Dibs a Procura de Si Mesmo
Por: Pedro Soares • 18/4/2016 • Resenha • 9.707 Palavras (39 Páginas) • 552 Visualizações
Prólogo
Introdução
Dibs - Primeiro Contato
Uma criança que demonstra insegurança e desconfiança na relação com as pessoas.
Chegou a escola fechado como se estivesse num casulo, depois de um tempo procurou descobrir o ambiente a sua volta e a explorá-lo, embora a sua interação com as pessoas fosse muito limitada.
Na escola, Dibs vai paulatinamente mostrando interesse pelo mundo e pelo processo de descoberta. Folheava livros com interesse embora ainda não soubesse ler. Além disso, mostrava interesse por quebra-cabeças, brinquedos e outros materiais disponíveis, dos quais ia se aproximando paulatinamente sem haver a interação e contato direto com outras pessoas, pois esta proximidade mostrava-se conflituosa para ele.
Demonstrava desconforto e deslocamento ao interagir com os colegas e também com os professores.
Em alguns momentos era acometido por acessos de raiva e adotava comportamentos que podiam sugerir certo grau de retardo mental, embora em outros momentos apresentasse reações em algumas atividades que evidenciava um nível de inteligência superior e original.
Capítulo I
O Momento de sair da escola e retornar para casa mostrava-se de grande angústia para Dibs que, ao contrário, não apresentava a mesma reação quando tinha que ir para a escola.
A forma como o motorista e a mãe se comportavam tanto para levá-lo quanto para buscá-lo apontavam um comportamento que desconsiderava o reconhecimento de Dibs como uma pessoa, parecia um fardo a ser entregue na escola e a ser recolhido logo depois.
As atitudes de Dibs frustravam os professores, a psicóloga da escola e o médico, isolava-se num casulo e reagia de forma desconfortável a uma maior proximidade dos outros, em particular do médico com seu jaleco de cor branca, recuando e apontando as mãos numa atitude de querer arranhá-lo se ele viesse até ele.
Uma psicóloga clínica ao chegar a escola e ouvir o relato dos profissionais entrou em contato com a mãe de Dibs expondo todas as dificuldades, ouvindo da mesma que ela e o pai de Dibs já estavam conformados em aceitar que o filho tinha um retardo mental ou lesão cerebral, desconsiderando qualquer influência da sua interação emocional junto ao filho.
Se a escola não pudesse continuar com Dibs a mãe pediu que recomendassem um internato para crianças em condição de excepcionalidade, mostrando que já desconsiderava qualquer possibilidade ou esperança de interagir com o próprio filho.
Hedda, uma das professoras sentia que Dibs estaria próximo de um desabrochar, suas defesas não poderiam resistir por muito mais tempo diante deste conflituoso ambiente psicológico. A psicóloga clínica através de algumas sessões de ludoterapia iria tentar compreender mais o que se passava no universo de Dibs.
Capítulo II
A Psicóloga Clínica observou Dibs em sua interação na sala de aula, vendo que ele se isolava num canto observando todo o ambiente e aos poucos ia se acercando de alguns objetos de interesse por um tempo, logo o substituindo por outro.
Ao pegar um livro a professora para facilitar a análise da Psicóloga tentou um diálogo com Dibs sobre o livro de pássaros que ele estava folheando, sentindo a sua privacidade invadida ele atirou o livro para longee se jogou ao chão inerte como um cadáver, como que querendo dizer ao outro que esquecesse que ele existe.
Desta forma, Dibs expressava o seu profundo desconforto com a interação humana, embora a professora tenha procurado ser gentil e amistosa em sua aproximação.
Participando das atividades ao ar livre, Dibs evidenciava uma descoordenação tanto física quanto emocional em seus movimentos, como se o seu corpo estivesse preso. Ao contrário das outras crianças que corriam, pulavam e se entretinham nas mais diversas atividades e brincadeiras, Dibs ficou em um canto riscando o chão com um graveto, focava a sua atenção num horizonte muito restrito de interesse e isolado dos demais.
No período de descanso, que se seguiu a esta atividade, as crianças voltaram para a sala pegando o seu colchãozinho, Dibs fez o mesmo ficando isolado das demais crianças, momento em que colocou o dedo na boca evidenciando carência afetiva e de contato.
Em seguida ao descanso foi com a Psicóloga que o convidou até a sala de ludoterapia, ambiente no qual ele procurou identificar e expressar verbalmente o nome de todos os objetos e brinquedos que lá estavam.
Identificou também miniaturas de pessoas que formavam uma família, pai, mãe, filho, filha e um bebê.
Olhando uma casa de bonecas, expressou várias vezes a expressão: Portas trancadas, não, de forma sofrida fazendo com que a voz se reduzisse a um leve sussuro.
A reação de Dibs sugeria que ele não gostava de portas fechadas ou trancadas e das paredes que impedem um contato com o exterior.
Retirou os bonecos que representavam os pais da casa e ordenou que fossem para a loja. Ao ver que as paredes da casa podiam ser retiradas, arrancou todas elas mostrando o seu desconforto diante da presença delas, que lhe causava um sentimento de isolamento.
Ao retirar as paredes, Dibs começou a experimentar o alívio de se libertar de condições que o asfixiavam e que construiam barreira psicológicas que o afastava do mundo e das pessoas a sua volta.
No término da sessão de ludoterapia, a psicóloga perguntou para ele se poderia ir sozinho até a sala de aula e ele não se opôs, passando a fazer algo sozinho e de forma segura pela primeira vez.
Percebeu nele uma reação diferente e um certo ar de surpresa e satisfação, passando a edificar uma autonomia emocional para decidir algo e poder agir por si mesmo.
Capítulo III
A Psicóloga Clínica entra em contato com a mãe de Dibs e combina de reunir-se com ela para falar sobre o garoto recebendo o convite para encontrá-la em sua residência.
Ao chegar, percebeu que a casa era uma Mansão Antiga, meticulosamente conservada numa bairro e rua nobre e tradicional da cidade. Pode ouvir ao chegar a voz de Dibs protestando: portas fechadas não.
A casa tinha uma decoração impecável com tudo em seu devido lugar, não parecia um ambiente adequado para que uma criança pudesse viver em liberdade pois a ordem parecia um imperativo geral.
Toda a liberdade e espontaneidade de alguém parecia encontrar uma tão forte disciplina e rigidez imposta que seria impossível alguém expressá-la.
A mãe de Dibs de forma cortês conquanto muito séria, cumprimentou a psicóloga. Serviu-se um chá de forma deslumbrante, um serviço impecável sendo a seguir exposta a situação.
Antecipando-se a qualquer consideração da psicóloga, a mãe de Dibs mostrou-se consciente da gravidade do estado do filho não esperando nenhum milagre ou reversão do seu estado. Contudo, se o filho pudesse de alguma forma ser útil ao desenvolvimento da ciência estaria disposta a colaborar para o avanço de qualquer linha de pesquisa na área do comportamento humano.
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