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Contra Resistência Manual de Técnica Psicanalítica

Por:   •  12/3/2024  •  Resenha  •  1.166 Palavras (5 Páginas)  •  99 Visualizações

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CONTRA-RESISTÊNCIA

OS CONLUIOS INCONSCIENTES

Manual de Técnica Psicanalítica – uma re-visão David E. Zimerman

  • Questão de interesse: interação resistencial-contra-resistencial que se processa entre paciente e analista, no campo analítico.
  • Racker (1960) emprega o termo em seu livro sobre técnica psicanalítica
  • Os fenômenos de resistência e transferência – e os de contra resistência e contratransferência – estão intimamente conectados.
  • Há diferença conceitual entre contra-resistência e contratransferência.
  • Distinção da resistência do analista - origem nele próprio ou quando decorre de um estado de “contra-identificação” com o seu analisando. No primeiro caso, resistência do analista, enquanto no segundo, trata-se de contra-resistência.
  • Match - estabelece-se entre paciente e terapeuta um “encontro”, singular, decorrente das características próprias e reais de cada um. Pode resultar uma harmonia produtiva ou uma desarmonia estagnadora no trabalho do par analítico.
  • Contra-resistência - carga de identificações projetivas que inundam a mente do analista, pode ser exemplificada com a maneira de como o terapeuta utiliza aquilo que Bion chama de uma mente saturada por “memória, desejo e ânsia de compreensão”.
  • Resistências do analista ou de contra-resistências que acontecem no campo analítico:          Entrevista inicial – resistências do próprio analista, na seleção de pacientes para enfrentar uma longa análise, racionalizações para não aceitar determinado paciente, o psicanalista possa estar se evadindo do seu medo de enfrentar uma situação regressiva. Paciente com motivação dividida, sua parte que está resistindo a enfrentar essa ameaçadora situação nova visa, inconscientemente, a provocar uma contra-resistência do tipo de desistência na pessoa do analista, para este não aceitar o desafio de iniciar a análise.

Setting - regular funcionamento das regras técnicas legadas por Freud, cada uma delas pode, eventualmente, ficar desfigurada na sua essência e servir como uma posição resistencial do próprio analista. Associação livre (obrigatoriedade em falar sem dar importância aos silêncios); atenção flutuante exige do analista energia para sobrepujar resistências (mente saturada – prejuízo capacidade de intuição)

Regra da neutralidade – desvirtuada se estiver a serviço das resistências do analista - distanciamento fóbico (frio), defesas de ordem maníaca (falsa liberdade), defesas obsessivas (resistência a clima de liberdade) – resistência do próprio analista, encobrindo atitude sedutora a serviço de seu narcisismo ou do seu medo de despertar o repúdio do analisando.

Excesso de narcisismo do terapeuta - resistirá a qualquer contestação ou tomada de posição de seu paciente que não estiver enquadrada nos seus valores próprios, idealizados por ele.

Regra da abstinência - analista não satisfaça os desejos regressivos do paciente (e os seus próprios), excluídos os da compreensão analítica (perigo controle sádico) - analisandos se comprometessem a não tomar nenhuma responsabilidade importante durante o curso da análise = falsa crença, somente a vida analítica é importante e que o paciente deve fazer uma pausa na sua vida real, com a promessa de que a reassumirá, posteriormente, em condições idealizadas.

Regra do amor às verdades - confunde “ser verdadeiro” com crença de que ele “tem a posse da verdade” ou quando de forma obsessiva ele manifesta uma intransigência por qualquer arranhão do analisando que lhe pareça não-condizente com a verdade, sem se aperceber que ele é que pode estar equivocado, até mesmo porque a verdade é sempre relativa, nunca absoluta ou imutável.

Atividade interpretativa – risco contração de um conluio resistencial-contra-resistencial, o analisando pode estar induzindo o seu psicanalista a lhe “interpretar” exatamente aquilo que ele quer ouvir e que já sabe por antecipação, de modo a assim perpetuar um controle sobre a análise e o analista.

