O ENSAIO TEÓRICO SOBRE O FILME SI PUO FARE E O PACIENTE PSIQUIÁTRICO
Por: bruna mmuer • 31/10/2022 • Trabalho acadêmico • 1.118 Palavras (5 Páginas) • 144 Visualizações
Curso: Psicologia
Disciplina: Psicologias Fenomenológicas
Professor: Paula Helena Lopes
Acadêmicas: Bruna Martim Müer e Maria Eduarda Guarise Katcipis
ENSAIO TEÓRICO SOBRE O FILME SI PUO FARE E O PACIENTE PSIQUIÁTRICO
O presente trabalho acadêmico visa apresentar e debater o livro “o paciente psiquiátrico” através do filme “Si Puo Fare” ou “Dá para fazer”, bem como, articular os conceitos estudados nas aulas da disciplina de Psicologias Fenomenológicas com as discussões que serão desenvolvidas.
Compreende-se a partir do filme e do livro, o quão significativo é o lugar do sujeito na relação com a loucura, como faz-se perceptível a patologização destes transtornos, como a psiquiatria inválida corpos alheios e como a mesma transforma a “cura” em um processo volátil, citando uma frase logo no início do filme expressada por um dos médicos sobre os sujeitos, “essa gente tem o inferno dentro de si” e “infelizmente a loucura não se cura por lei” que carrega fortemente uma impressão rotulada sobre estes indivíduos.
Nesse sentido, amplia-se a discussão sobre como se transfiguram estes corpos institucionalizados e que são deixados às margens da socialização, do estado. A disposição do corpo se dá através de um “lugar sem recurso ao qual estamos condenados, penso, afinal, que é contra ele e como que para apagá-lo que fizemos nascer todas as utopias. A que se deve o prestígio da utopia, a beleza, o deslumbramento da utopia?” (FOUCAULT, p.8, 1966).
Sob a ótica do filme e do livro, são exemplificadas diversas situações com cada um dos personagens na sua individualidade como eles encaram os próprios impasses e contrariedades, continuamente parte-se da vertente a favor da importância das reformas psiquiátricas, nesse sentido, podemos fazer uma análise através da face do método fenomenológico, citando o caso do filme especificamente de início a visão que Nello teve dos pacientes, discordando totalmente do método que era utilizado para com os pacientes da cooperativa, abrindo caminhos para um novo olhar a estes indivíduos.
Aos poucos o diretor conseguiu abranger cada camada, tanto o acolhimento dos direitos e da liberdade dos personagens, quanto a potencialização da transformação das relações sociais e reinserção na sociedade, impactando positivamente na vida desses sujeitos. Portanto, evidencia-se que "a dialética das relações do indivíduo e seu meio não se faz, então, no mesmo estilo em fisiologia patológica e em psicologia patológica “Não se pode, então admitir prontamente nem um paralelismo abstrato, nem uma unidade maciça entre os fenômenos da patologia mental e os da orgânica” (FOUCAULT, 1975).
No caso do livro, a metodologia fenomenológica diante do relato do paciente, tem por princípio fundamental, colocar-se na existência do paciente, no mesmo mundo que ele ocupa, sendo assim, a afirmativa dele de que possui palpitações no coração e que elas estão cada vez mais fortes e desconfortáveis, a percepção sobre esta problemática é de que está cada vez pior conviver com isso e se transformando em sintomas físicos, juntamente com este relato, ressalta que o mundo a sua volta está desintegrando, é de interesse não contrariar esta sua realidade, mas saber a importância da sua existência no real e assim descrevê-la.
A relação destes conceitos com o filme surgem em diversas cenas da trama, em específico a visão que Nello teve dos pacientes, discordando totalmente do método que era utilizado para com os pacientes da cooperativa, abrindo caminhos para um novo olhar a estes indivíduos. A fenomenologia acolhe e faz mediações de acordo com a realidade apresentada de cada paciente, sem julgar ou teorizar as particularidades de cada sujeito, abrindo portas a novas possibilidades que serão acolhidas, ou não, pelo indivíduo.
As bases fenomenológicas englobam a autenticidade e protegem a individualidade de cada paciente, sem diversificações ou generalizações, o que podemos observar no filme quando Nello decide ingressar numa luta pela dignidade do trabalho, nomeando os indivíduos da cooperativa de “sócios”, os quais ele convenceu a entrar nessa jornada. Ao longo do filme cada um é convocado a uma tarefa que esteja dentro de suas particularidades, e assim formam a equipe “perfeita” de trabalho, recebem salário e administram o negócio. Com os resultados positivos, mostrando a capacidade dos pacientes, Nello consegue que muitos vivam sem medicamentos ou com pouco uso em casos necessários, mostrando inclusive a melhora clínica dos personagens, evidenciando a importância de trabalharmos com a realidade, experiência, atitude e método.
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