Análise da Série Black Mirror ep. 2 Volto Já
Por: suyane.araujo • 10/5/2021 • Resenha • 1.456 Palavras (6 Páginas) • 444 Visualizações
Análise do Episódio Volto Já- Black Mirror T2: Ep. 1
O episódio Volto Já de Black Mirror começa com Ash dentro de um carro em meio a uma tempestade, totalmente fora do aqui e agora. Ele tem toda sua atenção no seu celular. E não percebe quando sua namorada Martha chega com duas bebidas quentes e está tomando chuva do lado de fora. Logo pode ser considerado uma metáfora de que: ele dentro de seu mundo não consegue perceber a tormenta que existe ao seu redor. Não tem a percepção do quanto seu distanciamento de sua namorada traz um clima péssimo para seu relacionamento (como a tempestade que cai sobre o carro). Ela, que tem a consciência de que no relacionamento não existe mais conexão e quem está sentindo a chuva, ela que está do lado de fora do mundo dele. Ele vive em outra realidade, não está presente no aqui e agora, fugindo do mundo real e gastando seu tempo em um ambiente virtual. Demonstrando imaturidade e insegurança emocional, sendo apresentado esse traço de personalidade em suas brincadeiras e formas de se expressar. No caminho de volta para casa, no escuro e chovendo, é Martha quem dirige o carro. Aqui temos uma representação de como é conduzido o relacionamento deles nesse momento. Ela é quem tem a lucidez para conduzir a relação uma vez que ele, fora do mundo exterior, abre mão das tomadas de decisão na vida real. Apesar de Ash estar grande parte do tempo no mundo virtual, ele sente falta da companhia de Martha. Quando tem seus momentos de sobriedade, percebe que existe um espaço em sua vida que não está preenchido com uma relação sólida. Assim, pessoas que estão imersas em vícios como eletrônicos, jogos ou bebidas, por exemplo, quando estão em seus momentos de lucidez, se dão conta do quanto seus relacionamentos se deterioraram enquanto estavam em seus mundos particulares. Quando Ash vai levar a van sozinho, sofre um acidente e morre, a partir de então, Martha terá que lidar com a perda e a mudança que isso trará para sua vida. Logo, ela descobre que está grávida e a notícia de sua gravidez é um ponto de ruptura emocional para Martha. A partir de então ela começa a se aventurar na tentativa de contato com Ash. Frankl (1989) comprovou que o ser humano anseia por um sentido de vida, que a sua principal força motivadora é a busca deste sentido. Podem decorrer disso, como efeitos colaterais, a felicidade, o prazer, entre outros, muitas vezes quando a pessoa está abalada por algum evento com forte carga emocional, ela não tem estrutura para lidar com outras fontes de pressão. Assim, acabam cedendo a soluções que parecem fáceis e que tem efeito rápido para ter o sentido de vida. Ao estar aficionada com a tentativa de recriar o vínculo que tinha com Ash, Martha se desconecta do mundo real. Dessa maneira, ela não vê mais relevância nas relações com as pessoas próximas a ela. Sua amiga indica uma Inteligência Artificial de um robô que substitui a pessoa que você perdeu. Para que a Inteligência Artificial oferecesse mais recursos e customizações, Martha tinha que oferecer mais acessos a informações restritas dela e de Ash. Essa é a troca que fazemos diariamente em sites e aplicativos, por exemplo. Se quisermos que eles ofereçam produtos e serviços customizados, oferecemos em troca nossas informações pessoais. Assim, entregamos informações como nossas preferências, locais de visitação, interesses, comentários, curtidas, transações financeiras, orientações políticas, entre outras. Isso em troca das facilidades e serviços tidos como gratuitos por sistemas utilizados. Porém, só trazemos coisas positivas para os sites e aplicativos, não repassamos nossas angústias, dias ruins e toda a nossa realidade em um todo, antes do surgimento da simulação física de Ash, Martha recebe a orientação de não acender a luz do banheiro onde estava ocorrendo o processo de ativação. Além disso, ela tinha que deixar fermentar. Isso é uma representação de que no processo de tentativa de substituição de uma pessoa, emprego ou situação de vida por outra, muitas vezes não existe a consciência de que isso está acontecendo. Dessa maneira, não acender a luz representa não ter a visão do processo que está acontecendo. Para romper com essa lógica é preciso que se tenha clareza do que está acontecendo. Deve-se fazer justamente o contrário: jogar luz nos acontecimentos. Assim, cria-se uma oportunidade de reflexão verdadeira sobre eles e seus impactos. Após um início de desconfiança e receio, o toque físico foi modificando o comportamento de Martha. Depois dela sentir a pele do novo Ash, ela passa a se sentir mais próxima emocionalmente dele. Assim, quando suas mãos são tocadas, ela sente uma profunda conexão com ele e passa a se deixar envolver naquela relação. Martha tem contato com a interação com a Inteligência Artificial. Especialmente porque esse programa simulava as respostas de Ash. O que no começo era visto com desconfiança, pouco a pouco foi aumentando o seu vínculo e dependência emocional. Como resultado, ela foi aprofundando sua dependência. Isso durou até o momento em que percebeu que não era exatamente o Ash. Ela percebeu que o que supriu por algum tempo sua carência, passou a mostrar ainda mais a falta que ele fazia. Mesmo com emoções que parecem incríveis do início (como as experiências sexuais dela com
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