MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA PSICOLÓGICA INTRODUÇÃO AO MÉTODO CIENTÍFICO EM PSICOLOGIA
Por: dantasflavio • 27/9/2022 • Bibliografia • 7.811 Palavras (32 Páginas) • 197 Visualizações
UNIDADE 1
MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA PSICOLÓGICA
INTRODUÇÃO AO MÉTODO CIENTÍFICO EM PSICOLOGIA
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
OLÁ!
Você está na unidade Introdução ao Método Científico Em Psicologia. Conheça aqui as principais bases teóricas que concederam à psicologia o status de ciência. Descubra o que tornou possível que esse campo adotasse abordagens quantitativas e qualitativas para explicar os fenômenos psicológicos. Saiba identificar quais aspectos compõem o método científico e como aplicar essa proposta nos estudos na área da psicologia.
Por fim, você conhecerá os principais elementos que constituem um projeto de pesquisa na área da psicologia, e poderá ainda iniciar sua busca por um problema de pesquisa, objetivos e métodos que conduzirão seus próximos passos como pesquisador(a).
Bons estudos!
1 Histórico da construção das primeiras técnicas de medida e área de aplicação da psicologia
A psicologia, tal qual se concebe hoje, apresenta uma variada gama de técnicas de pesquisa. Partindo de modelos de natureza estritamente quantitativas, até modelos de natureza estritamente qualitativa, bem como pela infinidade de métodos presentes no escopo entre eles, constata-se uma imensa possibilidade de formas de construção de saberes nesse campo. Essa diversidade tem fruto na multidisciplinaridade responsável por organizar o que hoje conhecemos por ciência psicológica. Cabe elencar alguns marcos, nesse sentido, a fim de demonstrar as principais bases da psicologia e como elas determinaram métodos e técnicas de investigação que têm reflexo até os dias atuais.
1.1 Psicologia Científica
A Psicologia se estabeleceu como ciência em um cenário no qual o positivismo era o principal paradigma científico. Havia também forte influência do pragmatismo. Essa configuração impulsionou pesquisas que, embora voltadas a um caráter prático, tivessem como característica a possibilidade de: 1 – testagem 2 – Observação 3 – e imparcialidade do observador
Considera-se o surgimento da psicologia como ciência a partir das pesquisas de Wilhelm Wundt, e a fundação do primeiro laboratório de pesquisa em psicologia experimental, na cidade de Leipzig (Alemanha), em 1875.
Antes da inauguração do laboratório, o então estudioso da fisiologia e docente no campo, Wundt, começou a conceber a psicologia como uma ciência independente (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002). Ainda em ambiente doméstico, Wundt mantinha estudos sobre o processo psicológico da percepção, originando a publicação da obra “Contribuições para a Teoria da Percepção Sensorial” (1858 – 1862). Nessa obra, o autor utiliza pela primeira vez o termo psicologia experimental, enquanto descreve seus experimentos originais.
Schultz e Schultz (2012) afirmam que a publicação da obra Princípios de Psicologia Fisiológica (1873 – 1874) foi um marco para a vindoura ciência psicológica, pois nela Wundt demarca a psicologia como munida da possibilidade de investigação científica e laboratorial. Ideias sobre as variáveis tempo e intensidade de reação a estímulos foram tomando espaço na obra de Wundt, revelando uma potencialidade da execução de pesquisas no campo psicológico que se assemelhavam àquelas das ciências naturais. Para Schultz e Schultz (2012, p. 81) “o espírito da época no campo da fisiologia e da filosofia ajudou a moldar tanto o objeto de estudo da nova psicologia como os seus métodos de investigação”.
O método dominante nas pesquisas de Wundt era a introspecção. Esse método refere-se ao questionamento do indivíduo pesquisado sobre a experiência que ele vivencia. Para o teórico, só a pessoa que passa pela experiência tem condições de explicá-la – mesmo aquelas experiências mais básicas. O método introspectivo funciona da seguinte maneira:
indivíduo vivencia a experiência;- indivíduo descreve a experiência;
- pesquisador registra a experiência descrita.
Wundt tinha como foco o estudo de processos da consciência e a introspecção servia como acesso a esses processos. Certamente, esse método recebeu inúmeras críticas, em especial devido ao questionamento acerca da imparcialidade daquele que fornece os dados. Estaria o indivíduo trazendo relatos acurados sobre o que vivenciou? Essa experiência vivenciada estaria ofuscada por variáveis não previstas pelo pesquisador? O pesquisador estaria compreendendo com clareza a descrição do indivíduo?
Embora os questionamentos sejam relevantes, o fato é que o método introspectivo proporcionou à psicologia – mesmo aquela experimental, adotada primariamente por Wundt – o acesso a fenômenos psicológicos antes não estudados sob critério científico. Ademais, o método introspectivo passou a ser adotado principalmente nas pesquisas qualitativas e até os dias atuais possui inserção nas pesquisas, estando na base de delineamentos dessa natureza.
Essa busca foi fundamental para a definição dos estudos no campo da psicologia que se sucederam. Seu impacto extrapolou o âmbito experimental e os estudos sobre processos psicológicos básicos. As pesquisas no laboratório de Leipzig formaram uma leva de psicólogos que difundiram e aprimoraram a psicologia experimental, com cunho notadamente quantitativo. Grande parte desses psicólogos migrou para os Estados Unidos, terra onde até hoje as pesquisas quantitativas no campo da psicologia são dominantes.
A abordagem experimental foi bastante presente na psicologia, principalmente no início do Século XX. Sua utilização ganhou notoriedade em pesquisas clássicas da psicologia da Gestalt e nas pesquisas da abordagem behaviorista. Nessa última, em especial na figura de Skinner, foram adotados modelos quase-experimentais, que serão melhor descritos adiante.
FIQUE DE OLHO
A psicologia social foi tão influenciada pelos delineamentos experimentais que alguns autores descrevem duas vertentes para esse campo: psicologia social psicológica e psicologia social sociológica (CALEGARE, 2010). Obviamente, essa divisão tem função didática, entendendo ambos os conhecimentos como complementares. À psicologia social psicológica atribui-se o estudo das determinantes sociais nos comportamentos de grupos e indivíduos, sendo frequentemente adotadas pesquisas experimentais como estratégia de investigação.
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