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Análise psicopatológica no filme “Cisne Negro”

Por:   •  15/1/2019  •  Resenha  •  1.423 Palavras (6 Páginas)  •  2.472 Visualizações

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FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS DOUTOR LEÃO SAMPAIO

LARISSA GOMES DE FREITAS

ESTUDO DE CASO

Análise psicopatológica no filme “Cisne Negro”

JUAZEIRO DO NORTE - CE

Dezembro/2013

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma analise psicopatológica das funções psíquicas da personagem central, no filme “Cisne Negro”. Para DALGALARRONDO (2008, apud CAMPBELL, 1986) a psicopatologia é “(...) o ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental – suas causas, as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação”.  

Partindo da ideia de que “é sempre a pessoa na sua totalidade que adoece” (DALGALARRONDO, 2008), torna-se de suma importância o estudo minucioso dessa complexa rede funcionamento, bem como sua conexão com os estudos de caso.

Desta forma, ao decorrer deste, listarei 10 (dez) funções psíquicas. Para cada função, seguirá a sua alteração, descrição e citação de cenas onde estas se destacam. O objetivo deste trabalho, portanto, é de compreendermos, de forma didática, o funcionamento das alterações psíquicas e sua relação com o sujeito adoecido.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

“Cisne Negro” é um drama norte-americano, de 2010, dirigido por Darren Aronofsky. O filme narra a história de uma bailarina chamada Nina, que apesar de beirar os 30 anos, estabelecia com a mãe Erica (uma ex-bailarina aposentada e frustrada) uma relação doentia de dependência e infantilização.

Com o surgimento de uma vaga, como bailarina principal, na apresentação de abertura da temporada, na companhia de que faz parte, sua vida se dirige ao propósito de conquistá-la. No entanto, a personagem almejada (em Lago dos Cisnes), não é perfeitamente representada por ela. Ao passo que possuía características singelas e virginais, perfeitas para a dramatização como “cisne branco”, Nina não conseguia representar o “cisne negro”. Apesar da técnica exata, lhe faltava ousadia e sensualidade.

Paralelamente, uma nova bailarina, chamada Lily, aparece chamando atenção do diretor Thomas Leroy, não por sua técnica, mas, por sua leveza e espontaneidade na dança. Nina começa, então, a se projetar em Lily, almejando a sua performance ousada.

No decorrer da trama, Nina trava uma luta entre sua personalidade manifesta e um lado sombrio. A película é marcada por aparecimento de muitas alucinações e ilusões, bem como o distanciamento de sua realidade. Como conseqüência de seus entraves e conflitos psíquicos Nina, fora de si, se mata em sua tão esperada apresentação.

3 AVALIAÇÃO PSICOPATOLÓGICA

  1. CONSCIÊNCIA

Quanto ao nível da consciência percebe-se, na personagem principal, alteração quantitativa, destacada na cena onde Nina abusa do uso de drogas lícitas e ilícitas. Durante a festa em que está, a personagem principal sofre com uma diminuição do grau de clareza do sensório, lentidão da sua compreensão e um quadro de confusão, denominado por DALGALARRONDO (2008, p. 95) como Onubilação.

Em relação ao campo da consciência, é possível notar um claro rebaixamento, de ordem qualitativa, nas cenas onde Nina em um minuto está bem e em outro se vê arranhada nas costas (sem a lembrança do momento em que se machucou). Estado este, denominado de “Estado Crepuscular”, que segundo DALGALARRONDO (2008, apud SIMS, 1995) se caracteriza por surgir e desaparecer de forma abrupta e durar de poucos minutos ou horas a algumas semanas.

  1. ATENÇÃO

A atenção da personagem também se encontra comprometida. Em termos quantitativos percebe-se a presença da Hipoprossexia, quando a mesma ignora os apelos (feitos por sua mãe Erica e seu diretor Thomas) para que coloque os ensaios um pouco de lado e descanse. A nível qualitativo, sua atenção está rígida, há rebaixamento da vigilância (hipovigilância) e aumento de tenacidade (hipertenacidade). Ou seja, sua atenção está tão fixa em desempenhar seu papel com perfeição que dirigi-la para qualquer outra coisa se torna quase impossível.

  1. ORIENTAÇÃO

No filme, a personagem vivencia uma alteração em sua orientação (possivelmente de ordem delirante) quando ao pensar ter matado sua colega Lily e escondido-a no banheiro, minutos depois não a encontra, nem compreende o que acontecera ali, apesar de ter convicção plena do ocorrido. Segundo DALGALARRONDO (2008):         “Nesses casos, é comum a chamada dupla orientação, na qual a orientação falsa, delirante, coexiste com a orientação correta” (p. 112).        

  1. VIVÊNCIAS DE TEMPO E ESPAÇO

Nina, vivencia um quadro de ilusão sobre a duração do tempo ao fazer uso de drogas, uma inibição da sensação de fluir do tempo (típica nos casos de esquizofrenia) ao ansiosamente ensaiar, perdendo a noção da duração do tempo e uma anormalidade da vivencia do espaço, denominada paranóide, a todo o momento. O seu espaço exterior é sempre visto como ameaçador e ela está sempre assustada.

  1. SENSOPERCEPÇÃO

Em termos quantitativos, identifica-se o aparecimento de analgesias, todas as vezes em que Nina coça suas costas até ferir, mas não sente a dor até se ver no espelho.

Em termos qualitativos, estão presentes as ilusões e as alucinações. A ilusões se manifestam através da percepção deformada dos seus próprios pés, por exemplo. E as alucinações são de ordem visual, exemplificada na visualização de um cisne negro assustador, e de ordem autoscópica, alteração está caracterizada da seguinte forma, por DALGALARRONDO (2008):

“Em geral é uma alucinação visual (que também pode apresentar componentes táteis e cenestésicos) na qual o indivíduo enxerga a si mesmo, vê o seu corpo, como se estivesse fora dele, contemplando-o.” (p. 129)

Esta última pode ser percebida nas cenas onde a personagem vê, fora do seu corpo, a sua própria imagem.

  1. MEMÓRIA

Foi observada na personagem, a presença de alteração qualitativa da memória (paramnésia), denominada Alucinação mnêmica. Em uma marcante cena, Nina acorda e lembra de ter se relacionado sexualmente com Lily na noite anterior, mas ao se encontrar com ela descobre que, de fato saíram juntas, mas em nenhum momento houve relacionamento sexual. Lily nem sequer a acompanhou ate sua casa.

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