Manual para entrevista clinica inicial
Por: Thaev • 19/8/2021 • Resenha • 1.496 Palavras (6 Páginas) • 456 Visualizações
“MANUAL PARA ENTREVISTA CLÍNICA INICIAL”
1) Uma das maiores dificuldades de alunos na área tem sido com a entrevista inicial, quando não se tem qualquer informação prévia sobre a queixa do cliente. Diante disso, o objetivo do texto é contribuir para a formação do entrevistador – psicoterapeuta, procurando fazer orientações gerais quanto às características e à utilização da Entrevista Clínica, sendo útil para agilizar o aprendizado de alunos em programas de ensino, lhes permitindo executar entrevistas, seja em situações simuladas ou natural, mas salientando que a simples leitura ou estudo do manual não é suficiente para uma aprendizagem completa. Embora a composição do texto enfatize a entrevista clínica inicial, seu conteúdo inclui muitos aspectos relevantes ao aprendizado da atividade psicoterápica em geral, uma vez que grande parte do desempenho do terapeuta é comum a ambas as atividades.
2) A entrevista não pode ser totalmente previsível e planejável, mas ela não é uma interação ou conversa qualquer, por ter sempre objetivos específicos. Sendo assim, é uma atividade complexa, que exige do entrevistador formação e método. Os tipos de entrevista dependem dos seus objetivos. Na entrevista clínica, o objetivo é obter dados pertinentes à intervenção terapêutica. Visa o estabelecimento de uma interação especial, facilitadora do processo terapêutico. A qualidade da interação estabelecida entre cliente e terapeuta altera a validade dos dados obtidos e os resultados do tratamento.
A entrevista clínica inicial é crucial na formação de primeiras impressões pelo cliente. Elas não se referem apenas ao psicólogo, mas também a psicoterapia em geral e a instituição que se realiza o atendimento. O cliente geralmente faz o atendimento em duas situações que definem dois tipos de entrevista clínica inicial: a entrevista de triagem e a terapêutica. O texto não fará diferenciação técnica entre elas, por considerar que se diferem apenas quanto a detalhes e não em conteúdo e objetivos, sendo ambas importantes para obter dados relevantes, informar adequadamente o cliente e estabelecer uma interação de qualidade. No decorrer de um processo terapêutico, o psicólogo geralmente utiliza da entrevista para alcançar três objetivos: interacionais, de coleta de dados, e de intervenção.
- Objetivos interacionais: durante a entrevista é importante que se desenvolva uma relação de confiança mútua que possibilite ao cliente sentir-se confortável na situação, não sentir constrangimentos em se expor ao terapeuta e sentir-se motivado para continuar o tratamento.
- Objetivos de coleta de dados: Num processo terapêutico, a ênfase em coleta de dados pode variar em diferentes momentos do tratamento. Na ECI se deve procurar a obtenção de dados, desde que isto não ocorra em prejuízo da interação. Os dados devem ser principalmente os pessoais e os que indiquem e especifiquem o motivo da procura do tratamento ou queixa.
- Objetivos de intervenção: Em qualquer entrevista clínica pode ocorrer a intervenção, mas costuma ser muito difícil na primeira entrevista. Deve-se priorizar, assim, a relação terapêutica e coleta de dados.
A autora apresenta várias sugestões, de diversos autores, de como estruturar a entrevista clínica, principalmente a inicial: Que a entrevista inicialmente seja aberta até um levantamento de todas as possíveis áreas problema; que todas as áreas sejam examinadas do geral para o particular e ao encerrar a entrevista, fique claro para o cliente qual o próximo passo; mais tarde, as questões devem ser específicas para esclarecer o problema e complementar informações anteriores, mas enquanto isso, deve-se estabelecer uma boa interação demonstrando interesse, empatia, preocupação e acompanhamento das associações do cliente; na introdução, devem ser dadas informações ao cliente quanto ao tratamento e funcionamento da instituição e ao encerrar, deve ser informado das decisões do terapeuta; no encerramento, sejam incluídos um resumo, informações adicionais e probabilidade de sucesso do tratamento.
Nesta síntese e modelo de como poderia ser a estrutura básica da ECl. a entrevista é dividida em três etapas: introdução, desenvolvimento e Encerramento. Antes de iniciar a entrevista, o aluno iniciante deve estar atento para algumas providências prévias a serem tomadas, algumas medidas essenciais são: Entrosamento com a instituição responsável; providenciar ou preparar um ambiente físico adequado; material; prever horário para começar e terminar a entrevista, etc.
Em “Modelo de Entrevista Inicial”, a autora, desenvolve um modelo de entrevista inicial, com todos os passos essenciais para realiza-la, descrevendo de forma detalhada o quê e como devem ser realizadas as três etapas de ECI (Introdução, Desenvolvimento e Encerramento). Em “Dados a serem levantados na ECI”, o texto coloca que devem ser obtidos aqueles necessários para uma decisão no final da entrevista, quanto ao encaminhamento a ser dado ao cliente. Para o aluno fazer uma entrevista inicial adequada, precisa estar preparado para fazer uma avaliação comportamental completa. Por isso, a autora aponta os principais dados necessários para uma ampla avaliação comportamental, dentre eles: dados pessoais do cliente; dados do núcleo familiar; aparência geral do cliente durante a entrevista; como o cliente chegou ao tratamento; etc.
