As Técnicas Psicoterápicas Da Psicanálise Aplicadas No Estudo Do Caso De Frâulein Elisabeth Von R.
Por: mccarn • 22/9/2023 • Trabalho acadêmico • 2.528 Palavras (11 Páginas) • 84 Visualizações
AS TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS DA PSICNÁLISE APLICADAS NO ESTUDO DO CASO DE FRÂULEIN ELISABETH VON R.
No ano de 1892 um médico amigo de Freud solicita que ele examine uma paciente dele. Informa inicialmente que a paciente possivelmente sofre de histeria embora não tenha vestígio desses sinais e desse tipo de neurose. Afirma que nos últimos anos ela tinha enfrentado infortúnios e pouca felicidade.
Atendendo aos apelos do amigo médico realizou as entrevistas preliminares. Mas, o fato é que, Elizabeth na primeira sessão não ajudou muito na compreensão do caso. Freud enfatiza que sentiu muita dificuldade de acessar a paciente nas entrevistas preliminares, pois sendo aparentemente muito inteligente e mentalmente normal demonstrou ser forte em suportar seus males, e mesmo com todos os problemas apresentados ela vivenciava um ar alegre.
Apresentava movimentos corporais sem nenhum tipo de problema. A única queixa que Elizabeth apresentava era que ela sentia grande dor ao andar e se cansava rapidamente tanto ao andar como também ao ficar de pé, por conta disso sentia necessidade de descansar para diminuir as dores, mas não as eliminava por completo. Ela não sabia definir a dor e só sentia uma fadiga dolorosa. Uma dor que começava na coxa direita e se estendia pela perna incomodando a pele e os músculos. Inicialmente, o provável é que ela tinha um problema na lombar que irradiava para o nervo ciático. Difícil para Freud chegar a um diagnóstico.
Por se tratar de uma paciente muito inteligente que aparentemente por várias vezes a percebeu calma, as dores pareciam ser provocadas por alguma situação específica e para Elizabeth descrevê-las parecia muito difícil detectar e explicar essas dores. Nos relatos das dores Elizabeth demonstrava uma luta para encontrar o melhor meio de expressão, o olhar dela fica apreensivo e ela começava a ter emoções aflitantes. No geral, ela não conseguia encontrar palavras para expressar o que ela estava sentindo, onde começava e como terminava essa dor.
Esses sintomas viraram a ser uma coisa exaustiva para ela tentar explicar. No geral o que Freud percebia é que ela não dava tanta importância aos seus sintomas, pois a sua atenção não era voltada para isso, como ele diz parecia um fenômeno acessório, no qual os pensamentos e sentimentos dela poderiam estar vinculados a essas dores.
O TRATAMENTO INICIAL
O tratamento inicial recomendado por Freud foi o tratamento por meio de correntes elétricas de alta tensão. O procedimento demonstrou que quanto mais intenso era o choque, mas ela gostava do procedimento, porque parecia que quanto mais o choque fosse intenso estava levando as dores para o segundo plano. Freud demorou a perceber que a conexão das dores da paciente estava relacionada com os conjuntos de experiências do seu contexto atual ou de suas experiências ligadas ao passado. Freud não se utilizou imediatamente do tratamento catártico e da fala, pois lembra que o tratamento só se faz quando o paciente não tem consciência do que realmente está acontecendo com ele. No caso de Elizabeth ela estava consciente da sua doença guardando tudo conscientemente como um grande segredo e não um corpo estranho.
Começou a fazer pesquisas analisando se ela tinha algum grau de histeria e foi cuidadosamente anotando todos os pontos que achava interessante e principalmente os pensamentos que permaneciam obscuros ou algo que ela falava. Mais percebia que ela não falava por completo, ou seja, que estava faltando algo. Tentou penetrar nas camadas profundas da sua mente se utilizando da hipnose ou algum tipo de técnica semelhante. A hipnose não adiantou, pois a manteve no estado inicial de consciência sem nenhuma mudança. (P.194)
O CASO DE FRÂULEIN ELISABETH VON R.
Quem é Elisabeth? Neste estágio Freud já possuía anotações suficientes para pormenorizar a história de sua paciente. História que no decorrer do caso se mostrará necessária para as suas conclusões finais. Segundo as informações possíveis do caso, Elizabeth tem 24 anos, duas irmãs e ela é a caçula. Tudo começa com a saúde da mãe que tinha afecções nos olhos, estados nervosos, uma saúde bastante fragilizada. Decidiu assim ter um contato mais íntimo com o pai.
O pai era um homem alegre e frequentava rodas mundanas. O pai dizia que como ele não tinha um filho homem a filha Elizabeth era como se tivesse no lugar desse filho homem que ele tanto queria, por conta disso Elizabeth começou a se afastar do seu ideal para seguir o ideal do pai para ser bem aceita.
Nisso tudo ela estava descontente de ser mulher, achava que o casamento era uma prisão e ela queria ser livre para fazer o que ela quisesse como estudar educação musical. Possuía um altruísmo que colocava em primeiro lugar a mãe e as irmãs, reconciliando-se assim com seu lado áspero do seu caráter ao entrar em contato com seus pais. (P.189)
A família se mudou para a capital, qual foi um tempo mais alegre no círculo familiar. Veio o problema do pai, o pai tinha um problema no coração, e causou um edema pulmonar, ele foi tratado durante 18 meses. Elizabeth ficava ao pé do leito do pai ajudando em tudo dormindo no quarto dele, dava comida e tudo mais, ou seja, ela tinha um desvelo muito grande. Em seis meses ela começou a sentir as dores no colo ficando um dia e meio acamada, mas ela se levantava e conseguia fazer as coisas. Depois de dois anos do falecimento do pai ela começou a sentir essas dores mais frequentes e frequentemente ficava incapaz de andar por causa dessas dores.
Após a morte do pai Elizabeth se isolou da família e sua mãe tinha uma saúde precária e cada vez mais se tornava acentuada. Depois de um ano que o pai morreu a irmã mais velha se casou e o marido parecia uma pessoa de muita responsabilidade, muito intelectual e aparentava ser uma pessoa de grande futuro, mas Elizabeth não gostava dele, pois o achava muito egoísta e muito excêntrico, e aparentava não dá muita importância a mãe das meninas. No íntimo dela não culpou a irmã por ter se casado com uma pessoa dessas que pressentia que demoraria ainda mais a ter a paz e a felicidade tão sonhada.
O casamento da segunda irmã prometia um futuro brilhante para família, ela gostou do cunhado, pois era muito educado, mas não tão intelectual como o primeiro e com esse segundo cunhado Elizabeth começou a repensar a questão do casamento. Mas a mãe piorou e ela passou semanas com a mãe no quarto escuro. A família se reuniu numa estação de férias Elizabeth que estava exausta pelos últimos meses queria se recuperar, e era um grande momento de família para recuperar um pouco do luto da morte do pai.
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