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Livro “O Alienista”

Por:   •  3/4/2020  •  Resenha  •  619 Palavras (3 Páginas)  •  252 Visualizações

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O Alienista

O tema central da obra é um debate sobre a sanidade e a normalidade humanas e até que ponto estamos aptos a afirmar o que é ou não é ‘normal’. Machado de Assis coloca em questão nesse conto as fronteiras entre o que é normal e o que é anormal através de um médico que tenta entender os distúrbios psicológicos da população. “Alienista” era como chamava-se um médico psiquiatra, aquele que cuida de alienados, ou seja, pessoas loucas,  o personagem é dito como um médico muito conceituado no Brasil e no exterior. O Doutor, após passar pela frustração de não conseguir ter seus filhos, como planejava, acabou se concentrando nos estudos da psiquê humana e começa a ficar muito fissurado pelo tema. Conhecendo os ‘loucos’ da pequena vila onde habitava, ele tem a ideia de construir um abrigo para eles passem a ser acolhidos, recebam um tratamento adequado e sintam-se melhores.

Nota-se que, na história, o alienista está convicto de que a partir dessa ideia do abrigo, ele definirá o que é a loucura, como ocorre, as loucuras existentes e, ainda, descobrir a cura para tal. Ele chega a classificar os loucos em dois: os furiosos e os mansos, e passa a observar todos os seus comportamentos. Até que, ao prender quase toda a população, ele se dá conta que, a maioria das pessoas pensam parecido, o que seria o padrão da ‘anormalidade’, e apenas ele pensava fora do padrão, então ele seria o verdadeiro ‘anormal’. Após essa conclusão, solta todos os presos e ele mesmo se interna.

O conto remete diretamente à uma crítica social acerca de normalidade e anormalidade, discussão necessária à sociedade. Não no sentido de segregar o louco do são, isso já é feito desde os primórdios da humanidade. É importante salientar que, o conceito de normalidade se modifica com o tempo e, ainda, varia de acordo com cultura, valores e época presentes. Não parece honesto estabelecer um padrão de normalidade se, mesmo as crenças e personalidades humanas variam tanto. A Psicanálise afirma que, o que distingue o normal do anormal é muito mais uma questão de grau do que de natureza. Sendo assim, torna-se questionável a necessidade que as pessoas têm de distinguir acentuadamente os “normais” e os “loucos”, da auto afirmação e reafirmação da posse de plena capacidade mental, e, por isso, tão diferentes dos “doidos”... Questionável se, essa necessidade, não seria oriunda uma indagação inconsciente, talvez os normais e os anormais não sejam tão distintos assim. Provavelmente ser louco implique em ser tudo aquilo que nos causa medo, e talvez cause medo justamente porque, de certa forma, nos identificamos integramente com essa constituição.

Provavelmente estejamos apelidando preconceito e discriminação de saúde mental.

Porque um sistema que segrega, exclui, deslegitima, e diminui é, no mínimo, preconceituoso e discriminatório. E por trás de todo o descaso há uma justificativa cientificista, que rotula, diagnostica precocemente e não abre espaço para questionamentos, pois é o “saber científico”, único e legítimo. Há uma ideia implícita de soberania médica, frente ao “incapaz”, os “doentes” conformam-se com os diagnósticos que lhe são dados e passam a crer na sua impotência frente

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