  • Quando analista e analisando não trabalham em um mesmo plano, o sistema de comunicação entre ambos falha, os campos resistencial e contra-resistencial se incrementam - o paciente, frustrado por não estar sendo compreendido pelo seu analista, vinga-se deste, castrando-o em sua potência, e assim o introjetará. A recíproca também é verdadeira. Situação desesperante - um necessita da ajuda e o outro não pode dar.
  • Conluios inconscientes - muda combinação inconsciente entre paciente e terapeuta de evitarem a abordagem de certos assuntos ou a de uma recíproca fascinação narcisista. O conluio inconsciente que se configura como uma “relação de poder” sob uma forma sadomasoquista bem-dissimulada é a mais frequente.
  • Colusão - sinonímia com “conluio inconsciente” – designa uma condição vincular pela qual os dois, ou mais, participantes de um vínculo compartilham as mesmas fantasias, necessidades, desejos e demandas inconscientes, de forma que um complementa ao outro. Podem adquirir uma configuração perversa, em grau maior ou menor.
  • Winnicott alude a essa situação, enfoque com pacientes muito regredidos, dizendo que “a análise vai bem e todo mundo está contente, mas o único inconveniente é que ela nunca termina ou pode terminar num falso self, com o analista e o paciente coniventes na formação de um fracasso analítico”.
  • Contra-resistências que resultam de fixações narcisistas, não-resolvidas no analista, e que podem se constituir em arrogância, finalidade maior é reforçar a sua frágil autoestima, bem como manter afastado do seu ego qualquer coisa que possa, às vezes, diminuí-lo. Incapacidade básica para tolerar a frustração, especialmente a do “não saber”. Terapeuta não terá capacidade de empatia, disposição para escutar, para tolerar frustrações e, então, aliado com as resistências do seu analisando, anulará as capacidades positivas deste último, total ou parcialmente.
  • Conluio de acomodação - um conformismo com a estagnação da análise, um estado de apatia em ambos. Analista acomoda-se em um estado de “desistência”, o qual resulta da invasão que o paciente faz desse seu estado mental no psiquismo do terapeuta.
  • Conluio perverso - jogo de seduções, por parte de pacientes com características perversas. O paciente, ao invés de reconhecer suas limitações, verá seu analista “como uma prostituta, uma ama-de-leite, viciada na prática da psicanálise e incapaz de conseguir melhores pacientes”.
  • Conluio erotizado - analisando e analista se comprazem, bem como se gratificam reciprocamente, com a erotização na transferência. Analista que sinta seu ego reforçado diante da comprovação de que ele é atraente e inspirador de paixões – perpetuação por carícias verbais. Prejuízos: não se fará a elaboração da transferência negativa; ou erotismo transferencial positivo, manifesto em um contexto no qual o analisando está se permitindo a ter fantasias, desejos, sensações e emoções a que sempre se proibira e coibira.
  • Conluio pseudo-agressivo - quando analisando se refugia atrás de uma cortina de aparente agressividade, pela qual esse tipo de paciente vai então procurar, falsamente, se mostrar hostil, uma isca para o analista ficar lhe interpretando agressão, em vez de seu enorme medo de uma relação de amor, pelo fato de isso representar, para ambos, um sério risco de destruição de si, do outro ou do vínculo entre ambos.
  • Vale destacar é que o paciente está rigorosamente dentro do seu papel de analisando, sendo que a responsabilidade pela formação do conluio inconsciente cabe ao psicanalista. Mais ainda: se ele não se der conta disto ou não tiver condições de reverter a existência no campo analítico de um desses conluios mencionados, aumentará a possibilidade de que o processo analítico se cronifique em uma circularidade estéril ou que desemboque em impasses psicanalíticos, inclusive na tão temida reação terapêutica negativa.

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