As Teorias de ação terapêutica

 Resenha do capítulo 9: “Teorias da ação terapêutica”

          O capítulo traz a forma em que se é conduzida uma psicoterapia com orientação analítica, como se atua sobre o paciente, e alguns dos mecanismo que são utilizados. E sendo de orientação psicanalítica sua ação origina-se dos mecanismos de ação da psicanálise.

Segundo Freud, o objetivo inicial da psicanálise era entender um pouco sobre a natureza das doenças nervosas, pois a medicina não sabia o que o fazer com esses tipos de patologias. E então a partir do hipnotismo percebe-se mudanças somáticas por influências mentais, abrindo espaço para um novo campo de experimentações. Através da hipnose era possível acessar memórias de grande afeto e então assim o sintoma vinha a desaparecer, porém depois de um tempo percebeu-se que quando o tratamento cessava o sintoma retornava, ocasionando o abandono do método. Mas era necessário encontrar outra forma de acessar essas memórias, então surgiu nesse momento a associação livre. Freud percebeu que o discurso do paciente não seguia uma sequência causal, que havia material do inconsciente durante o discurso  e que através da interpretação poderia ser reconstruído, então assim a hipnose foi substituída pela associação livre e a interpretação.

Este trabalho trouxe o conhecimento de que havia uma resistência  inconsciente do paciente , chegando a teoria de repressão, que dá ênfase no trabalho de superação dessa resistência. Para Freud não se pode prever quais serão os resultados que terá um analista, ele só colocaria este processo em andamento, e então seguiria seu rumo, e através da transferência que se intermedia a doença da vida real, tornando  acessível a intervenção.

 Ferenzi (1909), traz a importancia da experiencia afetiva, atraves da transferencia, para que seja possível novas configurações intrapsíquicas. Melanie Klein, agiria no balanço das  pulsões de vida e de morte. Coloca o trabalho psicanalítico como um auxílio para o paciente passar de uma posição a outra, enfatiza no processo de integração do ego. O instrumento é interpretação das fantasias inconscientes percebidos pela transferência. Nesses casos é importante o paciente perceber que o analista aceite os sentimentos que o mesmo considera agressivos , fazendo com que  perca seu caráter onipotente.

Para Bion, as experiências emocionais são a base para que se possa pensar. Então o trabalho psicanalítico não seria apenas para trazer as repressões, mas também modificar as emoções em elementos pensáveis. Bion traz importantes requisitos de estado mental do analista para o processo: sem memória e sem desejo, e com capacidade negativa. Muda-se a ênfase da psicanálise, a partir deste ponto o analista nomeia as experiências trazidas durante a sessão, expandindo a capacidade do paciente de pensar sobre suas emoções. A análise seria um processo afetivo-cognitivo e deve-se ver cada elemento estudado nos mecanismo de ação da psicanálise como um degrau para o próximo passo, sem descartar o anterior.

A diferença entre psicoterapia e análise, é que em uma psicoterapia há um foco central e na análise não existe um comprometimento com algum aspecto em particular da vida do paciente. Existindo diferentes níveis de comunicação paciente-terapeuta, que não se restringem somente a linguagem, há alguns participantes que utilizam de elementos não verbais, sua comunicação com o terapeuta vai muito além do que é falado. Outro aspecto trazido pelo capítulo é o setting, que é principalmente determinado pela atitude do psicoterapeuta, destacando a neutralidade e uma postura receptiva, reflexiva e não-crítica, através dessas características o continente se torna capaz de conter as angústias dos pacientes e a primeira ação vem do terapeuta, propondo uma aproximação reflexiva, procurando sentido no que o paciente está sentindo.