As Funções sociais da escola

Funções sociais da escola

A educação como investimento que relaciona o nível educacional e o crescimento econômico de uma sociedade, é uma das funções sociais presentes durante o filme. O resultado final que é esperado tanto pela escola pública, quanto pela escola particular, é a inserção de seus alunos no mercado de trabalho. A diferença entre elas, no entanto, é que enquanto os alunos da escola particular têm um ensino de ótimo qualidade e se tornarão mão de obra qualificada, os alunos das escolas públicas serão a mão de obra barata, pois não tem acesso a uma boa educação.

Além disso, pode ser observado também a função reprodutivista que reproduz a ideologias de classes e de suas divisões sociais, por meio de um sistema de ensino dualista com uma escola para os mais ricos e outra para a classe popular.

É notável durante todo o filme como as desigualdades são reafirmadas através dessa função, pois, enquanto os alunos das escolas particulares têm aula com os melhores professores e uma boa estrutura, os alunos das escolas públicas se deparam com a falta de professores e aulas sem maiores aprofundamentos, além de péssimas condições estruturais. É possível ver, ainda, a exclusão intra-escolar que ocorre quando há promoção daqueles que se mostram mais aptos. Este aspecto se mostrou recorrente na escolar particular, pois, enquanto uma das meninas mais estudiosas era disputada por as melhores escolas, aqueles que não conseguiam ter um bom desempenho desesperavam-se e acreditavam ser os culpados por todas as suas dificuldades.

Segundo a função crítica, ou transformadora, o interior da escola, devido à grande pluralidade ideológica, é um ambiente propício para a luta contra-ideologia que contrapõe-se as relações injustas de dominação. Em uma das cidades mais pobres do Brasil, mesmo em uma escola com estrutura extremamente precária, haviam alunos com pensamento crítico que, apesar das circunstâncias não estimularem seus estudos, eles lutavam contra isso, pois acreditavam que a educação os trariam um futuro melhor.

Histórico do PEE

Durante a década de 60, a educação estava buscando causas biológicas para o não-aprendizado da criança, tendo como foco aqueles que não aprendiam adequadamente o conteúdo, e após o documentário se torna notável que muitas escolas ainda possuem essa visão para com os alunos, muitas vezes ignorando aquelas crianças e jovens com pouca visibilidade na sala, que s mantém quietos. Na atualidade, também temos alguns vestígios da década de 70, onde muitas pessoas ainda possuem um pensamento de meritocracia, em que atribui à criança pobre a razão pelo não-aprendizado, ignorando diversos fatores que foram observados no documentário como a violência, a privação cultural, a escassez de recursos básicos e muitas vezes a ausência de familiares que o incentivem aos estudos.

A psicologia educacional surgiu como uma área da psicologia que visa estudar e pesquisar os processos de ensino-aprendizagem, esta era também uma nova ciência que ajudaria a contribuir com professores, educadores e com a própria escola. Desde então surgiram termos como "fracasso escolar" que trouxe a concepção de trazer como problemática, o aluno individualmente e foi nesse contexto que o Psicólogo foi inserido, para agir junto à pedagogia nesses casos. Por isso, a psicologia escolar estava associada e marcada por uma compreensão de avaliação e também, muitas vezes, por encaminhamentos clínicos. A mudança veio gradativamente e a partir da década de 80, reflexões em relação às práticas dos psicólogos começaram a existir, desde então foram inseridos nos estudos as questões de determinismos sociais e relações familiares.

Abordagens Educacionais

Em geral, as escolas apresentadas no documentário têm como a abordagem educacional a abordagem tradicional. Caracterizada pela centralização no professor, que deve garantir a disciplina, ensinando, corrigindo, expondo os conteúdos até a memorização. Ao observar as escolas expostas no documentário, percebe-se através dos relatos dos alunos o quanto a nota, e os resultados são mais valorizados do que o conhecimento propriamente dito, valorização essa dada pelos próprios e também pelo corpo docente.

Em determinados momentos, aparecem os professores criticando os alunos por causa da falta de interesse na aprendizagem e em outros, mostra os alunos criticando a falta de estímulo e de paciência dos professores. Na escola Santa Cruz, em São Paulo, é apresentado o caso de uma aluna que por falta de nota, precisou passar por provas de recuperação, as quais ela cumpriu com excelência, após um período de estudo e o auxílio de professor particular. O que evidencia a maior preocupação com as notas e com o resultado do que com o processo de aprendizagem característica da abordagem educacional tradicional.

Possíveis Intervenções do Psicólogo nas escolas:

• Melhorar o desempenho escolar, a motivação e o engajamento de alunos;

• Realizar avaliações psicológicas e acadêmicas;

• Monitorar o progresso dos alunos;

• Diminuir os encaminhamentos inadequados para a educação especial;

• Avaliar as necessidades emocionais e comportamentais de estudantes;

• Promover a resolução de problemas e conflitos;

• Orientação profissional: direcionar o desenvolvimento do aluno de recursos psicológicos importantes tanto para a escolha do percurso profissional a ser seguido quanto para a inserção no mundo do trabalho;

• Ajustar as salas de aula e rotinas para melhorar o engajamento dos alunos e a aprendizagem;

• Complementar na elaboração e coordenação de projetos específicos (em relação, por exemplo, à violência, ao uso de drogas, à gravidez precoce, ao preconceito, entre outros);

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