O Ciclo Vital da Família e Mitos Familiares
Por: Ligia Momesso • 19/9/2018 • Ensaio • 24.580 Palavras (99 Páginas) • 250 Visualizações
Sumário
SUMÁRIO 1
09/02/18 CICLO VITAL DA FAMÍLIA E MITOS FAMILIARES (AULA 1) 2
16/02/18 AMOR, CULPA E REPARAÇÃO 6
23/02/2018 A CONQUISTA DA INDEPENDÊNCIA 14
02/03/2018 MATERNIDADE: SER MÃE 23
09/03/2018 – O CONTRATO SECRETO DO CASAMENTO 31
23/03/2018 ADULTOS JOVENS E SEUS SCRIPTS: NOVAS GERAÇÕES E NOVOS CENÁRIOS 38
20/04/2018 – PSICANÁLISE E ENVELHECIMENTO – REVISÃO 44
27/04/2018 – PSICANÁLISE E ENVELHECIMENTO 55
04/05/2018 PERCEPÇÃO DO CORPO E TEMPORALIDADE 64
09/02/18 Ciclo Vital da família e mitos familiares (aula 1)
Abordagem Psicanalítica. Vídeo: Vida de Maria
Enquanto não há elaboração, há repetição.
Por que passa de geração para geração? Por que eu repito a historia do meu pai? Se quando eu era criança, adolescente, eu achava muito difícil, não admirava, não queria ser desse jeito?
Podemos pensar em identificação? A Identificação está presente por conta deum outro movimento que esta muito presente desde bebezinho. O mecanismo de INTROJEÇÃO.
Por que nos identificamos com as figuras parentais? Porque construímos uma referencia interna por meio daquilo que a gente introjeta a partir das relações que a gente estabelece dessas figuras parentais, quem cuida da gente, mãe e pai.
As primeiras relações que eu tenho são das figuras parentais, eu introjeto uma imagem de mãe, uma imagem de pai e são com essas imagens que eu me identifico. Introjetando essas imagens e me relacionando com elas, percebe-se que elementos que eram da vida do outro, que o outro não elaborou, e aquilo está pertencendo a minha realidade e o meu modo de ver o mundo e se relacionar com o mundo.
Quando vamos pensar na realidade do adulto, precisamos conhecer qual a realidade da família desse adulto e qual foi a realidade da infância desse adulto e qual é esse funcionamento.
Ciclo Vital da Família e mitos familiares
Temos alguns marcos importantes do Ciclo Vital da Família, que são universais e que dizem respeito as fantasias que fazemos sobre: nascimento, sexo e morte.
Muito das principais indagações, da essência humana, estão relacionadas com essas três temáticas: de onde eu vim, como eu nasci, o que eu estou fazendo aqui? Para onde eu vou depois que eu morrer? São questões existenciais nossas.
Texto do Freud: As teorias sexuais das crianças. Ele começa esse texto falando que toda essa fase pré-edipica vai se estruturando a partir de um questionamento que as crianças fazem quando elas percebem que nascem bebês. Tem bebê na barriga da mãe, na barriga da tia, da vizinha. Vem a pergunta: Como esse bebê entrou ai? Se é na mãe, vem o questionamento: para que essa pessoa precisa de outro bebê? Eu não basto?
A criança vai discorrendo uma série de fantasias que ele diz que são teorias que as crianças criam para tentar entender essa realidade que ela começa a perceber, que é o surgimento de uma nova criança.
Primeiro as crianças fantasiam, tem uma certa noção que o pai tem uma participação naquilo. As crianças pensam que o bebê sai pela via anal e compara com os animais e no final do texto vai falar da angústia de castração e o que toda essa percepção causa.
Esta vendo como a gente carrega isso desde o começo do desenvolvimento? Essas questões relacionadas a isso. Claro que vamos nos desenvolvendo, vamos sofisticando nossa percepção, nossa consciência amplia muito e vamos ter questões mais abstratas destas questões.
Esses questionamentos sempre são cercados por tabus e mitos sociais e sentimentos inconscientes ligados à eles permanecem no funcionamento das pessoas, de forma secreta e que vai influenciando na vida do homem.
Na medida que vamos nos desenvolvendo, vamos criando uma serie de fantasias a respeito disso e essas fantasias influenciam no modo como a gente se relaciona no mundo.
Uma das condições diz respeito aqueles mitos que são reconhecidos como fatos reais, vivido por alguns membros da família.
Existem mitos que são totalmente baseados e surgem de fantasias apenas. Exemplo: mito familiar de conflito feminino, são resto dos conflitos Edípicos.
Os mitos podem ser baseados nas fantasias que surgem por conta própria no desenvolvimento das relações ou com o que aconteceu de fato. Exemplo: quando tem aqueles casos de abusos que acontecem de geração para geração, o abusado cresce e acaba se tornando o abusador. É um mito familiar a partir de um fato ou senão só a partir de fantasias.
A importância se sabermos tudo isso, para pensarmos no adulto. Tudo que ele vai carregar.
Essas duas espécies de segredo podem afetar profundamente a vida dos indivíduos e das suas famílias. Muitas vezes, nem conseguimos saber se o fato é fantasia ou se não é fantasia. Na abordagem psicanalítica, na maioria dos casos, isso nem interessa. Se você for um terapeuta, se aquilo é fato ou fantasia. É lógico que se o fato for muito grave, que realmente precisa identificar se é fantasia ou não.
Pode ser que por conta da terapia que fazemos hoje, as relações com os pais mudem. O que mudou foi a nossa percepção interna de pai e de mãe, por isso, a relação em casa mudou.
Para o terapeuta não importa se sua mãe real é uma carrasca ou se sua mãe interna é uma carrasca, porque o que ele vai trabalhar é a sua percepção de mãe, para que a sua relação com essa imagem mude. Tudo isso vai influenciar com a sua mãe de verdade, mesmo que ela continue pegando no seu pé.
Via de regra quando a gente vai tratar um adulto, se aquilo de fato aconteceu, se a vizinha é piriguete e da em cima do seu marido ou se ela não é, a sua percepção de ciumenta diz que é e é a sua percepção que será trabalhada.
Por que nem sempre a nossa percepção corresponde a realidade?
Porque a gente fantasia e a experiência de cada um é muito única. Tem bebê que tem a percepção que a mãe é fria, mesmo tendo uma mãe super carinho. Esse bebê não deu conta da percepção desse amor e desse carinho e a imagem que ele tem interna de mãe é de uma mãe hostil, fria. As fantasias que influenciam nesta percepção são muito de cada um.
Segredos e mitos podem surgir dentro da família, como tudo que acontece nas famílias, eles não permanecem como propriedades do individuo. Partindo de um olhar psicanalítico, não da para pensar que essa historia só de um e que não tem influência nenhuma para o resto que convive. Tudo que acontece com um membro afeta diretamente a família como um todo, ainda que este membro queira preservar a família.
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