ESTRESSE E TRABALHO: O PROCESSO DO ADOECER

Vivemos em uma sociedade, não como opção, mas como imposição. Uma sociedade complexa criativa e relativamente independente de forma realizadora, em virtude de nossa própria condição de ser humano. Não existe a pessoa totalmente independente e isolada dos outros. Para alcançar nossos objetivos, poderíamos dizer que primeiramente nosso viver só é possível por meio da convivência e temos como condição necessária o “realizar” dentro do meio social. Devido a isso, estamos, pois, destinados a viver em uma constante interação com os outros que tem temperamentos, projetos de vidas e modo de adaptação diferente, o que gera, sem duvida, conflitos, tensões e stress.

Notadamente, esse fato no quotidiano das empresas, pode configurar um desafio a sobrevivência “do modo de ser, de pensar e de manter nosso bem estar biológico, psicológico e social” (LIMONGI FRANÇA, 2009, P.18).

O ser humano, em uma abordagem psicossomática, é dotado das dimensões biológica, psicológica e social que PE inerente a cada ser humano que diferenciam-se em termos de funcionamento e modos de reação.

Segundo França (2009), p. 22, a dimensão biológica refere-se às características constitucionais herdadas e congênitas, incluindo os diferentes órgãos e sistemas que promovem o funcionamento do corpo humano, inclusive a vulnerabilidade do corpo. A dimensão psicológica, corresponde aos processos afetivos, conscientes ou inconscientes, emocionais e intelectuais, caracterizando a personalidade, a vida mental, ou seja, a forma de se relacionar com as pessoas e o mundo que os rodeia. Já a dimensão social é relativamente às incorporações e influências de valores, o papel da família, no trabalho e em grupos e comunidades. O ambiente físico onde o ser humano vive.

Dentro deste contexto, o corpo reage às situações da vida de maneira peculiar dentro ou fora das instituições.

Há múltiplas causas para ocasionar uma doença, não vamos entrar em na historia das doenças, mas resumidamente, o modelo da multicausalidade implica na interação recíproca entre múltiplos fatores, ou seja, as dimensões citadas anteriormente.

Nas palavras do sociólogo Gilberto Freire (1983) citado por França (2009, p. 27):

O ser humano é um todo biológico, ecológico e socialmente determinado. E seu bem estar – alem de físico, psicossocial – está dependente e relacionado a situações que o envolve, como membro de um grupo em particular, e de uma comunidade, e mais do que isto, de um sistema sociocultural em geral, não apenas de sua herança biológica ou de fatores ecológicos.

O termo stress vem da física, utilizado por Hans Selye (FRANÇA, 2009, 32) para denominar o conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige de adaptação.

Limongi (2009, p. 33) traz o conceito de stress em dois aspectos: como processo e como estado. Como processo “é uma tensão diante de uma situação de desafio por ameaça ou conquista”. Já como estado é o “resultado positivo ou negativo do esforço gerado pela tensão mobilizada pela pessoa”.

O stress surge através de estímulos negativos ao olhar do ser humano. É uma falha no “projeto ser”, ou uma falha no processo adaptativo. Para ressaltar, há dois aspectos essenciais: de um lado, temos