaba se tornando uma experiência angustiante devido a ausência de limites que há entre elas, podendo causar reflexão e transferência para os espectadores supostamente compararem aos seus relacionamentos. Principalmente a dificuldade de Nina de dizer não para a mãe, e ter seus momentos de privacidade, como em banhos, a ausência de tranca no seu quarto, coibindo também o lado sexual dela.

Tenho expressado com freqüência minha concepção de que relações de objeto existem desde o início da vida, sendo o primeiro objeto o seio da mãe, o qual, para a criança, fica cindido em um seio bom (gratificador) e um seio mau (frustrador); essa cisão resulta numa separação entre o amor e o ódio. Sugeri ainda que a relação com o primeiro objeto implica sua introjeçao e projeção e, por isso, desde o início as relações de objeto são moldadas por uma interação entre introjeçao e projeção, e entre objetos e situações internas e externas. (KLEIN, 1991).

Além de tudo isso é possível realizar a suposta hipótese do que seria o Seio bom e o Seio mau para a bailarina, já que o objeto bom é a imagem materna que é passada no início do filme: atenciosa, que alimenta, que mantém e que cuida. Porém como já dito havia as exigências, invasões de espaço, valores, escolhas e ainda de forma agressiva, mascarada de amor que seria o objeto perseguidor.

Nota-se como Nina apesar de suas peculiaridades e possíveis diagnósticos de transtornos mentais, reflete muito o que diversos seres humanos sofrem atualmente com a busca pela perfeição, pela busca de um Eu ideal, busca pelo olhar dos queridos e de outros, busca pela aceitação e reconhecimento. Foi observado o filme de uma forma geral, onde foi possível ver, todo o tempo, que a personagem desejava ser perfeita, mas o que ela achava “ser perfeita” não era o suficiente, ela sempre fez os movimentos controlados, perfeitos tecnicamente falando, mas o diretor queria mais, queria que ela sentisse o papel inteiramente, e que demonstrasse uma sensualidade que ela não tinha. Ele fez com que ela se comparasse tanto com a sua rival que começou a ter alucinações. A cada treino, ela se soltava mais, mas foi somente na apresentação final que ela conseguiu alcançar a perfeição que todos queriam. Isso tudo porque, ela utilizou um mecanismo de defesa, que é a introjeção, ela se sentiu na pele de um cisne negro, literalmente, o que fez o espetáculo ser perfeito, mas que a levou a própria morte.