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Fichamento Pt 2 Manual de psico hospitalar

Por:   •  21/3/2017  •  Resenha  •  3.346 Palavras (14 Páginas)  •  808 Visualizações

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Universidade Paulista – UNIP

Psicologia

EIP - Atuação psicológica em contextos de Atenção à Saúde

Nancy Capretz Batista da Silva

Nadya Luana Guerrero Florencio – B849GA-7 – PS9Q17

Fichamento de citações

SIMONETTI, A. Segunda Parte - Terapêutica. In: _______. Manual de Psicologia Hospitalar – O Mapa da Doença. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2016. P. 115 – 159

        A segunda parte do Manual de Psicologia Hospitalar fala sobre as estratégias e técnicas da psicologia hospitalar. A estratégia e técnica não podem ser entendidas como ferramentas ou mesmo instrumentos a serem aplicadas sobre o objeto (que no caso é o paciente), ambas irão surgir a partir da relação psicólogo e paciente e assim, não deve ser compreendido ou praticado de maneira rígida, ao contrário, é necessário que haja adequação a cada circunstância. A estratégia fundamental e primeira do trabalho do psicólogo hospitalar é escutar. Ouvindo e acolhendo o paciente em sua necessidade é que será possível que ele encontre novos significados para sua angústia e por esta razão é que o trabalho irá se basear na escuta e no “fazer falar”. “Angústia é aquilo que, de acordo com a teoria lacaniana, ocorre quando não se tem significantes que simbolizam o buraco no Real, ou seja, acabar com a angústia é fazer com que o angustiado fale, signifique o seu buraco.” (p. 116).

        É preciso que o paciente fale para que surja sua subjetividade em relação ao seu processo de adoecimento, pois enquanto não há um movimento de fala, todas as fantasias que o paciente possui em relação a isto, estão apenas dentro dele e a partir do momento que ele as externaliza, cria a possibilidade de ressignificação e então entra de fato em contato com o adoecer e não mais somente com a doença propriamente dita, de forma biológica. Ao falar, o paciente “cumpre o famoso dito em psicologia hospitalar, segundo o qual “...não existem doenças, existem doentes” (Perestelo, 1989). Doenças não falam, doentes sim.” (p. 116)

        A Entrevista é o meio utilizado para começar o diálogo com o paciente. São feitas perguntas objetivas, mas a intenção não é simplesmente receber as respostas, mesmo porque, para algumas delas é possível que o psicólogo já tenha tido acesso, a intenção na realidade, além de dar início à conversa, é dar voz ao sujeito de forma que seja possível um começo de elaboração psíquica através da fala. A entrevista, assim como a associação livre, são formas de estabelecer o vínculo entre psicólogo e paciente e por isso, de maneira alguma deve se assemelhar a uma entrevista e muito menos um interrogatório, deve se parecer como uma conversa informal, um bate-papo, para o paciente.

A Associação livre é basicamente pedir que o paciente fale tudo o que sentir vontade/necessidade de expressar e é importante que exista, por parte do psicólogo, a escuta atenta por meio da atenção flutuante para que seja possível perceber os conteúdos que o paciente está apresentando para além da doença, afinal, embora ele esteja num ambiente hospitalar, não deixou de ser um individuo e, portanto, o psicólogo não deve seguir o caminho da equipe medica e reduzi-lo aos seus sintomas.

        Fazer silêncio pode ser difícil, mas como dito em diversos momentos neste Manual, o psicólogo hospitalar deve sempre dar preferência para escutar a fala do paciente e isto não quer dizer que ele não possa também falar, mas sua fala deve ter o propósito de reestabelecer a fala do paciente e nunca uma fala ‘solta’ ou carregada de opiniões próprias. “O silêncio é poderoso; ele é como um vácuo, puxa as palavras, pede para ser preenchido, e no caso da psicologia hospitalar deve ser preenchido, idealmente, pela fala do paciente.” (p. 117). De fato, mais importantes que sua abstenção de fala, é propiciar ao outro um espaço para que ele possa falar, além do mais, existem momentos em que não se pode fazer mais que isso. “Certas horas não admitem palavras.” (p. 118).

        É importante ter em mente que o psicólogo não tem a responsabilidade de mudar o paciente, aliás, ninguém pode fazer isso por outro alguém se a pessoa não estiver pronta para a mudança. Essa mudança de comportamento, na verdade é muito mais uma consequência do trabalho do psicólogo do que seu objetivo primeiro, uma vez que o trabalho do psicólogo é facilitar a elaboração psíquica, podendo ou não levar a mudança de comportamento, inclusive por seu compromisso ser com a verdade do indivíduo e não com esta mudança.

        A negação é uma defesa e só se defende quem se sente atacado. Se o paciente está utilizando a negação como forma de defesa, é por não ter encontrado algo melhor.

“O objetivo da psicologia hospitalar não é convencer o paciente de que ele é um doente, nem forçá-lo a concordar com o diagnóstico médico; tudo o que o psicólogo deseja é que o paciente fale, fale de si, da doença, do que quiser. Quando o paciente pode falar livremente, a negação não raro se desvanece.” (p. 119).

        É preciso trabalhar junto ao paciente a negação (bem como quaisquer defesas) de forma a não expor o paciente a angústias que ele não irá conseguir lidar naquele momento. Assim, é necessário que o trabalho seja realizado de forma a auxiliar na transposição das barreiras de defesas de forma que não as rompa bruscamente e nem tampouco a força.

        O paciente que está na posição da revolta geralmente tem o rótulo de “paciente difícil” para a equipe de enfermagem, porém é sempre necessário que o psicólogo hospitalar não julgue seus comportamentos a partir de concepções de certo e errado, mas descubra qual a verdade daquele paciente e então trabalhe junto a ele esta verdade. É bem verdade que a revolta auxilia na redução de angústia, entretanto, se há revolta, há também sentimentos reprimidos e então o trabalho do psicólogo deve ser de fazer falar para que esses sentimentos possam ser elaborados para que já não se faça necessário gritar para ser ouvido, por exemplo.

        É comum e até mesmo esperado que a depressão faça parte do processo de adoecimento. Quando o paciente encontra-se deprimido, muitas vezes não quer conversar e não há expressão através da fala, o que não quer dizer que está alheio à situação ou que não está fazendo nada: “na depressão a energia psíquica abandona os objetos externos e volta-se para o interior, na tentativa de realizar o trabalho psíquico, a saber, o trabalho de elaboração das perdas, reais e imaginárias.” (p. 121), nesses momentos é necessário que o psicólogo seja capaz de suportar o outro em sua angústia sem tentar animá-lo, mostrando o ‘lado bom da vida’, ou tentando fazer com que ele seja otimista, ou ainda lhe dando lições de moral, muito pelo contrário, é necessário que o psicólogo hospitalar esteja preparado para lidar com o silêncio e com a angústia, sem fazer inferências, de modo que o paciente possa perceber que quando ele sentir vontade para se expressar, terá com o psicólogo um espaço aberto e sem julgamentos para fazê-lo.

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