As estratégias de entrevista adotadas podem variar muito, dependendo de características do cliente e do terapeuta. Estas são comportamentos que o terapeuta deve apresentar para obter os resultados desejados junto ao cliente, sendo referidas como habilidades do terapeuta. Dentre as habilidades importantes estão:
- Habilidades empáticas: Atitudes ou conjunto de sentimentos positivos que o terapeuta deve apresentar em relação ao cliente. A empatia implica compreender e aceitara outra pessoa como ela é, sem pré-julgamentos.
- Habilidades não verbais: Estes comportamentos geralmente se relacionam à voz, expressão facial, postura corporal e aos gestos. Dentre respostas adequadas à entrevista clínica estão os de manter a atenção do cliente, estimulá-lo a falar e intensificar ou complementar a comunicação verbal. Elas devem estar de acordo com a interação que se estabeleceu com o cliente e com o conteúdo verbal do momento. O terapeuta deve ficar atento também aos comportamentos não verbais do cliente e que apresente comportamentos não verbais positivos e congruentes com os verbais.
- Habilidades de perguntar: Nesse grupo estão incluídas tanto a formulação quanto a utilização de perguntas. As entrevistas tradicionais baseavam-se em perguntas, o que as tornavam semelhantes a um questionário ou interrogatório. Autores sugerem cuidados especiais na formulação e na utilização de perguntas.
- Formulação e utilização de perguntas, em geral: As perguntas devem ser únicas, diretas, precisas, breves, claras e completas; a quantidade deve ser controlada; não o interromper; devem relacionar-se aos objetivos da entrevista; deverão ser evitadas perguntas com "por que" e perguntas indutoras; evitar que as perguntas tenham o tom de acusação e/ou conduzam a antagonismos ou confrontos entre terapeuta e cliente.
- Perguntas abertas e fechadas: O ponto básico a considerar é quando formular perguntas. Na pergunta aberta, o cliente elege os pontos incluídos nas respostas e tem um maior volume de informações, evita sugestões do terapeuta e o induz a dar respostas genuínas, mas geralmente fornecem informações mais gerais. Por isso, elas podem precisar de complementação e esclarecimentos, sendo adequado a pergunta mais fechada e direta.
- Solicitações de esclarecimentos e complementação: O terapeuta pode interromper a fala do cliente e solicitar-lhe esclarecimentos que pareçam importantes.
- Operacionalizar informações: É uma habilidade introduzida por terapeutas comportamentais. Operacionalizar implica descrever o problema de forma objetiva e identificável. As queixas ou problemas psicológicos de um cliente só poderão ser claramente descritos se identificadas com precisão suas respostas, frente aos eventos.
- Parafrasear: Repetição de frases ditas pelo cliente. Em geral, é feita de forma lenta e pode ser seguida de momentos de silêncio, induzem o cliente a pensar sobre o assunto.
- Refletir sentimentos: O terapeuta faz uma descrição dos sentimentos do cliente. Geralmente, descrevem-se os sentimentos predominantes no momento da entrevista, podendo-se incluir também aqueles que ocorreram antes e que estavam relacionados aos fatos por ele relatados, além de sentimentos que ele gostaria de dizer ou ter.
- Sumariar ou resumir: Apresentar ao cliente uma síntese das principais informações, até então fornecidas por ele. Deve ser sempre apresentada junto com alguma solicitação de "reformulação" ou "confirmação" de seu conteúdo, para verificar possíveis erros em seu entendimento daquilo que o cliente relatou até aquele momento.
- Controlar a entrevista: Implica ao terapeuta e cliente manterem cada um o seu papel. Cabe ao terapeuta conduzir a entrevista para seus objetivos, tomando iniciativas e decisões e, sempre que necessário, mudando os rumos da mesma.
- Manter sequência: Sequência refere-se à continuidade, à coerência e ao entrosamento entre a fala e demais comportamentos do cliente e do terapeuta, ou seja, à manutenção da qualidade e do fluxo da interação entre ambos. Para mantê-la, o terapeuta precisa estar atento e responder aos comportamentos atuais do cliente, inclusive aos não verbais. Há dois aspectos a serem relevados na sequência: ela pode significar tanto a pertinência de questões ou falas introduzidas pelo terapeuta em continuidade à fala do cliente, como a intervenção do terapeuta para redirecionar o cliente a assuntos relevantes aos objetivos da entrevista.
Em “Dificuldades comuns entre os iniciantes” se descreve alguns dos principais erros a serem evitados pelos alunos no decorrer da entrevista, além dos citados anteriormente no texto.
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