Resenha - Filme: "Nise - O Coracao da Loucura"

Ana Julia de Oliveira Maia - 5C

Psicopatologia - 18/03/2022

TDE 1 - Filme “Nise - O Coração da Loucura”

O filme “Nise – O coração da loucura” relata sobre uma psiquiatra, Nise da Silveira, que foi de grande relevância para mudanças no tratamento de transtornos mentais, com foco principal na esquizofrenia. O mesmo representou uma fase do Século XX, por volta de 1944, onde os médicos psiquiatras tratavam de pacientes com transtornos mentais em hospícios que não proporcionavam bem-estar e liberdade para os mesmos. Esses médicos na época, assim como tratado no filme, utilizavam de um método chamado eletroconvulsoterapia, onde era colocado o paciente psicopatológico na maca amarrado a forças, e utilizavam de aparelhos com ondas de choque até que o paciente convulsionasse. A lógica do tratamento era no fato de que, os pacientes com esquizofrenia, ao convulsionar, se acalmavam e paravam por um tempo a ter momentos de crise. Após a entrada da Doutora Psiquiatra Nise da Silveira, os tratamentos começaram a ser mais humanizados por parte dela, mostrando também uma grande influência para tratamentos futuros nas próximas épocas.

De acordo com o autor Dalgalarrondo (2019), pode-se considerar um caso psicopatológico “anormal” quando há alterações comportamentais e mentais de intensidade acentuada e de longa duração. O autor do livro classifica esses transtornos mentais como psicose, demências avançadas e deficiência intelectual profunda. Isso é representado no filme, pela esquizofrenia, como consequência das relações sociais, ou seja, o ambiente afetou a pessoa de tal forma que despertou o quadro desse transtorno, fazendo com que as mesmas passassem a interpretar as coisas de maneira diferente das pessoas ao redor. Bem retratado no filme ao mostrar que os pacientes não respondiam a psiquiatra em muitos momentos, e mostravam viver em sua própria realidade, dispersos do ambiente que os cercava.

Por muito tempo se tratou os pacientes com transtornos mentais presos e isolados da sociedade, a base de tratamentos brutais e cruéis, assim como relatado em O Coração da Loucura, porém ao nos depararmos com os métodos de tratamento de Nise e com a escrita de Canguilhem (1943), é notável que ambos viam os transtornos como uma doença comum. Assim como relatado em uma cena do filme onde a atriz que interpreta Nise diz que os envolvidos no tratamento dos

transtornos mentais, não tem medo do inconsciente. De modo que leva a concluir que eles tratavam o anormal como o possuir de outras normas, eles olhavam a pessoa doente como se a mesma tivesse se tornado outro homem, pois enquanto havia a psicopatologia, a mesma estava em outro universo. Com isso há a necessidade de naturalizar a vida dessa pessoa, assim como relatado no filme e comprovado pelo autor Canguilhem, quando a pessoa é capaz de seguir/construir novas normas, ainda há uma margem de tolerância às variações de seu meio, mostrando que o cliente pode viver em sociedade mesmo com seu transtorno.