Aula Terapia Cognitiva e Construtivismo
Por: Feliz.teste • 2/11/2017 • Ensaio • 1.817 Palavras (8 Páginas) • 392 Visualizações
Aula Terapia Cognitiva e Construtivismo
As crenças do terapeuta sobre a maneira pela qual o indivíduo desenvolve conhecimentos e como estes determinam seu modo de agir na realidade são fundamentais nas suas opções teóricas e na construção de seu estilo de terapia.
Entretanto, se quisermos encontrar as raízes do construtivismo contemporâneo, devemos procurá-las em Kant. É a inversão do sentido da relação entre sujeito e objeto que é a raiz do construtivismo.
Toda essa trajetória do construtivismo contemporâneo na Filosofia teve seus reflexos na Psicologia. Nela, o termo construtivismo foi introduzido por Jean Piaget (1975). Piaget formulou um modelo de desenvolvimento cognitivo, ricamente sustentado por dados empíricos, que apresentava o sujeito como artífice principal, através da sua ação no mundo, de suas próprias estruturas cognitivas. Os conceitos de assimilação e acomodação esclarecem a forma como Piaget (1987) explicava o processo de construção do conhecimento por parte do sujeito. Quando uma criança ou qualquer pessoa tem uma experiência que não se coaduna com seus esquemas e teorias, ela primeiramente tenta assimilar essa experiência em seus esquemas existentes. No entanto, se ela ver que suas explicações e predições são repetidamente desmentidas, prevalece a tendência no sentido de o esquema se modificar acomodando-se a esta nova informação. Logo, o ser humano é ativo quando interpreta a experiência para assimilá-la aos seus esquemas e teorias, e é ativo quando muda seus esquemas e teorias de forma a acomodá-las à realidade. Piaget, claramente, é um realista. De forma semelhante a Popper, ele acredita que o mundo vai moldando nossos esquemas quando os desmente, exigindo uma nova acomodação.
O Construtivismo é uma doutrina acerca do processo de obtenção do conhecimento que defende o papel ativo do sujeito neste processo. Para o Construtivismo as nossas representações sobre a realidade não são determinadas pelo objeto, antes, são construídas pelo sujeito. Não existe olhar neutro sobre a realidade, pois toda observação que fazemos é feita à luz de nossas hipóteses e teorias sobre o mundo, de nossos constructos. Essa posição é generalizada no pensamento ocidental contemporâneo, não sendo novidade nem exclusividade da Terapia Construtivista.
A ciência moderna, a realidade e o conhecimento.
O homem em sua existência vive em uma constante tentativa de pôr-se em equilíbrio. Desenvolver uma ordem significativa, isto é, conceitos, crenças, ideias, atribuições sobre si mesmo, sobre o seu ambiente e sobre o outro. Tudo isso serve para que o homem consiga se localizar em sua existência de maneira relativamente segura.
A ciência moderna, apoiando em uma concepção epistemológica objetivista, pressupõe um mundo constituído de regularidades e regido por leis matemáticas, de tal maneira que os objetos do mundo passam a ser sujeitos à previsão e controle. Olhando através de uma realidade externa, o sujeito acaba desenvolvendo uma compreensão objetiva e unívoca, dada inequivocamente.
Apoiado nessas concepções, o cientista passou a buscar a “verdade” global contida na natureza, considerada universal e singular.
Conhecer tornou-se significado de dividir, classificar o que foi separado e então traçar uma relação sistemática entre os vários elementos identificados. Esse método já havia sido proposto por Descartes e tinha como objetivo dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas possíveis e quantas necessárias forem para melhor resolvê-las.
A comunidade científica passou, então, a constituir a instância mediadora entre o conhecimento científico, isto é, as referências de “verdade” em torno das quais toda uma cultura e a sociedade como um todo passaram a se articular.
A ciência moderna e o sujeito do conhecimento
Com o objetivo de impedir a interferência dos desejos, interesses e do pré-conceito do sujeito do conhecimento sobre suas representações de realidade, realizou-se o distanciamento entre o conhecedor e o objeto de conhecimento. Sendo assim, passou o conhecedor a expurgar tudo aquilo que pudesse contamina-lo das representações da realidade.
A pós-modernidade e a crise do paradigma da ciência moderna
Em meios as grandes mudanças para um novo tipo de sistema social, tal como a sociedade de consumo (1991) e as revoluções científicas, vários tipo de crise se instalaram nessa época: crise moral, crise de crescimento, crise emocional, crise de abastecimento, crise existencial, crise religiosa, etc.
O conceito de crise vem sempre associado à ideia de ruptura. Ela põe em risco um processo que pode ser biológico, social, cultural ou político, produzindo nele uma modificação parcial ou total. Se se instalar em um processo íntegro e em crescimento, a crise será assimilada em algum de seus setores ou mesmo em sua globalidade, e ele sairá transformado e fortalecido.
O paradigma emergente, o sujeito, o objeto e o conhecimento
Para alguns pesquisadores, denominados de idealistas ou racionalistas, situam-se no polo do sujeito, considerando-o o fator fundamental a imprimir ao conhecimento quase todas as suas características. Outros, qualificados como empiristas ou realistas, posicionam-se no polo oposto, isto é, consideram o objeto como determinantes das características do conhecimento de forma que o procedimento científico é visto como a busca de uma aproximação casa vez mais precisa dos objetos. Ambos impõem fortes limitações ao caráter de construção do conhecimento.
Para os empiristas e os realistas, os limites são impostos pelos limites da própria realidade. Na outra posição, para os idealistas e os racionalistas, os conhecimentos são limitados, neste caso, pela estrutura mental do conhecedor e por sua lógica de funcionamento. Ambas as concepções são limitantes. Com o objetivo de superar essa dicotomia, foi realizado pelos interacionistas, para quem o conhecimento é um produto de uma relação dialética entre o conhecedor e o objeto do conhecimento.
Uma quarta posição que parece superar a concepção interacionista, diz que além do conhecimento e seus critérios de validade, o sujeito e o objeto passam a ser assumidos como resultados do processo de construção. Sujeito e objeto passam a ser vistos como construções sócio-históricas.
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