Apresentação Sobre Depressão do Ponto de Vista Bioenergético

Depressão

A depressão se caracteriza pela perda da vontade de viver e de realizar. Ocorre uma postura passiva onde o indivíduo é mais propenso a acreditar e ruminar situações negativas. Frases como: “Isso não vai dar certo”, “Eu não consigo”, “Eu não tenho conserto”, “Eu não tenho valor”... são bastante comuns. Isso porque a pessoa depressiva enxerga suas opções a partir de crenças negativas profundamente instaladas. Quando alguém tenta contestar essas crenças ela traduz a partrir de uma ótica pessimista do quanto não é compreendida. “Ninguém conhece verdadeiramente sua dor”.

Do ponto de vista corporal estamos falando de um organismo sem vitalidade. Cujo fluxo energético está prejudicado. A respiração é curta. É provável que haja mudanças na massa muscular e gordura, pois o apetite e o sono sofrem alterações.  Os ombros podem se fechar, assumindo uma postura de comprimir o peito diminuindo o fluxo respiratório. Há ainda tensões internas viscerais como acontece com o diafragma, músculo que auxilia no processo respiratório.

A depressão é diferente da tristeza porque, embora seja bastante comum na vida dos indivíduos, não é um estado natural dos seres humanos.  A tristeza, assim como a raiva, o medo, a alegria e outros sentimentos, compõem o conceito do que é ser humano. O “saúdável” seria deixar-se transitar de um estado a outro respondendo às situações da vida. Já a depressão é uma fixação. Mentalmente a pessoa está fixada em ruminações negativas e corporalmente ela está fechada e tensa. Em um nível mais profundo podemos dizer que ela está controlando o acesso ou se desconectando dos sentimentos por meio de dispositivos que ela aprendeu muito cedo na vida.

Proponho que lembre-se de uma situação desconfortável ou injusta que você viveu e que o fez sentir muita raiva ou medo. Repasse alguns detalhes para se conectar ainda mais com a lembrança.

Agora observe sua postura corporal? É provável que sua respiração esteja curta ou que tenha parado de respirar. Seu maxilar e olhos devem estar tensos e talvez os ombros estejam elevados.

Sugiro que deixe-se relaxar, soltando o maxilar, ombros, barriga, olhos...Observe a respiração sem controla-la. Em seguida, traga à mente essa mesma situação e sinta a diferença. É possível sentir onde esse sentimento te afeta fisicamente? Qual percepção ou sensação você teve?

Aprendemos a evitar sensações ainda nos anos da infância quando não temos outra opção. Um exemplo é quando uma mãe ou um pai não podem lidar com a raiva de seu filho (muito menos sua própria) e passa uma mensagem inconsciente ou consciente de que isso é “feio” ou “errado”. O filho, com o tempo, percebe que precisará disfarçar e se adaptar ao meio, deixando de se expressar. Ele compreendeu que para ser amado deve abrir mão de seus sentidos.

Entenda que para uma criança, ser amado significa mais chance de receber contato, e ser atendido em suas necessidades de sobrevivência. Então, se adaptar será uma questão de vida ou morte.

Porém, não é possível simplesmente deixar de sentir. Pode-se evitar uma descarga emocional por um tempo ou condicionar-se e canalizar essa expressão para comportamentos compulsivos. Em casos graves como traumas em fases primitivas da vida ocorre o que chamamos de despersonalização: a pessoa se fecha dentro de sua cabeça e rompe a relação entre pensamento e sentimento. Tudo isso pode culminar em um quadro depressivo.

Se eu perguntar qual sentimento está no cerne do desenvolvimento da depressão é muito provável que você responda que é a tristeza. Ela é bastante visível sim, mas não podemos esquecer que em nossa cultura há expressões mais permitidas que outras e isso leva a uma confusão na identificação dos sentimentos. Nas pessoas depressivas essa confusão se deve à desconexão com sua agressividade, que está intimamente ligada ao sentimento de raiva.