Filme Nise- O coração da loucura e o texto Doença mental e psicologia
Por: Leidiane Rodrigues • 4/12/2018 • Ensaio • 1.373 Palavras (6 Páginas) • 580 Visualizações
Ensaio: Filme Nise- O coração da loucura e o texto Doença mental e psicologia.
Esse texto tem como objetivo explanar sobre os assuntos, doenças, doenças mentais, a constituição histórica da psicopatologia, a cultura e a percepção dessa, como ele é percebida no meio profissional e social no texto do livro “doença mental e psicologia” de Michel Foucault foi um filósofo, historiador das ideias, teórico social, filólogo, crítico literário e professor da cátedra História dos Sistemas do Pensamento, no célebre Collège de France, de 1970 até 1984, associando com o filme Nise - O Coração da Loucura é um filme brasileiro 2016 dirigido por Roberto Berliner.
Falar sobre doença mental, a existência dela e como ela é percebida vamos, é algo complexo, segundo Foucault é preciso entender que a existência da doença vai além da manifestação, tem a ver com a compreensão, saber que a história individual de cada sujeito, que existe uma significação única que cada indivíduo faz. O autor continua pontuando que é um erro querer colocar o paciente no local de objeto a ser tratado e estudado, ao invés de ajuda-lo a ter uma compreensão de sua realidade e junto com ele buscar essa compreensão e passar a ver a doença com os olhos do próprio doente, da forma que cada um usa a sua subjetividade para lidar com a situação. É errôneo pensar que o paciente não tem consciência de sua doença, ele possui de forma original, ele percebe e não ignora a sua situação, ou seja o médico não está no local de detentor do conhecimento sobre a doença e o doente não está do lado da doença que tudo ignora inclusive sua existência. Ele pode até nega-la no intuito de vence-la e lhe atribui um sentido acidental e orgânico, deixando-a no limite do seu corpo, mas a percepção está presente, não deixou de existir. Muitas vezes o paciente se vê em uma existência nova que altera o sentido de sua vida e acaba sendo absorvido pelo mundo da doença, as doenças mentais quaisquer que sejam sua forma implica sempre em uma consciência da doença, essa nova realidade em que o paciente se vê nunca é um absoluto, não o tirando completamente da percepção de realidade.
No filme Nise vemos a fala que traz essa humanização: “Pacientes não! Nós que devemos ser pacientes com eles, pois estamos a serviço deles. Eles são nossos clientes!”. A doutora se mostrou mais uma vez muito humanista, ao fato de que não olhou somente para aqueles doentes enxergando-os como seres humanos, mas também, ao tratá-los de uma forma respeitosa, visando realmente o bem e a preservação da saúde de cada um deles, buscando entende-los deixando no primeiro momento eles livres para se comportarem cada um dá sua forma e observava-os, não os pressionava a fazer as atividades, mas com carinho ia intervindo e conseguindo extrair deles comportamentos e provando que eles eram seres humanos, com sentimentos. O trabalho de Nise mostra que afeto, amor, humanização faz com que possamos entender o outro e intervir na sua percepção.
Outro fator que é importante pontuar que Faucault trouxe no texto é que cada distúrbio tem sua forma de apresentar-se ele pode ser, temporal da existência maníaca, onde o tempo torna-se momentâneo, sem abertura para o passado ou futuro, cometendo-se de repetições e o espaço torna-se insular e rígido e afirma-se no seu isolamento, outro ponto é o um mundo infinitamente fluido do delírio alucinatório e por fim atinge a esfera individual o corpo deixa de ser o centro de referência, tornando-se muitas vezes rígidos, como se fosse cadáver, uma máquina ou um objeto inanimado. No filme vemos várias dessas manifestações pelos personagens ... que vai sendo vencido ao pouco com a pintura, com terapia se utilizando dos cães no decorrer do filme vamos vendo uma melhora em cada personagem que é obtido pelo acolhimento, o entender o outro, vencendo os preconceitos
Quando partimos para o pressuposto da cultura, Foucault nos faz compreender que a doença só tem realidade e valor de doença no interior de uma cultura que a reconhece como tal. Cada cultura formará uma imagem da doença. Um ponto a ressaltar é que o autor traz que a doença é encarada sob um aspecto ao mesmo tempo negativo e virtual. Negativo, pois se afasta de uma norma, e que nesse afastamento reside toda a essência do patológico e a questão virtual pois há várias possibilidades. Devido essa percepção ninguém quer reconhecer-se como doente, pois no momento em que é diagnosticado a doença, o doente passa a ser excluído. No texto percebemos isso nitidamente a forma que os pacientes eram tratados, ficavam em uma ala isolada com portão fechados, tinha umas selas... para os mais agressivos, eram tratados como criminosos, animais, mau tratados, os familiares se distanciavam não recebiam visitas, a cultura machista e o conservadorismo da classe psiquiátrica que achava como pontuamos acima que o médico é o detentor do saber dificultou o trabalho de Nise, não respeitando as mudanças proposta pela medica psiquiátrica . O contexto ocorre na década de 40 e percebemos os mau tratos como a forma que a psiquiatria tratava os doentes dessa época, quando Nise traz essa outra forma de tratar os paciente é pouco entendida diante da falta de conhecimento que os médicos possuíam, onde o conhecimento mais recente era o uso do eletrochoque e a lobotomia, onde humanos eram tratados como animais, ainda se existe mal tratos, de forma mais silenciosa e menos agressiva através de medicalização, onde se dopa o paciente, ainda se existe um olhar para esses enfermos de marginalidade um olhar de preconceito da sociedade, culturalmente trazidos ao longo da história.
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