Análise do Filme : Um Golpe do Destino
Por: 952012 • 8/11/2021 • Resenha • 673 Palavras (3 Páginas) • 130 Visualizações
Universidade Unigranrio
Análise sobre o filme: “Um golpe do destino”
No filme podemos nos deparar com várias cenas que corroboram para a lógica da escolha. Em um ambiente generalista que não leva em consideração o que o paciente sente e quem o paciente é, dando a impressão de que todas as pessoas que necessitam de cuidado são apenas mais um número, sem nome, sem identidade.
Uma cena em especial nos chamou a atenção, o médico (Jack), que realizou diversas cirurgias tendo a sua prática embasada na lógica da escolha, acabou por passar pelo mesmo processo quando descobre que tem um tumor na garganta.
Jack é internado para realizar alguns exames de cunho oncológico, no entanto, ele é levado para fazer um procedimento que era de outro paciente que estava no mesmo quarto que Jack. Ele tenta argumentar com os enfermeiros sobre o exame, mas não leva em consideração o que ele tem a dizer. A médica responsável pelo seu tratamento, Drª. Abbott chega ao quarto para falar com Jack e pede desculpas pelo exame trocado, mas não há um momento em que questiona em como ele se sente ou investiga o que pode ter levado ao erro. Logo em seguida já fala que o tumor na garganta é maligno e dá duas opções: Tirar o tumor, mas tem risco de perder as cordas vocais ou fazer radioterapia, pois tem bons resultados.
Segundo Mol (2006), a lógica da escolha é norteada por uma ideia falsa de cuidado, que se tornou orgânica, a qual leva a própria responsabilidade de o paciente ser o único responsável. O paciente se torna responsável por não levar o tratamento até o fim, ou não tomar os remédios propostos pelo tratamento, por não se sentir seguro, por exemplo.
Já a cena que escolhemos para explicitar a lógica do cuidado, é a cena em que o médico Jack, após se submeter a uma cirurgia oncológica ,utiliza sua experiência como paciente para modificar sua conduta profissional com relação a escuta, atenção e empatia no atendimento aos seus pacientes, o que Mol (2006), nomeia como a lógica do cuidado.
O médico e também professor submete seus alunos residentes a uma situação tal qual a seguinte: os residentes ainda no hospital após um atraso de 1h de Jack, decidem ir embora, em seguida ele chega e pede desculpas pelo atraso, logo solicita que os residentes vistam os aventais, diz a eles que apesar dos nomes das possíveis doenças de seus pacientes, havia chegado a hora de aprender algo mais simples sobre os mesmos. O médico fala que os pacientes têm nome, sentem-se assustados, constrangidos, vulneráveis e doentes, e que querem curar-se, por isso põe suas vidas nas mãos deles. E reforça dizendo... “podia lhes explicar isso até cansar, mas não significaria nada, como nunca significou para mim”. Logo afirma que nas 72h horas seguintes cada um residente será alocado para uma doença, os mesmos vão ter que dormir em camas de hospital, comer a mesma comida disponibilizada para os pacientes, realizar os exames necessários solicitados pelo médico, e que a partir daquele momento não são médicos e sim pacientes.
Para Mol (2006), a lógica do cuidado se refere ao bom atendimento que envolve acolhimento. Deixar que o outro fale é uma prática de cuidado. Quanto mais atento o profissional da saúde estiver em relação a escuta do paciente, melhor a qualidade de recuperação do sujeito ou estabilização dos sintomas. O “objeto” de trabalho deixa de ser a doença e passa a ser o humano portador da doença. Enquanto profissionais da saúde, é ampliando a perspectiva do cuidado, que nos tornamos sensíveis à dor do outro, para que assim possa ser realizado um trabalho cada vez mais humanizado, essa é a proposta da lógica do cuidado observada na cena do filme.
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