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O Desenvolvimento da neurociências na psicologia

Por:   •  4/6/2018  •  Resenha  •  960 Palavras (4 Páginas)  •  182 Visualizações

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Brasília, Abril de 2018

O desenvolvimento das neurociências trouxe constatações palpáveis para a desconfiança de existir ou não uma relação de “mão-dupla do cérebro e do comportamento”. Por meio dos seus estudos, exemplos diversos se acumularam e possibilitaram a compreensão desse movimento de reciprocidade, tais quais a percepção de mudanças neuroquímicas e morfológicas do cérebro, seja por estímulos ambientais diversos, como pelo contato materno, seja por experiências visuais e perceptuais complexas na infância ou por meio de um tratamento psicoterápico.

        As terapias cognitivo-comportamentais que são notadamente eficazes no tratamento de distúrbios específicos, como fobias, apresentam não só consequências no bem estar e no cotidiano social dos pacientes, também restabelecem processos morfológicos ligados ao cérebro, até mesmo associado a metabolismo. Focando-se na discussão sobre a relação estreita entre cérebro e psicoterapias variadas, há evidências das neurociências que elas promovem mudanças funcionais e estruturais no tecido cerebral, tanto no sentido de facilitar ou inibir o funcionamento de uma determinada área, uma vez que a questão a ser tratada pode estar relacionada a uma hiper ou hipoativação de alguma estrutura.

A plasticidade neural propicia a capacidade de adaptação a mudanças ambientais, a novos aprendizados, dentre outros; essa estimulação ambiental seria exemplificada pelas diferentes terapias e a respostas adaptativas evidenciam-se não só no comportamento, mas na cognição, emoção e cérebro. Logo, processos terapêuticos alteram processos biológicos e atuam no cérebro de forma semelhante até ao uso de medicamentos - ainda que isso ocorra por mecanismos ainda nebulosos. Sendo assim, o que é externamente notado pela mudança do comportamento incômodo, pode ser internamente, ou seja, na visão do cérebro, comprovado por meio, principalmente, de técnicas de neuroimagens.

Donald Hebb (1904-1985), neuropsicólogo canadense, foi um dos primeiros cientistas a melhor demonstrar como a influência ambiental poderia modificar funções e estruturas no Sistema Nervoso Central. Outros estudiosos como Rosenzweig, Hubel e Wiesel, posteriormente, desenvolveram isso e constataram a plasticidade cerebral ao longo do desenvolvimento humano, tendo como base pesquisa com ratos, na qual o enriquecimento e a complexidade das experiências com esses animais traziam aumento do peso encefálico, de neurotransmissores, em contraste com o grupo controle, os que tiveram não contato com as experiências e não apresentaram mudanças.

Mais adiante, na década de 1970, foi comprovado por Willian Greenough o aumento de ramificações dendríticas do neurônios de humanos em ambientes ricos, enquanto que ambientes menos estimulantes poderiam regredir o tamanho das ramificações, o que poderia desfavorecer ou inibir novas sinapses cerebrais, o que foi comprovado por análises eletrônicas alguns anos depois. Até hoje pesquisadores e neurocientistas se baseiam nessas análises, incentivando pesquisas em educação para demonstrar como ambientes educacionais enriquecidos, por brinquedos e interações interpessoais estimulam e melhoram o nível de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo e pessoal dos alunos (Martins, B. M., 2012).

Outros estudos também comprovam que o cérebro humano é suscetível a mudanças. Essas mudanças ocorrem ao longo de toda vida, porém estão mais presentes no estágio inicial do desenvolvimento, visto que o cérebro de uma criança é mais passível a mudança em relação a um adulto, já que após o nascimento do bebê o cérebro ainda é bastante sensível aos estímulos presentes, haja vista estarem no início do desenvolvimento. É perceptível essa relação de mão-dupla entre cérebro e comportamento a partir da observação que um ambiente rico em afeto modifica o cérebro funcional e estruturalmente, e a falta desse ambiente provoca um efeito negativo no cérebro, deixando-o menos desenvolvido. Nesse caso, a relação entre afeto e desenvolvimento encefálico é entendida por meio da comparação entre crianças que que receberam afeto nos primeiros meses de suas vidas em relação a crianças que foram abandonadas por suas mães no mesmo período.

Essa diferença no desenvolvimento se explica pela alteração no hipotálamo dada pela falta de contato físico. Assim, o hipotálamo sendo o responsável pela liberação dos hormônios de crescimento acaba por comprometer o crescimento normal da criança. Da mesma forma, outro estudo, realizado na Universidade de Washington liderado pela psiquiatra infantil Joan Luby, da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, comprova que crianças que possuíam afeto das mães tinham uma importante área do cérebro, o hipocampo, duas vezes mais desenvolvida em relação a crianças que não possuíam esse afeto. O hipocampo está envolvido na habilidade de formação de novas memórias.

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