Compreender os Limites e alcances de uma técnica
Por: Igor Câmara • 21/5/2018 • Trabalho acadêmico • 1.037 Palavras (5 Páginas) • 122 Visualizações
No dia a dia, a maioria das pessoas convive, trabalha, depende ou simplesmente tem algum contato com instrumentos ou métodos de medida nos mais diversos contextos da vida. Os testes psicológicos ou instrumentos de avaliação psicológica, ferramentas que buscam, de forma padronizada e sistemática, coletar amostras de comportamentos das pessoas, parecem povoar um outro departamento do imaginário popular, mais direcionado as fatias, que acabam atribuindo os testes uma aura mágica, misteriosa, com um “poder” certamente muito maior do que de fato tem.
Compreender os limites e alcances de uma técnica, especial aquelas que buscam auxiliar na compreensão do funcionamento psicológico de uma pessoa, é uma atitude, acima de tudo, ética. Assim, é importante se compreender que os parâmetros psicométricos dos testes psicológicos não são meras formalidades técnicas, mas dados que objetivamente informam ao profissional quais decisões ele pode ou não tomar com base nos resultados de um instrumento. Os testes psicológicos não avaliam fenômenos físicos que podem ser observados diretamente. Quando se trata da observação de fenômenos psicológicos, o processo é inferencial: um psicólogo não mede a inteligência ou a personalidade diretamente, mas as infere com base na observação de comportamentos, analisados a luz de teorias previamente concebidas. Contudo, apenas a base teórica não é suficiente para atestar que o instrumento esteja funcionando. É necessário que haja clareza de que as interpretações sugeridas a partir dos resultados do teste estejam fundamentadas também em evidencias empíricas, cientificas, que informem os limites e alcances das interpretações dos resultados, bem como o quão livre de erros de medida dão os resultados. O processo de validação deve estabelecer pontes entre os estímulos padronizados componentes do teste e a experiência subjetiva da pessoa avaliada em um dado contexto. Cabe ressaltar que existem diversos modos de se buscar evidencias de validade para as interpretações realizadas utilizando um instrumento, isto é, diversas fontes de evidencias de validade. Vale ressaltar que não necessariamente todos os testes devem ter evidencias provenientes de todas as fontes: a decisão sobre quais fontes podem ser mais adequadas caberá ao do instrumento, com base em seus objetivos metodologia de pesquisa, formato de instrumento e na intenção de aplicabilidade do mesmo para diferentes amostras e contextos. Contudo deve-se manter em mente a ideia do processo de validação, ou seja, o acumulo de evidencias provenientes de diferentes estratégias de pesquisas e fontes de validade para sustentar interpretações.
Em relação as evidencias baseadas no conteúdo de um teste, o que está em questão é quão bem as amostras de comportamentos selecionadas ou construídas correspondem a variável psicológica ou construto que se pretende avaliar. Trata-se prioritariamente de um processo qualitativo no qual as pessoas que já tenham estudado muito um assunto ou teoria dão seu parecer em relação a correspondência dos itens com a teoria. A segunda fonte de evidencias de validação diz respeito a estrutura interna dos instrumentos. É uma verificação da disposição agrupamento dos itens em componentes maiores. Embora haja outras formas de se verificar esse tipo de informação, mais comumente essa forma é verificada por meio de analise fatorial que, em termos bastantes gerais, tem o objetivo de agrupar itens a partir da correlação entre eles. A terceira fonte, diz respeito às evidencias baseadas nas relações com variáveis externas, e bastante comum tanto em manuais de testes quanto em artigos sobre os instrumentos. Diferente da fonte anterior, que informa sobre a relação entre os componentes do próprio teste, essa fonte busca estabelecer padrões de relações entre os escores em m teste e outros indicadores externos, que podem ser as pontuações de outros testes ou medidas de desempenhos em tarefas da vida real. Assim, é importante fazer uma distinção entre duas vertentes dessa fonte.
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