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O manual de Psicologia Hospitalar

Por:   •  22/3/2017  •  Resenha  •  2.161 Palavras (9 Páginas)  •  1.781 Visualizações

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SIMONETTI, A. Manual de Psicologia Hospitalar - O Mapa da doença. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2016.

O referido livro está dividido em duas partes principais: diagnóstico e terapêutica.

Diagnóstico: dá uma visão panorâmica do que está acontecendo em torno da doença e da pessoa adoentada; o diagnóstico serve como estrela do norte. Há quatro tipos de diagnósticos que ajudam o psicólogo organizar seu pensamento sobre o paciente.

1. Reacional: que estabelece como a pessoa está reagindo à doença;

2. Médico: sumário da situação clínica;

3. Situacional: análise das diversas áreas da vida do paciente;

4. Transferencial: estuda a relação que o paciente estabelece a partir do adoecimento.

Terapêutica: arte de fazer algo útil diante da pessoa adoentada, ou seja, o trabalho clínico, com suas estratégias e técnicas (ensina a fazer). A terapêutica busca responder a questão: o que faz um psicólogo no hospital? E o que pode-se perceber é que ele abre espaço para a subjetividade da pessoa adoentada; influi no curso da doença, modificando a vivência do paciente com a doença, assim como também a vivência do médico e da família, além disso, este trabalho é exclusivo do psicólogo. Para que o trabalho do psicólogo possa fluir no ambiente hospitalar, é preciso que se compreenda a medicação como um sintoma da modernidade, assim como também é fundamental que tenha noção das medicações e suas razões de usar, buscando informações sobre elas e sabendo onde pode encontrar quando necessário, conhecendo-as sumariamente, para que não fique perdido na fala do paciente quando ele se referir a algum remédio, também é preciso saber qual a função do remédio na subjetividade da pessoa.

A psicologia hospitalar pode ser compreendida como um campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento. O foco da psicologia hospitalar são os aspectos psicológicos e não as causas psicológicas. A psicologia hospitalar não está voltada apenas para as doenças psicossomáticas, mas para os aspectos psicológicos de qualquer doença. Como qualquer doença tem sua subjetividade e as pessoas se relacionam com elas de formas singulares, é possível que haja um ganho em relação ao trabalho da psicologia hospitalar para qualquer situação de doença.

Parece haver consenso entre a psicologia e a medicina, quanto à complexidade de fatores que contribuem e/ou desencadeiam as doenças, porém não é o foco quantificar cada aspecto, mesmo porque não existem recursos na ciência atual para isto, além do que, acredita-se que o psíquico é orgânico e vice-versa e, portanto, não há motivo para o psicólogo perder-se nessa disputa. Apesar de a psicologia hospitalar falar muito dos aspectos psíquicos da doença, não descarta a importância do orgânico, perguntando sempre como se dá a reação do psíquico frente ao orgânico, ou a doença instaurada no corpo, ou mesmo da realidade da doença vivida pelo paciente. Os aspectos psicológicos são entendidos como as manifestações de subjetividade diante da doença. Esses aspectos têm uma participação diversa no adoecer, podendo ser, dependendo de cada situação, a causa da doença ou também, desencadeador, um agravante, um fator de manutenção do adoecer, ou mesmo como uma consequência do processor de adoecimento. É chamada de doença psicossomática, aquela que tem sua origem nos aspectos psicológicos, ou seja, quando as emoções e conflitos psíquicos interferem de forma a gerar uma doença orgânica. Embora a psicologia hospitalar tenha nascido a partir da psicossomática e da psicanálise, ela tem cada vez mais ampliando seu campo de atuação e práticas, de forma a criar uma identidade própria. Dito isso, é possível perceber que a psicologia hospitalar não se restringe ao campo da psicossomática, embora compartilhem o trabalho de identificar e tratar as causas psíquicas da doença orgânica.

A doença é um exemplo de perda, afinal, no processo de adoecimento, perde-se a saúde, tempo, dinheiro, autonomia e por vezes a esperança, quando não perde a vida de fato e essas perdas têm um significado subjetivo para cada indivíduo. E considerando que as pessoas geralmente atribuem significados para todas as coisas, com a doença isto não é uma exceção e esse conjunto de significados contribui para a constituição dos aspectos psicológicos. Há também um pensamento de que além das perdas obtidas com as doenças, existem alguns ganhos secundários (mais atenção, mais cuidados) que podem auxiliar na manutenção do adoecimento. Como o foco da psicologia hospitalar são os aspectos psicológicos do adoecimento e acredita-se que estes se encontram encarnados não somente no paciente, mas também em seus familiares e equipe médica, esta modalidade do fazer psicológico visa à facilitação das relações entre os envolvidos, de maneira que fortaleça as ligações. Uma vez que as intenções e expectativas de cada parte envolvida são distintas, se considerarmos que o paciente deseja livrar-se do sintoma, a família anseia pelo prognóstico e a equipe médica necessita do diagnóstico para poder trabalhar, a função da psicologia hospitalar é manejar este desencontro entre os grupos.

O objetivo da psicologia hospitalar resumido em uma única palavra é subjetividade. Quando o corpo se depara com uma doença, a subjetividade da pessoa acometida é deixada de lado e então a psicologia hospitalar visa devolvê-la ao indivíduo ao se dispor a ouvi-lo falando de si e de sua doença, de suas experiências, medos e anseios e com a criação desse espaço, é possível restituir ao paciente a subjetividade que a medicina lhe tomou. O propósito da psicologia hospitalar não é de impor qualquer meta idealizada, mas sim de auxiliar na elaboração simbólica do adoecer, não fazendo quaisquer garantias de onde será possível chegar ou conquistas a se alcançar, já que não há como estabelecer tais previsões, por não saber se serão possíveis ou alcançadas, assim, já que os resultados são incertos e dependem de tantos fatores variáveis, o psicólogo hospitalar não é mais do que um ouvinte.

É necessário perceber diferenças fundamentais entre a medicina e a psicologia, pois embora a psicologia esteja no ambiente hospitalar e se aproxime da medicina, seu propósito é bastante diferente, já que enquanto a medicina tem por objetivo principal curar doenças e salvar as vidas dos pacientes, a psicologia busca a subjetividade, como já mencionado outras vezes. Desse modo, fica evidente que a psicologia não busca melhorar a medicina, apesar de por consequência

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