Fichamento - o terapeuta
Por: saminha20 • 24/10/2016 • Trabalho acadêmico • 768 Palavras (4 Páginas) • 335 Visualizações
Fichamento - O Terapeuta
A prática da psicoterapia exige duas espécies de competência: uma formação acadêmica específica e determinadas características da personalidade. Conforme os rogerianos, a técnica está subordinada às atitudes e a formação profissional à personalidade; segundo eles, então, para além da formação, é imprescindível que o psicoterapeuta possua certas qualidades pessoais que contribuem para a eficácia do processo psicoterápico, a saber: capacidade empática, autenticidade, concepção positiva e liberal do homem e das relações humanas, maturidade emocional e compreensão de si mesmo.
A empatia se refere à capacidade de se colocar no lugar do outro e perceber o mundo através de seu ângulo de experiência, evitando toda forma de avaliação, julgamento e crítica. A capacidade empática está enraizada na personalidade do seu praticante e, por meio dela, o terapeuta adentra – de forma objetiva e emocionalmente independente – no universo da subjetividade de outra pessoa (no caso, o cliente), procurando participar, sentir e apreender o que ela está vivenciando. A empatia pode ser desenvolvida, mas exige uma modificação da personalidade e a reorganização do sistema de necessidades, interesses e valores do indivíduo.
Ressalta-se que a empatia é diferente da simpatia, pois esta faz referências apenas às emoções, enquanto aquela envolve a apreensão dos fatores cognitivos e emocionais da outra pessoa; também é distinta da intuição para o diagnóstico que, ao contrário da empatia, é adquirida por formação profissional e está relacionada à competência de observar, avaliar e interpretar as manifestações das vivências de outrem.
Por sua vez, a autenticidade diz respeito ao acordo interno que há entre a experiência e sua representação na consciência do sujeito, ou seja, consiste em falar ou em agir conforme a representação consciente tal como é experimentada. Dessa forma, para que seu auxílio seja eficaz, é preciso que o terapeuta experimente autenticamente os sentimentos que manifesta (verbal e não-verbal). Ele não deve, portanto, se contentar em agir “como se” algo acontecesse realmente (por exemplo, “como se” se colocasse sob o ponto de vista do cliente, quando, na verdade, não está), pois a constância do comportamento só será possível se este for autêntico, e isso é decisivo na relação interpessoal entre psicólogo e paciente. Caso o psicoterapeuta não consiga ter ou manter a autenticidade no decorrer da terapia, deve elucidar o problema para o cliente ou encaminha-lo para um colega.
Além disso, o psicoterapeuta deve ter uma concepção positiva e liberal do homem e das relações humanas. É relevante também que ele seja capaz de ir além de sua maneira comum de pensar e reagir – que estão arraigadas em sua personalidade e estilo de vida – e se comprometa para adquirir atitudes e assimilar novos valores a partir de novas situações apresentadas e experiências vividas, considerando que essa reorganização em seu sistema valorativo e atitudinal pode ser decisivo para o sucesso da terapia.
Outro atributo pessoal indispensável que o profissional deve ter é a maturidade emocional, que envolve o equilíbrio emotivo-racional e compreende a capacidade para participar da mudança de outro indivíduo sem querer molda-lo conforme sua própria imagem, entendendo que é um amplificador de esforços do cliente e não seu juiz. Logo, o psicólogo que possui essa qualidade não aceita situações em que o paciente quase lhe implora para que o tome pela mão e o molde conforme seu querer, pois entende que sua função não é se apossar da personalidade e vontade dessa pessoa ou guia-la segundo suas fórmulas ou receitas, mas de ajudá-la no processo satisfatório de ser e de se sentir autônoma.
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