Fichamento
Por: Tais04 • 23/3/2016 • Resenha • 1.588 Palavras (7 Páginas) • 629 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
SOUZA, B. P. Professora desesperada procura psicóloga para classe indisciplinada. In MACHADO, A. M.; SOUZA, M. P. R. (Orgs.) Psicologia escolar: em busca de novos rumos. SP: Casa do Psicólogo, 1997.
Resenha: Psicologia Escolar: Em Busca de Novos Rumos
Professora desesperada procura psicóloga para classe indisciplinada
Com a frequência de pedidos para lidar com bagunças e agressividades de alunos em escolas publicas é frequente, essas demandas são encaminhadas para psicólogas escolares. Algumas considerações devem ser feitas antes de passar o relato e analise de uma experiência especifica, e varia conforme a exigência de cada um. Verificasse qual é a do queixoso, a indisciplina é visto com frequência como distúrbio, como se o natural fosse à disciplina, a transgressão e a agressividade são inerentes ao ser humano e fundamentais para o desenvolvimento do individuo e da sociedade. Em cinco classes de terceira série do primeiro grau de uma escola pública da cidade de São Paulo, no ano de 1986 não perdeu a atualidade.
Na época, psicólogas de umas escolas e professoras solicitaram minha ajuda, com a queixa de indisciplina excessiva, inviabilizando o trabalho pedagógico. Estavam visivelmente extenuadas, fiz uma abordagem, subjaz a ideia do psicólogo como agente capaz de contribuir para o rompimento de discursos institucionalmente cristalizados, entre outras formas, pela abertura de espaços de expressão para discursos reprimidos.
Realizando uma reunião inicial com as professoras, e aprofundando a queixa, estabeleci as especificidades de cada classe, e verificando que não parecia tratar-se de rigidez excessiva das professoras. Uma das professoras não apresentava queixa, mas interessava-se pelo assunto. Propus que em conjunto víssemos e ouvíssemos a versão dos alunos com relação ao que estava acontecendo. Fiz um pedido a eles que se expressassem de alguma forma no papel, como sentiam a classe e anonimamente. Analisei a produção dos alunos, reuni-me com cada professora para discutirmos tal análise, levantando mais hipóteses e pensar na devolutiva com a classe, feita com a professora presente e com algumas classes foram feitas várias reuniões.
Com as professoras, o trabalho prosseguiu algum tempo mais, com reuniões de acompanhamento. Foi interessante ter adotado procedimento similar com a classe da professora não-queixosa, pois seus resultados ofereceram interessante e produtivo contraponto.
Passo a apresentar algumas das produções que mais se repetiram e que ilustram as questões mais candentes.
Abre-se a questão da massificação, da indiscriminação entre os membros da classe, é preciso salientar que as produções da classe da professora não queixosa eram repletas de nomes, nomearam de quem gostavam ou não, quem queria namorar e também se percebia com facilidade os subgrupos da classe etc.
Esse texto vem aclarar o que já aparecia na ilustração anterior: num lugar onde só a racionalidade é admitida, não pode haver brincadeira, que em tal contexto muda de nome e significado. Brincadeira na escola é bagunça. Bagunça na rua é brincadeira. Veja- se como o aluno se perde com esses dois termos pelo meio do texto, quando passa da escola para a rua. Isso indicou — e confirmou-se depois no contato com o aluno-autor. Diferentes são os significados conforme o contexto. Ora, a necessidade de brincar, irreprimível (são crianças!), sem possibilidades institucionais de satisfação, procura canais por sua própria conta: a “bagunça”.
A questão da cisão entre o estudar e o brincar, ou melhor, (ou pior), entre estudar e ter prazer, foi das que mais apareceu. Não que eu acredite ser possível estudar tendo prazer e brincando o tempo todo, mas sabemos que existem muitas estratégias pedagógicas que contemplam integradamente ludicidade e conteúdo escolar, além de propiciar a aprendizagem significativa. Estratégias com estas características quase não vinham sendo utilizadas pelas professoras, e quando isso ocorria, a classe ficava muito insegura, pois era algo que desde a pré-escola praticamente deixaram de vivenciar. Tal cisão naturalmente contribui para afastar o interesse dos alunos dos conteúdos escolares, influindo diretamente na aprendizagem.
Mais uma vez foi muito positivo o envolvimento da professora não queixosa e de sua classe, pois ficou claro que não era coincidência o fato de ela ser a única que usava com frequência técnicas de trabalho em grupo, colagens, desenhos etc.
Na figura 3 os alunos repetiram muito desenhos em pé, e onde só apareciam alguns nomes de objetos escolares. Na lousa esta repleta de exercícios repetitivos, maçantes. Revelado diante dos desenhos que o ensino esta maçante. Na figura 4 a lousa já aparece frequentemente vazia, mostrando para as psicólogas escolares, um vazio de significados dos conteúdos escolares para os alunos, e é visto como obstáculos a serem saltados para se chegar ao diploma, ser um bom aluno, ou ate mesmo ser um cidadão respeitável.
Como nos outros pontos anteriores com as professoras revelou-se a complexidade que envolve mudanças de abordagens pedagógicas, fica difícil transmitir aos alunos um prazer em estudar quando o próprio vínculo dos professores com o estudo é ruim, e ensinar conteúdos específicos onde nunca se viu, fica difícil ensinar de forma significativa. As ações do psicólogo e do pedagogo se complementam, mas acabando faltando técnicas pedagógicas ao psicólogo, e ao pedagogo falta a formação para que eles possam lidar com questões mais profundas como o ocorrido nesses casos que foram encaminhadas para o psicólogo.
Na figura 5 aparecem crianças amarradas às cadeiras, que seriam as educadas, e já no segundo quadro aparece um conflito marcante em todas as classes, e bem conhecido com quem lida com escolas, o que ocorre entre meninos e meninas, e sendo massacradas pelos meninos.
Dentro da escola vem sendo presentes machismo, onde se faz parte em toda a sociedade. No mundo extra-muros escolares, foram observado os mais fortes dominando os mais fracos,
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