Atps Comportamental Etapa 3
Por: mjportugal • 1/6/2016 • Trabalho acadêmico • 3.616 Palavras (15 Páginas) • 306 Visualizações
ATPS- Etapa 3
Proposta de tratamento do Transtorno Obsessivo Compulsivo
Segundo a Associação de Portadores de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (ASTOC), preocupações, dúvidas e crenças supersticiosas são comuns no dia a dia. Porém, quando se tornam excessivas ou prejudicam as atividades cotidianas da pessoa, justifica-se, muitas vezes, o diagnóstico de TOC.
Vimos que o TOC geralmente envolve tanto a obsessão, como a compulsão, embora a pessoa possa ter apenas uma ou outra. Os sintomas podem ocorrer em pessoas de qualquer idade, porém se manifestam com maior freqüência no final da adolescência ou início da idade adulta 6 (Guimarães, 2001a). De acordo com Rangé et al. (2001), existem quatro categorias principais do quadro de TOC, são elas: a) as compulsões de limpeza; b) as de verificação; c) as obsessões puras; d) lentidão obsessiva primária, caracterizada pela necessidade de precisão em tudo o que é feito.
A maneira mais comum encontrada na bibliografia de Tratamento do TOC é através da terapia Cognitivo Comportamental, mas vimos nos artigos relacionados que o tratamento com a terapia comportamental e o desenvolvimento de habilidades sociais tem ganhado campo e fundamento com o advento de novos estudos e pesquisa sobre o tema. Tentaremos discutir a importância e relevância de um tratamento comportamental e argumentar como o Social e principalmente as pessoas envolvidas nos microssistemas mais básicos do paciente podem interferir – positiva ou negativamente- no tratamento do paciente.
Tratamento Terapêutico Cognitivo Comportamental
A terapia Cognitiva acredita que pessoas com o Transtorno Obsessivo Compulsivo possuem fatores cognitivos que podem interferir no tratamento.De acordo com Neto e Baltieri (2001) há seis tipos de domínios cognitivos associados ao TOC, são eles, Responsabilidade, Estimativa de ameaça, perfeccionismo, supervalorização do papel dos pensamentos, controle sobre os pensamentos e tolerância por ambiguidade.
O tratamento com TCC trabalha com uma questão que o transtorno apresenta e que é fundamental que é a dúvida da veracidade da própria experiência e da qualidade da própria ação, o paciente por mais que não controle seus comportamentos ele tem uma certa noção de que tais comportamentos são irracionais e ilógicos, a TCC então trabalha o questionamento crítico do paciente, incentiva o a fazer a discriminação entre o que é verdadeiro ou irracional, formular pensamentos racionais e a planejar as próximas ocorrências.
Partindo do pressuposto que o TOC apresenta elementos cognitivos importantes e usando a questão da dúvida que a patologia carrega em seu favor, a TCC apresenta técnicas para modificação de pensamentos automáticos e crenças como ; observar e controlar pensamentos automáticos negativos, reconhecer os vínculos entre cognição afeto e comportamento, examinar evidencias a favor e contra pensamentos automáticos distorcidos etc.
Apesar da Terapia Cognitiva Comportamental ser a mais utilizada no tratamento do TOC de acordo com Mitsi et al, ela negligencia uma parte extremamente importante na esfera do paciente com o transtorno que é a questão social do sujeito. Todos nós somos seres Biopsicossocial, e qualquer tratamento que seja aplicado deve se considerar todos os sistemas do sujeito e principalmente aqueles que o influenciam de uma maneira mais direta.
Terapia Comportamental
Apresentaremos então a abordagem da Terapia Comportamental que segue os preceitos de Skinner e como a questão social abordada pela mesma tem uma importante relevância no tratamento do Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Para um tratamento eficiente do TOC através da Terapia Comportamental é importante que se siga alguns passos e principalmente, é imprescindível que se desenvolva uma boa analise funcional dos comportamentos em questão. Inicialmente a que ser feita uma entrevista e anamnese, levantando as queixas do paciente, os contextos de surgimento e quando os sintomas se atenuam, as formas encontradas de superação, todas as adversidades enfrentadas pelo paciente ao longo da vida, todos os estressores sejam eles passados ou atuais, agindo assim entenderemos os antecedentes e os possíveis reforçadores dos comportamentos inadequados do paciente, possibilitando uma análise funcional eficaz. Para que trabalhemos os reforçadores de uma forma mais ampla, além da anamnese e da entrevista acerca da história e contexto da patologia devemos levantar todos os dados que podemos sobre os comportamentos atuais do paciente, identificar quais os tipos de obsessões e compulsões, sua frequência e duração, intensidade do sofrimento gerado, entender os antecedentes e analisar as consequências de curto, médio e longo prazo do comportamento obsessivo compulsivo. Entendendo os antecedentes e os reforçadores do comportamento poderemos trabalhar em cima dos mesmos.
Wielenska (2001) aponta que o paciente descrevia um relativo alívio q sucedia os rituais, caracterizando uma contingencia de reforçamento negativo de respostas de fuga e esquiva, e que após demonstrarmos a interrupção entre todo o trabalho que o ritual demandava e o possível benefício obtido chega a hora de propor ao paciente caminhos para o tratamento do Transtorno e dos demais aspectos necessários. O tratamento segue a ideia que o paciente precisara correr os riscos potenciais que evita ao emitir esquivas e rituais, o terapeuta não tenta impedir o paciente de ter os pensamentos, mas leva o paciente a viver o que esquiva de sentir.
Além da análise do histórico e antecedentes e do desenvolvimento de uma boa Análise Funcional vimos que a questão social e principalmente a questão familiar é de extrema importância para o tratamento do paciente com Transtorno Obsessivo Compulsivo. A família do paciente, ou as pessoas ligadas a seu microssistema são diretamente afetadas pelos comportamentos inadequados do paciente, e acabam por desenvolver uma Escala de Acomodação Familiar.
Segundo Guedes (2001) Através da Terapia Comportamental e da Análise Funcional podemos perceber que os comportamentos gerados no TOC possivelmente têm repertórios mantidos por reforço negativo – fuga esquiva, então além de compreender sua origem devemos compreender também as variáveis que as mantem. A família tem influência direta na dinâmica destes comportamentos pois, sem saber como agir, sem uma instrução mais específica, acabam adaptando sua própria rotina a fim de aliviar o sofrimento do paciente, e também , afetados pelo comportamento do paciente, se veem estressados pela mudança na rotina e muitas vezes agem com incoerência, ora concordando e adaptando seu próprio cotidiano, ora indo contra todos os comportamentos do paciente e gerando discussões e angustias em ambas as partes.esse padrão inconsistente na acomodação familiar acaba por gerar um reforço no comportamento do paciente.
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