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Behavorismo Radical

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Por:   •  6/10/2014  •  3.202 Palavras (13 Páginas)  •  304 Visualizações

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BEHAVIORISMO como vocês já devem saber é uma palavra de origem inglesa, que se refere ao estudo do comportamento:"Behavior", em inglês. O Behaviorismo surgiu no começo deste século como uma proposta para a Psicologia, para tomar como seu objeto de estudo o comportamento, ele próprio, e não como indicador de alguma outra coisa, como indício da existência de alguma outra coisa que se expressasse pelo ou através do comportamento.

Na Idade Média, a igreja explicava a ação, o comportar-se pelo homem pela posse de uma alma. No início deste século, os cientistas o faziam pela existência de uma mente. As faculdades ou capacidades da alma causavam e explicavam o comportamento deste homem. Os objetos e eventos criavam idéias em suas mentes e estas impressões mentais ou idéias geravam seu comportamento. Vejam que ambas são posições essencialmente dualistas: o homem é concebido como tendo duas naturezas, uma divina e uma material, ou uma mental e uma física, como quiserem.

É uma posição difícil, conflitante, porque devo demonstrar como essas naturezas contatuam, já que estão em planos diferentes. Notem além disso, a circularidade do argumento: ao mesmo tempo em que essa alma ou mente causavam e explicavam o comportamento, esse comportamento era a única evidência desta alma ou desta mente.

No mentalismo, o acesso às idéias ou imagens se faria somente através da introspecção, que seria então revelada através de uma ação, gesto ou palavra. Temos aqui um modelo causal de ciência: (a) o indivíduo passivo recebe impressões do mundo; (b) estas impressões são impressas na sua mente constituindo sua consciência; (c) que é então a entidade agente responsável por, ou local onde ocorrem processos responsáveis por nossas ações.

É preciso destacar que os processos cognitivos, tão falados hoje em dia, são uma forma de animismo ou mentalismo, em suas origens. A cognição é algo a que não tenho acesso direto mas que fica evidente no comportamento lingüístico das pessoas, no seu resolver problemas, no seu lembrar, etc., esquecendo que linguagem é produto de comportamento verbal; que solução de problemas é produto de contingências alternativas, e que lembrar é produto de manipulação de estímulos discriminativos.

O cognitivista recupera o conceito de consciência quando afirma estados disposicionais e/ou motivacionais que poderiam ser modificados de fora (instruções) ou de dentro (auto-controle) através de reestruturações cognitivas alcançadas por trocas verbais (ou seja, o comportamento verbal do outro é decodificado por mim e meu relato verbal, versão moderna da introspecção, dá acesso ao outro às minhas cognições). Estes estados disposicionais assim modificados, agiriam então afetando e modificando comportamentos expressos. Não estou negando que existam crenças, sugestões, representações etc., mas estas são formas de se comportar, são classes de respostas, não eventos mediacionais, não causas diretas do comportamento. Aceito consciência como uma metáfora, um resumo de minhas experiências passadas (assim também aceito personalidade, como um conceito equivalente a repertório comportamental). Mas rejeito consciência como self, como agente decisor, causador, ou mediador do comportamento.

De qualquer modo, o Behaviorismo surgiu em oposição ao mentalismo e ao introspeccionismo. Em fins do século passado a ciência de modo geral começou a colocar uma forte ênfase na obtenção de dados ditos objetivos, em medidas, em definições claras, em demonstração e experimentação. Esta influência se fez sentir na Psicologia, no começo deste século, com a proposta behaviorista feita por Watson em 1924:

"Por que não fazemos daquilo que podemos observar, o corpo de estudo da Psicologia?" Ou, em outras palavras:

- estudar o comportamento por si mesmo;

- opor-se ao mentalismo;

- aderir ao evolucionismo biológico;

- adotar o determinismo materialístico;

- usar procedimentos objetivos na coleta de dados, rejeitando a introspecção;

- realizar experimentação;

- realizar testes de hipótese de preferência com grupo controle;

- observar consensualmente.

* Com exceção das duas últimas características, as demais também se aplicam ao que mais tarde veio a se chamar behaviorismo Radical.

Notem que estamos aqui diante de duas vertentes: uma filosófica (expressa nas quatro primeiras frases) e uma metodológica (expressa nas quatro últimas). Elas refletem a influência de várias tendências sobre o pensamento científico desde o final do século passado até o começo deste:

- O Positivismo Social de Auguste Comte, considerando que a ciência é uma atividade do homem, e o homem um ser social, postula a natureza social do conhecimento científico, rejeita a introspecção e estabelece como critério de verdade o observável consensual, isto é, o observável partilhado e sancionado pelo outro.

-O Positivismo Lógico do Círculo de Viena, considerando que eu só tenho acesso à informação que meus sentidos me trazem, não posso ter informações sobre minha consciência, cuja natureza difere da de meu corpo. É verdade que não posso negá-la, mas também não posso estudá-la. (É interessante que esta influência também levou ao idealismo e ao subjetivismo: já que não tenho acesso a nada senão minhas sensações, o mundo não existe, somente minhas impressões dele, só minhas idéias são reais).

-O Operacionismo, derivado da influência do Positivismo Lógico sobre a Física: se somente tenho acesso às informações que meus sentidos trazem, então a linguagem pela qual expresso e estruturo essas informações é o mais importante em ciência. A definição dos conceitos é fundamental, e definir é descrever as operações envolvidas no processo de medir o conceito. Essa descrição deve ser objetiva e referir-se a termos observáveis.

"Observação",

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