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O Etnocentrismo e relativismo cultural – um olhar para as religiões de matriz africana

Por:   •  26/3/2022  •  Trabalho acadêmico  •  690 Palavras (3 Páginas)  •  249 Visualizações

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Etnocentrismo e relativismo cultural – um olhar para as religiões de matriz africana

No século XIX, surgiram várias  teorias de cientistas que defendiam a eugenia, como Cesare Lombroso, da Universidade de Turim, na Itália. Um antropólogo, psiquiatra e criminólogo considerado o pai da criminologia moderna, que afirmava que pessoas negras possuíam criminalidade nata e atavismo, e o Conde de Gobineau, que realizou estudos afirmando que a miscigenação seria um processo de alto grau de degeneração intelectual e zombou do evolucionismo afirmando que acreditava que essa degenerescência encaminharia os africanos para o estágio de um macaco. Com tais teorias efervescendo na Europa, cientistas médicos brasileiros como Estácio de Lima e Nina Rodrigues, médicos legistas, criminologistas e, sobretudo, seguidores de Lombroso, trouxeram para o Brasil a convicção da inferioridade e degenerescência dos povos africanos. Todos os povos que não obedeciam ao padrão branco-cristão e sua cultura dita avançada eram considerados inferiores, pois os povos europeus estavam no centro de todas as formas de vida, poder e intelectualidade. Grandes acontecimentos ao redor do mundo do século XIX / XX giraram em torno das teorias raciais, como, por exemplo, a Segunda Guerra Mundial, que teve um cunho essencialmente etnocêntrico, quando, embasado no arianismo, Hitler dizimou milhões de pessoas de diversas etnias, julgando serem elas o motivo do atraso da Alemanha, pois, em sua engenharia social elas não eram necessárias para o quadro de um país do primeiro mundo.

Mas o que é etnocentrismo? O etnocentrismo consiste em privilegiar um universo de representações propondo-o como modelo e reduzindo à insignificância os demais universos e culturas “diferentes”. Constituindo-se, desse modo em uma violência que, historicamente, não se construiu por intermédio apenas do uso da violência física presente nas mais  variadas  formas de colonialismos, mas, sobretudo, de modo disfarçado por meio daquilo que Pierre Bourdieu denomina de “violência simbólica”. Já, o relativismo cultural metodologicamente se posiciona de modo contrário a postura defendida pelo etnocentrismo, assim, propõe uma postura de compreensão e aceitação do outro.

Sobre a religiosidade do negro no Brasil, os africanos aqui trazidos, tiveram que se converter à religião do senhor de escravos; aqueles que se rebelavam eram perseguidos. Sua forma de culto e seus deuses eram considerados sujos, já que a pureza era a religião católica, a religião oficial dos colonizadores, sendo assim os negros tinham seus cultos proibidos. Para manter viva a religião africana os negros que se recusavam a aceitar internalizar os cultos religiosos europeus fizeram empréstimos do patrimônio religioso do catolicismo, assimilando os deuses do panteão africano aos santos católicos, realizando assim o sincretismo religioso, prenunciando a purificação de uma religião estranha, agora em uma forma similar a dos brancos. A religião africana era considerada um caso de polícia pela sociedade, que condenava seus mitos e ritos, e como um problema de saúde pública, uma vez que se relacionava o transe mediúnico a desordens mentais dos negros, vistos assim como seres intelectualmente inferiores aos brancos.  

Hoje em dia,  programas evangélicos de televisão, de rádio e até os jornais evangélicos que correm no país contribuem para uma visão destorcida e preconceituosa das religiões de matrizes africana, pois  nesses programas sempre é realizado  um exorcismo em pessoas praticantes de umbanda e candomblé, transformando as religiões afro-brasileiras em “religião do diabo” e seus frequentadores em “satanistas”.

Acredito que quando uma religião é vista como hierarquicamente superior as demais dentro de uma sociedade, é de suma importância seguir uma postura que busque o relativismo cultural e nos ajude a criar  possibilidades para  (re)conhecer e compreender o diferente na sociedade em que vivemos. E isso pode ser possível por meio da educação das pessoas com esse olhar.

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