MOÇÕES NOS ENREDOS MIDIÁTICOS E O ESVAZIAMENTO DAS IDEIAS
Por: pamybms • 3/9/2017 • Artigo • 4.393 Palavras (18 Páginas) • 260 Visualizações
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SÁUDE
CURSO DE PSICOLOGIA
BRUNA MARQUES
DANIELE MODOLIN
PAMELA BRITO
THAIS PINZETTA
RAQUEL VALLADARES
LUIZA GALHARDO
COTIDIANO II
AS EMOÇOES NOS ENREDOS MIDIÁTICOS E O ESVAZIAMENTO DAS IDEIAS
São Paulo
2016
INTRODUÇÃO
Monteiro afirma que a vida social do ser humano é regida por um saber emocional e que os meios de comunicação assumem um papel importante na construção social. Por consequência, os enredos midiáticos carregados de emoção se focam na tentativa de aproximar a realidade social para o leitor.
Conforme Correia (1997), a mídia usa uma linguagem emocional, cuja pretensão é atingir o coração do leitor, ou telespectador. Por conseguinte, para os autores Santos e Silva, todas as ferramentas são usadas para deter o poder de fazer crer e ver, gerando mudanças de atitudes e comportamentos, substituindo valores, modificando e influenciando contextos sociais, constituindo o imaginário, criando novos sentidos simbólicos como árbitros de valores e verdades.
È possível constatar inúmeros exemplos onde as informações são permeadas pela emoção, segundo Monteiro, o que se observa no jornalismo contemporâneo é uma tendência crescente dos jornalistas para aos acontecimentos que têm uma carga emocional e os editores que pautam cada vez mais espaço a esta temática. Exemplos muito próximos a nós são verificados nos jornais e revistas brasileiras sobre a fome, a seca, o guarda que perdeu sua casa numa enchente em São Paulo, etc.
O impacto produzido por estes enredos se constitui pelo fato de ser a maior fonte de informação e entretenimento que a população possui. O poder de manipulação da mídia pode atuar como uma espécie de controle social, que contribui para o processo de massificação da sociedade, resultando num contingente de pessoas que caminham sem opinião própria.
Neste sentido, Silva e Santos caracterizam este fenômeno como um processo de manipulação
Nesse processo de manipulação pode ser evidenciada, principalmente nos dias atuais, a mídia. Ela surge como um novo fenômeno que invade a todos, que arquiteta, numa sociedade midiada, uma cultura midiática. A cultura da mídia vigente na sociedade se aspira dominante, estabelecendo formas e normas sociais, fazendo um grande número de pessoas enxergar o mundo por suas lentes, seus vieses. (Pg. 2)
Diante disto, nos enredos midiáticos, a emoção é usada para construir comandos que produzirão resultado nas subjetividades.
A mídia escolhe situações cotidianas comuns e as privilegia com uma quantidade maior de emoções e apelos afetivos. Ao assistir essas mesmas situações vividas pelos anônimos no dia-a-dia, estes criam identificações e projeções. Onde se faz a magia da imagem espetacular (Escudeiro, 2014, p.126)
As emoções que se deslocam nos enredos, tem a magia de construir a subjetividade, por consequência Escudeiro (2014) afirma que Cinema e televisão acabam incorporando além das características refletoras dos espelhos que refletem a realidade das pessoas, também a magia e o aspecto transcendente do objeto que fascina e congela o olhar, pois o remete a uma realidade paralela, para dentro da estória contada, onde existe participação das cenas virtualmente numa construção de identificação.
De acordo com isto, configura-se o objetivo do presente trabalho que busca conhecer acerca do domínio midiático das informações carregadas de emoção que podem trazer profundos impactos no cotidiano dos indivíduos e que marcam o conceito de indústria cultural que permeia o movimento de massas e a criação das subjetividades.
Referencial teórico:
Benjamin (1994) compreende que a verdadeira narrativa está sendo perdida pois tem se dissipado no tempo e no espaço. A arte de narrar está em vias de extinção, deixa-se de lado a sabedoria passada de boca para a boca para dar voz à outras formas de saber.
Segundo Benjamim (1994), entende-se por narrativa toda forma de troca de experiências, trata-se de uma via de mão dupla entre aquele que conta e aquele que ouve, esse dinamismo é carregado de experiências únicas e subjetivas que ao entrar em contato com o outro se transforma e é vivenciada.
Vive-se nos dias de hoje uma privação das faculdades de intercambiar experiências, os indivíduos não mais gozam das sensações de vivenciar de maneira subjetiva as experiências e os acontecimentos do cotidiano e essa é a principal causa da narrativa estar perdendo seu espaço.
Não há muitas dificuldade para se entender porque isto tem se tornado um movimento tão massivo basta apenas observar atentamente um jornal, uma reportagem, ou até mesmo um programa de televisão para constatar que as produções dos conteúdos não se tratam mais de narrativas, mas sim, informações carregadas de ideologias que se revelam incompatíveis com o espírito da narrativa no momento em que é indispensável que a informação soe plausível, de maneira que os fatos sejam narrados cronologicamente e que a história se encaixe perfeitamente para uma boa notícia.
Benjamin (1994) também afirma que esse processo de enfraquecimento da narrativa tem se dado com o surgimento da imprensa e consequentemente do grande volume de informação veiculada, assim como o surgimento do romance no início do período moderno, e depois da informação. O que se observa é que o romance para o autor, está ligado a um sentido da vida, ao encontrar semelhanças nas histórias românticas vividas e apresentadas pela mídia, o sujeito cria expectativas e esperanças de uma conquista como essa, como quando o “moçinho” da história conquista a bela e jovem moça e eles vivem felizes para sempre.
O leitor do Romance procura realmente homens nos quais possa ler ‘o sentido da vida”. Ele precisa, portanto, estar seguro de antemão, de um modo ou outro de que participará de sua morte. Se necessário, a morte no sentido figurado: o fim do romance. (BENJAMIN, 1994.).
Nota-se o papel do espectador frente a mídia e seu caráter afetivo, a esperança de aquecer sua vida “gelada” com o destino alheio que se assiste na mídia. Seria a grande mídia romantizada? Visto que o romancista descreve o incomensurável numa vida humana no seu limite, assim como a mídia utiliza da emoção, que deveria ser artificio de geração de pensamento, de forma profunda (exagerada, sensacionalizada) utilizando a emoção com esvaziadora de pensamento. Como no romance, quando aparece o “FIM” é fim. Como se a reflexão fosse previamente tendenciada para que isso acontecesse.
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