Condicionamento Operante e o Estado Islâmico
Por: Luiz Aldo Silva Santos • 19/4/2016 • Artigo • 2.803 Palavras (12 Páginas) • 310 Visualizações
BELO HORIZONTE
2016
Estado Islâmico e o Condicionamento Operante
Resumo:
O presente artigo apresenta uma associação entre reforços positivos como estimulantes do comportamento de combatentes do grupo Estado Islâmico, como são recrutados, treinados e por fim, obtendo comportamentos modelados, tais comportamentos baseados em reforços positivos. Vemos em jornais diversas reportagens falando sobre o recrutamento de jovens e crianças de toda parte do mundo para o trabalho terrorista, pessoas que se prontificam e buscam fazer parte do grupo, e não entendemos muitas vezes o que leva essas pessoas a abraçarem tal ideologia por nós ocidentais, repudiada. Tentaremos explicar um pouco o porquê dessas pessoas, especialmente jovens e crianças, buscarem se enquadrar nesse grupo, e por conseguinte, terem seus comportamentos modelados e condicionados.
Estado Islâmico e o Condicionamento Operante
O Estado Islâmico da Síria (EIIL) nasceu como uma derivação da Al-Qaeda, e foi inicialmente comandado por Abu Musab al-Zarqawi morto em 2006, e liderado hoje por Abu Bakr al-Baghdadi, esse grupo afirma ser autoridade religiosa sobre todos os grupos muçulmanos do mundo por instituir o Califado ( sucessão em árabe, é literalmente o sucessor do Profeta como chefe da nação e líder dos muçulmanos, e tem o poder de aplicar a Lei islâmica na terra do Islã ) e busca tomar o controle de muitas outras regiões de maioria islâmica, e fazer com que a Lei islâmica da sharia seja adotada no mundo todo, e os infiéis ( pessoas que não aderem a crença ) sejam dissipados. Militantes comandados por essa ideologia controlam cidades e estados no território Sírio, e dão suas vidas e até de suas famílias por essa ideologia. Mas a pergunta é: Quais são as convicções que os fazem vir de toda parte do mundo para essa batalha? Os principais fatores são: a proposta de poder, ao estender seu califado e afirmar autoridade religiosa sobre todos os Muçulmanos do mundo, e tomar o controle de governos, constituindo um único governo mundial: o Estado Islâmico, além da promessa de salvação: matando um infiel estarão se livrando do inferno, tudo em nome de Alá. Estas são praticas de controle podendo ser entendidas como a manipulação de estímulos com o fim de se estabelecerem contingências, “Todo comportamento é determinado, direta ou indiretamente, pelas consequências. ” (Skinner, 1993). Em dezembro, o New York Times publicou declarações confidenciais do major Michael K. Nagata, o comandante de Operações Especiais dos Estados Unidos no Médio Oriente, em que este admitia que não conseguia perceber o autoproclamado Estado Islâmico (EI). “Não conseguimos derrotar a ideia [por trás do movimento]”, disse. “Nem sequer conseguimos perceber a ideia. ”(1). Mas O estado Islâmico não é apenas um grupo com uma ideologia, eles unem ideologia com sofisticação militar e são extremamente bem financiados, fatores importantes na eficácia de seus recrutamentos e atração de fieis. O grupo domina regiões no Iraque onde se encontra uma importante matéria prima: Petróleo.
Mossul, uma das cidades dominadas pelo grupo, produz cerca de 2 milhões de barris de petróleo por dia, é calculado que o grupo ganhe cerca de U$ 1 milhão (R$ 2,3 milhões) por dia somente com a exploração do petróleo iraquiano (2) esse dinheiro é usado de maneira muito inteligente para atrair combatentes (além da tática de pregações implantando a ideologia), o grupo paga salario mensal aos guerrilheiros, em torno de US$ 400 mensais, além dessa contribuição, eles recebem auxilio e dinheiro para suas famílias(3). O grupo controla todos os serviços básicos nas áreas dominadas por eles, controlam a distribuição de alimentos e abastecem vilas para atrair apoio popular, além desses abastecimentos, o grupo administra escolas, fortalecendo assim sua campanha. A carência e a pobreza levam jovens, crianças, mulheres e homens a apoiarem o EI por verem neles provedores, esse comportamento e manipulação do grupo faz com que essas pessoas os vejam como justos, por conseguinte, suas causas e ideologia, então buscam fazer parte também, e se oferecem para serem treinados, ensinados a pensar, viver e agir como um deles. De acordo com o documentário do Fantástico apresentado no dia 22 de novembro de 2015, crianças a partir de oito anos de idade buscam se juntar ao grupo, por crescerem nessas comunidades onde os veem amparar e suprir suas necessidades básicas, sendo assim constantemente reforçadas socialmente para adesão ao Estado Islâmico, elas são submetidas a um rigoroso treinamento físico e sempre são convocadas a reafirmar em público sua lealdade e obediência, mesmo que isso custe a morte. Elas consideram os guerreiros do Estado Islâmico lutadores puros e aprovam seus comportamentos e se submetem a treinamentos para ensina-las a ser como eles. Não só crianças, mas jovens também, eles são ensinados a carregar armas e a disparar, são ensinados a matar pessoas em execuções em praças públicas, até que não haja mais empatia pela morte de um estranho. Nessa doutrinação também são submetidos a assistir repetidamente vídeos de ataques suicidas seguido de pregações incentivando esse comportamento como prova de fidelidade e salvação reforçada por seu livro sagrado, o Alcorão, até que decidam viver pelo terrorismo (4). Durantes esse período de treinamento, eles estão condicionados em acampamentos que podem durar de duas semanas até um ano, nesses períodos eles são submetidos a repetidas aulas de sharia (Lei Islâmila), e submetidos a censuras (5). É apresentado uma Causa (instalação mundial de um Estado Islâmico) uma consequência (ser aceitos por Alá e consequentemente salvos do inferno, além de possuírem poder e domínio aqui na terra nos territórios que conquistarem) e um estímulo (salários, cuidados, proteção, pertencimento) suprindo uma fé já existente e a situações precárias na qual se encontram.
Tudo isso é apresentado aos jovens, crianças e homens em uma classe que podermos chamar de motivação (dado a disponibilidade de um evento reforçador). Na Analise do comportamento a motivação pode ser apresentada a partir do conceito de reforço, que serve para aumentar a probabilidade de incidência de um comportamento (6), nesse caso, o reforço positivo, que é o aumento desse comportamento (terrorismo), pela presença de uma recompensa. Dai em diante, o massacre, a brutalidade, o ódio, a violência, intolerância, o terrorismo, a frieza são aprendidos e passam a fazer parte do comportamento dessas pessoas, sendo esse, reforçado positivamente pelo prazer e satisfação (também aprendidos) na atitude violenta, na morte de um infiel, na submissão de uma ordem e especialmente no suicídio, dentre outros comportamentos condicionados e perpetuados por diversos reforços positivos para alcançar seus objetivos (recompensa).
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