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Análise Comparativa - IX Seminário de Saúde e Educação

Por:   •  13/2/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.649 Palavras (7 Páginas)  •  257 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

Psicologia Noturno

Psicologia e Saúde Pública

Profo Dr. Walter Melo Júnior

Yasmin Carli da Silva Batista

ANÁLISE COMPARATIVA

IX Seminário de Saúde e Educação

Minha Universidade e A Formação de Profissionais de Novo Tipo

São João Del Rei

2016

Análise Comparativa

Mesa 5 - Saúde Mental, Assistência Social e Avaliação

Mesa - Saúde Mental, Formação e Campo Social

Na última mesa apresentada no IX Seminário de Saúde e Educação os convidados vindos respectivamente de Barbacena e Belo Horizonte apresentaram dois temas de modo interligados e um mais independente. Talyta Resende de Oliveira, mestre em Psicologia pela UFSJ que trabalha há um ano em residências terapêuticas em Barbacena, Minas Gerais trouxe para o público um pouco de sua experiência e da experiência de dez anos de sua chefe com o tratamento em saúde mental de novo formato, baseado na lei nº 10.216 de 2001, hoje conhecida como Lei Paulo Delgado, histórias de pacientes que passaram anos no tratamento institucional e após a nova lei transitaram para o novo formato com sucesso, na cidade de Barbacena. Um tratamento que visa à integração do paciente a sociedade e não sua institucionalização.

Talyta através de diversas histórias demonstrou como esse novo formato de tratamento tem mudado a vida de diversos pacientes que no antigo modelo estariam fechados em instituições sem esperança de reconstruir suas vidas. Vivendo em casas terapêuticas e com a assistência do LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social) casos antes considerados sem saída hoje pouco a pouco vão sendo socializados. De simples casos aos mais complexos, nas residências todos recebem a oportunidade de se integrarem, com livre ir e vir, redução da medicação, que antes paralisava a vida do paciente graças à incidência alta de efeitos adversos, e tratamento inclusivo junto da comunidade e de outros órgãos administrativos como o CRAS, corpo de bombeiros e polícia civil visa em primeiro lugar o bem-estar social do indivíduo assim como sua reaproximação da família. Ela finaliza com exemplos de sucesso onde o residente retorna para o ambiente familiar, com função social e senso de identidade fortalecido, com certeza de sua capacidade de pertencimento que vai muito além de doente mental.

Ao lado de Talyta, também vinda de Barbacena, Minas Gerais, Cristiane Belo de Araújo, doutoranda em Psicologia pela PUC-Minas apresentou um pouco de sua pesquisa sobre as origens das mudanças efetuadas pela Lei Paulo Delgado, desde a criação do SUS, passando pela constituição de 88 e a implementação dos CRAS – Centro de Referência de Assistência Social – que visam à autonomia dos assistidos, o fortalecimento de seus vínculos sociais e em como a parceria com os CAPS tem sido de vital importância para oferecer maiores chances de sucesso para os pacientes, indo atrás de uma integração família-psicólogo-médico-paciente, levando ao CAPS informações vitais que auxiliam no tratamento, como o contexto cultural de onde o paciente advém demonstrando essa ligação CRAS-CAPS na teoria dos três “I’s” para o tratamento em saúde mental: Interdisciplinaridade – Intersetoralidade – Integralidade.

A ideia central da teoria é que a prática através dos três “I’s” se conquista mais do que isoladamente. Existe cada vez mais uma nova demanda por um tratamento que visa o diálogo em primeiro lugar para a reconstrução de laços familiares e compreensão de casa a caso. Esse “pensar em conjunto” tem funcionado como arma de tratamento muitas vezes mais eficaz do que qualquer remédio. Esse novo formato entende-se o sujeito como um caso singular, sem comparações e visões preestabelecidas, o paciente é um homem social, multifacetado, com história e origem. Pautado nos três “I’s” a equipe formada por múltiplos setores busca que o sujeito vá de encontro ao outro e não se isole em um mundo seu, inacessível e incompreendido como antigamente. O objetivo é chegar a transdisciplinariedade, a transetoralidade e a transintegralidade.

Fechando a mesa João Leite Ferreira Neto da PUC-Minas de Belo Horizonte, Minas Gerais trouxe um pouco de sua visão sobre como a avaliação no atendimento básico de saúde tem prestado um desfavor a população, não apenas no tratamento psicológico-psiquiátrico. Sua pesquisa ainda está no começo, mas ele apresentou perguntas que levantam o quanto reduzir a números e estatísticas pode ser perigoso e disfuncional. Com referências bibliográficas que vão de Foucault a Michael Power, ele critica esse foco no avaliar.

Avaliar para que? Para quem? Qual o benefício para o sujeito de tais avaliações? Onde está o retorno? Existe eficácia ou é apenas uma ilusão? Para ele a avaliação está alienando o profissional, perdendo a chance de se construir uma auto avaliação e levando a hegemonia do normativo ao invés do formativo. Muitas das avaliações não possuem indicadores claros, entende-se avaliar como medir, e isto é uma mudança de foco perigosa. Avaliar é diferente de medir e para se ter uma avaliação com utilidade para o social é preciso pensar além dos números, construir uma avaliação com os profissionais da área, no ambiente de experiência e não em salas fechadas.  Apenas assim a avaliação voltará a ter importância na atenção básica de saúde.

Na discussão dos temas acima ficou para quem estava assistindo a importância cada vez maior que os novos profissionais da área de saúde levem para a sociedade uma nova maneira de pensar, uma visão de tratamento unificada, com foco amplo no indivíduo, sem elitismo de profissão x ou y e principalmente onde o tratamento seja em busca da reinserção na família e no social. Durante não apenas a mesa 5, mas todo o seminário fica claro como o trabalho desse profissional de novo tipo têm sido vital para a construção de um novo paradigma em saúde mental, que foge dos estereótipos construídos ao longo do século XX, aproximando a sociedade do paciente, levando-os a compreender a doença mental de uma nova forma, sem preconceitos, sem o peso paralisante e incapacitante que ela antes carregava a imprimia sobre o doente.

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