Da Montanha Russa ao Vento
Por: Daniel Gonçalves • 26/4/2020 • Resenha • 606 Palavras (3 Páginas) • 297 Visualizações
RESENHA:
Da montanha russa ao vento! A terapia como construção de uma vida marcada pela violência.
O artigo, da montanha russa ao vento! A terapia como construção de uma vida marcada pela violência, trata-se de um caso no qual um paciente acusado de pedofilia solicitou ajuda à delegacia, da qual foi encaminhado para atendimento psicológico, o texto tem como objetivo, discutir as possibilidades de atuação do profissional psicólogo frente a uma vítima que pode também ter se tornado um agressor, bem como as repercussões da violência na vida do indivíduo.
O relato do acusado por pedofilia, apontado como MR, passa por diversos fatores na vida pessoal que incluíam dificuldade financeira, abusos físicos e traumas psicológicos como a perda do pai, abandono e violência. Para compreender melhor a história do paciente, a profissional que acompanhava o caso, fez se o uso do genograma, buscando identificar os vínculos significativos e as repetições de padrões de comportamento numa leitura trigeracional.
Ao relatar as questões relacionadas com os abusos que sofreu na infância por um indivíduo representado por AB, a terapeuta percebeu que esse foi um dos temas mais difíceis de serem abordados na terapia.
Dessa forma, entende-se que a violência assim como no caso de MR, tem se tornado presente e cada vez mais preocupante em nossa sociedade. Tudo isso envolve um grande sofrimento para as vítimas e suas famílias, bem como, segundo pesquisas como as de Camargo (2002) e Vecina (2002), é também produto e produtor de sofrimento do(s) agente(s) da violência. Essas pesquisas indicam que muitas vezes o agressor foi também uma vítima de agressão.
Mattos (2002) descreve os efeitos do abuso sexual a curto e longo prazo. No primeiro aparecem na criança/adolescente distúrbios obsessivo-compulsivos, confusão de sentimentos, tendência à submissão e à revitimização ou conduta abusiva. Manifestam-se também o sentimento de culpa pela estigmatização social, isolamento, baixa autoestima e diminuição da atenção, concentração e rendimento escolar. O abuso poderá conduzir a distúrbios sexuais como excesso de curiosidade, masturbação compulsiva, exibicionismo, bem como uma agressividade geral ou dirigida às pessoas do mesmo sexo do adulto que cometeu o abuso. Em longo prazo, a autora relata sintomas como fobias crônicas, pânico, personalidade múltipla, depressão, revitimização, prostituição e repetição do padrão abusivo. Pode-se perceber que o abuso sexual acarreta conseqüências em diversas áreas do desenvolvimento, sendo de ordem física, emocional, sexual e social (Furniss, 2002).
Como método o genograma, permitiu à terapeuta e ao paciente observarem determinadas repetições ao longo das gerações passadas, tais como dependência química, mortes trágicas, e situações de distúrbios mentais na família.
Conclui-se que após quase um ano de acompanhamento psicoterápico constatou-se uma melhora significativa na qualidade de vida do indivíduo, que apresentou diminuição nas dores abdominais, melhora no sono, maior capacidade de lidar com datas difíceis (aniversário da morte do pai, dia dos pais), e novas perspectivas para sua vida. MR, aprendeu a expressar seus sentimentos, e a valorizar-se frente aos seus sentimentos e ao seu trabalho, e a responsabilizar-se pela sua vida enquanto adulto. Pode-se dizer que MR está aprendendo a amar a si mesmo.
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