Desamparo Diante da Perda de um Filho
Por: Taís Dobicz • 26/9/2016 • Projeto de pesquisa • 382 Palavras (2 Páginas) • 247 Visualizações
Há muitos casos, que a pessoa (naturalmente) não quer perder a outra, especialmente filhos, e acaba querendo ajudar e saber de tudo, mesmo em casos mais extremos, como é o caso da mãe, Rita, que pedia para a filha dar algum tipo de reação, mesmo quando sua filha estava sedada. Porém, quando se é dada intervenção, a mãe foi adquirindo equilíbrio, sua atitude ainda é desesperada quando se pensa na possibilidade de perder sua filha, porém, tem condições de permanecer como acompanhante. Por ver sua filha sempre da mesma forma, estimulava sempre as reações, negava à si mesma a parte doente e acreditava fielmente na recuperação de Roberta. Um dia, após a quimioterapia, Roberta teve agravamento em sua situação e uma hemorragia interna. Após duas paradas cardíacas, faleceu. Rita ficou desolada e chorou, acariciando a pessoa por cerca de uma hora. Rita não teve apenas uma ferida narcísica, perdeu a si mesma.
Em estado de crise aguda a análise é para todos os intentos e propósitos inservível. O interesse total do ego é tomado pela dolorosa realidade e se retira da análise, que tenta ir além da superfície e descobrir as influências do passado. (FREUD, 1980 [1937]:265).
Rita falou pouco de sua vida, o assunto da morte e internamento de sua filha foi um tanto que restrito e "omitido", falou sobre sua estadia fora do Brasil e uma certa culpa, demonstrando dificuldade em lidar com a escolha.
Cada fato trazia à mãe um profundo sofrimento, a angústia era exposta em diferentes níveis de sofrimento, indo de desamparo a desordem egóica
Decidimos presumir a existência de apenas duas pulsões básicas, Eros e a pulsão destrutiva. (...) O objetivo da primeira dessas pulsões básicas é estabelecer unidades cada vez maiores e assim preservá-las – em resumo, unir; o objetivo da segunda, pelo contrário, é desfazer conexões e, assim, destruir coisas. No caso da pulsão destrutiva, podemos supor que seu objetivo é levar o que é vivo a um estado inorgânico. (FREUD, 1980 [1938]:173).
Assim, a perda de Rita não foi apenas uma perda de si, como é comum na ferida narcísica, ela perdeu a si mesmo. Seu estado permitia identificar-se com a filha morta.
Após as conversas, Ela continuava sofrendo, mas aos poucos se reorganizava, sua dor tornava-se suportável e suas ações mais eficazes.
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