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DEPRESSÃO PÓS-PARTO ANÁLISE DO IMPACTO DA DPP NO CONTEXTO FAMILIAR

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Por:   •  30/1/2015  •  6.139 Palavras (25 Páginas)  •  468 Visualizações

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DEPRESSÃO PÓS-PARTO: ANÁLISE DO IMPACTO DA DPP NO CONTEXTO FAMILIAR

João Batista Bezerra Lima

Hildson Leandro de Menezes

RESUMO

Esta revisão da literatura examina os achados de estudos recentes a respeito da depressão pós- parto no contexto familiar. Os estudos sobre este tema demonstram forte associação negativa entre depressão pós-parto materna e qualidade do relacionamento conjugal, apoio emocional oferecido pelo pai e seu envolvimento nos cuidados do bebê e no trabalho doméstico. Também têm mostrado que o pai pode diminuir o impacto da depressão materna sobre os filhos, caso mostre-se envolvido e mentalmente saudável, embora sejam raros os estudos descrevendo o modo como se dá a participação do pai nestas famílias. A literatura aponta, ainda, que os maridos de mulheres com depressão encontra-se em situação de risco para o desenvolvimento de psicopatologias, o que sugere que as intervenções clínicas neste contexto devem focalizar também as relações familiares.

Palavras Chave: Família; Comportamento; Depressão Pós-Parto.

ABSTRACT

This literature review examines the findings of recent studies about post-partum depression in the family context. The studies on this subject show strong negative association between maternal postpartum depression and marital relationship quality, emotional support offered by the father and his involvement in the baby's care and housework. Also they have been showing that the father can reduce the impact of the motherly depression on the children, when they are involved and mentally healthy, although there are rare studies describing how is the father’s way and his participation in these families. The literature suggests that the women's husbands with depression meet in situation of risk for the development of psychopathology, what it suggests that the clinical interventions in this context should also focus on family relationships.

Keywords: Family; Behavior: Key Words: Post-Partum Depression.

1 INTRODUÇÃO

Durante o puerpério, pai e mãe enfrentam uma série de desafios psicológicos, os quais podem ser vividos como exaustivos e trazer à tona conflitos e dificuldades pessoais diversas (Cramer, 2000; Cramer&Palacio-Espasa,2001). Em algumas situações, estas dificuldades configuram um quadro de depressão pós-parto, fenômeno que tem sido bastante investigado, ao menos no que concerne às mães. O grande interesse dos pesquisadores pela depressão materna decorre, principalmente, do fato já consistentemente evidenciado de que esta psicopatologia implica em importantes consequências para o desenvolvimento infantil, as quais podem ser observadas desde o período pós-natal até a adolescência.

De acordo com Burke (2003), famílias nas quais a mãe está deprimida deveriam ser vistas como famílias em risco potencial, uma vez que não apenas os filhos, mas também o marido estaria em risco para o desenvolvimento de depressão e outras doenças psiquiátricas. Tendo em vista a forte associação entre depressão materna e inadequações no funcionamento familiar (Burke, 2003; Jacob & Johnson, 2000; Johnson & Jacob, 2001), torna-se fundamental entender a paternidade em famílias nas quais a mãe apresenta depressão. Neste sentido, a presente revisão da literatura examina os achados de estudos recentes a respeito da depressão pós-parto no contexto familiar. Foi realizada uma ampla revisão de estudos internacionais e nacionais, embora tenham sido encontrados poucos estudos brasileiros que fizessem referência a esse tema.

A fim de abordar essa questão, inicialmente, serão brevemente apresentados aspectos referentes às vivências da maternidade e paternidade no período puerperal, Estudos de Psicologia, 14(1), Janeiro-Abril/2009, 05-12 ISSN (versão eletrônica):1678-4669 Acervo disponível em: www.scielo.br/epsic6com destaque para os estudos de orientação psicanalítica. A seguir, será conceitualizado o fenômeno da depressão pós-parto materna e, finalmente, serão apresentados os estudos relativos à paternidade nesse contexto.

2 REFERENCIAL TEORICO

A chegada de um filho, especialmente do primeiro, marca o início de uma nova fase do desenvolvimento, que acarreta intensas e abrangentes mudanças, levando à necessidade de adaptação de cada indivíduo e do casal. Neste momento, de acordo com Cramer e Palacio-Espasa (2002), é necessário que a mãe e o pai realizem uma considerável tarefa de redistribuição de seus investimentos narcísicos e libidinais, impulsionada pela inclusão do bebê em sua organização psíquica. Uma das questões centrais da maternidade no puerpério, conforme Stern (2004) refere-se às fantasias, medos e desejos em relação à matriz de apoio, ou seja, àqueles com quem a mãe poderá contar para auxiliá-la neste período. Uma vez que as famílias se caracterizam, cada vez mais, por configurações nucleares distanciadas das famílias de origem, das quais se recebe pouco apoio, o pai adquiriu uma enorme importância nesta matriz.

A matriz de apoio teria duas funções básicas: proteger fisicamente a mãe, afastando-a, por algum tempo, das exigências da realidade externa para que ela possa dedicar-se ao bebê; e apoiar, valorizar e instruir a mãe, oferecendo-lhe modelos, ajuda, informações, mas, também, aprovando e legitimando suas atitudes com o bebê. Ainda em relação ao papel do pai no período puerperal, Stern (2001) também afirmou que a mãe costuma ver o pai de maneira mais negativa entre o nascimento e o terceiro mês de vida do bebê, e tende a empurrar os outros para longe durante esta fase inicial, mantendo o bebê dentro de sua esfera. Ela pode temer que o pai passe a competir com ela pela atenção do bebê, e pode ter medo de modernizá-lo, feminizá-lo. Neste momento, portanto, o pai não deveria competir com a mãe pela posse do bebê, mas sim, de acordo com o autor, assumir a importante função de servir como base do sistema de apoio que facilitaria o papel primário da mãe com o bebê.

Em função destas características da relação inicial mãe-pai-bebê, o sentimento de ser excluído é muito presente nos pais, já desde a gestação (Brazelton, 2003), persistindo nos primeiros meses do bebê, durante os quais o pai também não tem um controle e participação na sua rotina tão amplo quanto a mãe, ficando de fora, especialmente, da amamentação

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