Estagio em Psicologia Escolar
Por: LucasJK • 6/8/2015 • Trabalho acadêmico • 3.163 Palavras (13 Páginas) • 335 Visualizações
Mesmo assim os estagiários de Psicologia se mostram bastante interessados em
estar próximos dos alunos, estreitando o convívio com as turmas, principalmente nos
intervalos das aulas, aproveitando para conversar e interagir com os estudantes. A
resposta é bastante positiva, pois os jovens se mostram bem interessados e mantêm
diálogo aberto conosco, até vindo nos consultar e buscar apoio quando alguma
necessidade surge.
Como meu estágio foi praticamente só durante o período noturno e fiquei bem
interessado na sistemática de funcionamento da sala de aula e nas relações de ensinoaprendizagem,
nesse período do dia que é menos conhecido e estudado, escolhi usar
essa temática e desenvolver o trabalho sobre o assunto “O ensino noturno e os processos
de aprendizagem”. A intervenção realizada e descrita abaixo também caminha para o
mesmo tema, trazendo pontos de debate que são esmiuçados durante o item de
integração teórico-prática.
Intervenção realizada:
Numa das noites em que estávamos na sala do SOE, um aluno do 2º ano do
ensino médio, entrou na sala e pediu para falar com alguém da equipe da Psicologia,
porém teria que ser rápido, apenas o tempo do intervalo, pois na sequência teria aula de
português e a professora não gostava de atrasados. Como estávamos apenas a estagiária
da Psicologia e eu, pedimos para ele entrar e sentar. Fechamos a porta da sala, nos
apresentamos para o jovem, que chamarei aqui de Nelson e explicamos que ele podia
ficar bem à vontade e falar o motivo da visita.
Nesse momento Nelson falou que estava tendo dificuldade em estudar, pois tinha
trocado de emprego e estava mais difícil de chegar a tempo na escola. Além disso, ele
falou que tem chegado muito cansado no Piratini e não consegue prestar a atenção nas
aulas. Ainda levantou outras questões como que seria bem melhor apenas estudar,
deixando de trabalhar; que pessoas que trabalham não tem a mesma “chance” de
ingressar numa faculdade do que aqueles que têm todo tempo livre para o estudo. Além
disso, Nelson critica bastante o comportamento dos professores, falando que eles são
muito irritados e impacientes com a turma toda.
Conversamos com ele por cerca de 10 minutos para entender melhor o que se
passava com o jovem. Lhe demos algumas dicas sobre a importância da organização do
tempo de estudo e ressaltamos que como ele havia trocado a pouco tempo de emprego,
com o tempo ele iria conseguir se organizar melhor e a rotina provavelmente não iria
ficar tão pesada. Ele sorriu, dizendo que realmente já tinha ficado um pouco mais
tranquilo desde o começo da troca de trabalho, mas ele tinha medo de não dar conta e
não conseguir passar de ano. Respondemos que iria necessitar de concentração e
organização para conseguir acompanhar as aulas e que qualquer dificuldade que
surgisse ele deveria procurar o SOE novamente, que todos ali poderiam ajudá-lo.
Após o sinal de fim do intervalo, Nelson se levantou, assinou a ficha que a
estagiária tinha criado para registrar sua consulta conosco e agradeceu o
aconselhamento, dizendo que conseguiu ficar mais calmo e prometeu procurar o serviço
de orientação educacional caso tivesse alguma dificuldade.
Integração Teórico-prática:
a) As bases de formação do ensino noturno
O ensino médio noturno historicamente tem sofrido muitas transformações, tanto
na sua concepção quanto na sua execução, seja através das práticas pedagógicas ou das
legislações. Essa transformação vem das dinâmicas da própria sociedade, que tem na
escola um reflexo. À medida que as demandas sociais vão surgindo, novas exigências
são postas à escola e em especial ao ensino noturno, que tem um quadro de jovens
estudantes inseridos no mercado de trabalho sem a devida qualificação e com uma
jornada de seis, oito ou mais horas diárias, que lá estão por necessidade de
sobrevivência e auxílio dentro de suas famílias.
Esta condição de aluno-trabalhador talvez seja a característica mais forte dos
alunos do ensino médio noturno, condição esta de “trabalhador desqualificado e super
explorado ao peso de um salário vil e de uma delicada dupla jornada de trabalho: a da
fábrica, loja, escritório ou rural, e a da escola noturna” (PUCCI, 1995).
Tendo em vista as dinâmicas sociais especialmente no mundo do trabalho
pergunta-se constantemente, qual o papel da escola no atendimento ao aluno
trabalhador? A escola está preparada para atender os alunos de forma adequada, bem
como aos seus anseios e expectativas? Que conhecimentos o colégio tem da realidade
social na qual os alunos estão inseridos? A cada dia de estágio essas questões se
apresentavam em vários
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