Análise do Caso clínico Frazie Archer
Por: Elinar Farias • 16/9/2020 • Resenha • 1.148 Palavras (5 Páginas) • 480 Visualizações
CASO CLÍNICO FRAZIE ARCHER
O paciente em questão é Frazie Archer, um homem de 34 anos que após um amigo ter lhe comentado que ele era um borderline, quis saber mais sobre seu conflito de personalidade, por isso entrou em contato com um programa de pesquisa sobre transtornos do humor e da personalidade (BARNHILL, 2015).
No decorrer do processo diagnóstico o paciente sempre expressava sintomas de perseguição, no qual estava sendo enganado ou que conspiravam contra ele. Desconfiava principalmente de pessoas em posição de liderança, como psicólogos, com a prerrogativa de que os psicólogos por estudarem a mente humana possuem conhecimento para manipular as pessoas (BARNHILL, 2015).
O senhor Archer acreditava que ao contrário das outras pessoas ele conseguia identificar manipulação e fraude. Sua desconfiança refletia em seu mau humor e instabilidade emocional. Além disso, suas relações sociais eram sempre superficiais, pois acreditava que seus amigos e amantes o traiam, por isso era bastante solitário (BARNHILL, 2015).
No trabalho, sua dificuldade era em delegar tarefas, além de ser exageradamente detalhista. Em seu histórico profissional a queixa dos empregadores era que o senhor Archer era muito sistemático com regras, listas e pequenos detalhes. Ao longo dos anos possuiu vários empregos, porém, relatou que pediu demissão e foi demitido na mesma proporção. Em sua defesa alegou que ao contrário dos outros ele prezava a qualidade acima da produtividade (BARNHILL, 2015).
Em entrevista o paciente negou o uso de qualquer tipo de substância, trauma, problemas atuais ou passados, traumatismo cerebral ou perda de consciência. Negou também história de diagnóstico ou tratamento de saúde mental, no entanto admitiu que poderia ter um diagnóstico de saúde mental que ainda não havia sido diagnosticado. Durante o exame de estado mental o senhor Archer não apresentou transtorno de percepção, traços suicidas ou homicidas (BARNHILL, 2015).
Uma situação que chama atenção foi quando o senhor Archer ficou irritado e agressivo com a equipe de pesquisa ao saber que não receberia uma cópia dos
questionários preenchidos ou das ferramentas diagnósticas, que o retorno sobre o resultado se daria apenas de forma verbal (BARNHILL, 2015).
Seu comportamento de extrema desconfiança e suspeita indicam que ele possui transtorno de personalidade paranoide (TPP). O TPP segundo o DSM-5 (2014, p. 645) é “um padrão de desconfiança e de suspeita tamanhas que as motivações dos outros são interpretadas como malévolas.”
O transtorno de personalidade paranoide possui os seguintes critérios de diagnóstico: um padrão de desconfiança e suspeita invasiva em relação aos outros, o indivíduo acometido por esse transtorno acredita que todas as pessoas a sua volta se aproximam de si com intenções negativas, desconfiam dos seus amigos, familiares e seus companheiros (DSM-5, 2014).
Consideram que toda informação que partilha com as pessoas pode ser utilizada contra si mesmo, por esse motivo o indivíduo não responde a perguntas pessoais. São muito rancorosos, sentem-se sempre atacados pelos outros e acabam atacando-os (DSM-5, 2014).
Nos seus relacionamentos são extremamente ciumentos, têm certeza de que seu parceiro (a) os trai. São altamente controladores, normalmente tentam ter o controle total dos seus parceiros (as) para deste modo, evitar que este o engane (DSM-5, 2014).
Do mesmo modo, são hipervigilantes em relação a possíveis ameaças, não conseguem ouvir críticas, apesar de criticar os outros, são pessoas de difícil convivência, se acham autossuficientes, por esse motivo são incapazes de trabalhar em conjunto e podem culpar os outros por suas dificuldades. Acham que as pessoas são más, acabam sempre se envolvendo em disputas, e têm sempre uma imagem negativa dos outros (DSM-5, 2014).
Além disso, o comportamento perfeccionista, controlador e inflexível do senhor Archer no trabalho aponta traços de personalidade indicativos de obsessão. O que sugere que além de transtorno de personalidade paranoide (TPP) o senhor Archer também apresente transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva (TPOC).
De acordo com o DSM-5 (2014, p. 678), o transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva é descrito como “um padrão difuso de preocupação com
ordem, perfeccionismo e controle mental e interpessoal a custa de flexibilidade, abertura e eficiência”.
Indivíduos com esse transtorno mantêm atenção exagerada às regras, pequenos detalhes, procedimentos, listas e cronogramas, verificando várias vezes possíveis erros. A busca por perfeccionismo interfere na finalização das atividades quando seus padrões próprios e extremamente rígidos não são alcançados, ocasionando atrasos ou não conclusão da entrega das atividades (DSM-5, 2014).
Tais indivíduos são demasiadamente dedicados ao trabalho e a produtividade colocando acima das atividades de lazer e amizade, essa dedicação excessiva ao trabalho não é explicada por necessidade financeira (DSM-5, 2014).
Além do mais, são inflexíveis ao delegar tarefas ou trabalhar em equipe, contanto que as pessoas se submetam a sua forma rígida de fazer as coisas. Dessa forma, as relações sociais e afetivas de indivíduos com esse transtorno é sempre controladora ou artificial (DSM-5, 2014).
O TPOC ocasiona muitos prejuízos e sofrimento na vida social e profissional do indivíduo, pois a pessoa acometida passa a maior parte de seu tempo em busca de perfeição, deixando de lado suas atividades normais ou prazos (DSM-5, 2014).
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