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O Fator Humano - Resumo Dejours

Por:   •  26/4/2017  •  Resenha  •  1.491 Palavras (6 Páginas)  •  1.726 Visualizações

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RESUMO DA OBRA “O fator humano” de Christope Dejours

Aluna: Giselle Maria Menezes da Silva

Disciplina: Psicodinâmica do Trabalho

Prof. Dra. Rosângela Dutra

O Fator Humano (expressão utilizada por engenheiros, projetistas e especialistas em segurança de pessoas e instalações para designar o comportamento de homens e mulheres no trabalho) é frequentemente associada a erros e/ou falhas. Dejours propõe nesta obra, alguns dos principais progressos no que tange às ciências humanas e das ciências do trabalho, partindo de uma análise crítica e considerando que a complexidade humana não é possível de se reduzir a um “fator humano”. Identifica que as pesquisas recentes propõe a concepção de fator humano em duas perspectivas distintas. Tais concepções tem como ponto de partida os seguintes questionamentos:

  1. Quais as origens e os meios de controle das falhas humanas na situação de trabalho?

A segunda perspectiva teria o seguinte pressuposto inicial:

  1. Como mobilizar, desenvolver e gerenciar recursos humanos?    

Dejours afirma que as abordagens em questão são questionáveis e identifica três pressupostos teóricos nestas orientações de pesquisa que devem ser analisadas: tecnologia, trabalho e homem.

Na primeira parte da obra, Dejours se propõe a analisar estes pressupostos, abordando em seu primeiro capítulo, o conceito de tecnologia. Pontua que dentro da perspectiva da falha humana que parte da concepção de técnica, considera-se a relação entre o homem (ego) e seu posto de trabalho (real), descartando o fator “comportamento” e reduzindo o trabalhador a um mero operador. Já a perspectiva de recurso humano, por sua vez, negligencia o mundo do trabalho, que é reduzido ao intersubjetivo e social. Segue, portanto, enriquecendo a discussão quando sugere a abordagem crítica da antropologia das técnicas que não reduz as relações intersubjetivas entre o ego e o outro a um sistema ego-outro. Compreende que a técnica sob o ponto de vista antropológico é um ato tradicional eficaz.

No segundo capítulo, aborda questões que dizem respeito à diferenciação e sobreposição entre técnica e trabalho e pontua que o termo “atividade” é o mais adequado na ordem conceitual e trabalho em detrimento do termo “ato”. Explica que a eficácia (diretamente ligada à utilidade da atividade) é uma dimensão central que é comum tanto à técnica quanto ao trabalho, uma vez que, esta dimensão possibilita propor uma diferenciação entre lazer e trabalho.

Prossegue trazendo o conceito do real tal como é compreendido pela ergonomia: aquilo sobre o qual a técnica fracassa em um momento em que todos os aparatos tecnológicos foram corretamente utilizados, estando diretamente relacionado ao fracasso. Desta forma, propõe uma outra definição de trabalho, considerando que o real envolve novas dimensões até então não consideradas: imaginação, inovação e invenção. Propõe, portanto, o conceito de trabalho como uma “atividade útil coordenada”, não podendo ser considerado apenas como a realização de atividades prescritas, porquanto o real demanda destrezas que vão além do que é essencialmente técnico. Cria-se, portanto, o conceito de atividade subjetivante, que refere-se ao processo de transformação do sujeito frente às atividades do trabalho que exigem mais do que o essencialmente técnico, mas também habilidades tácitas de engenhosidade.

Para finalizar o segundo capítulo, traz o conceito de “métis”, tipo de inteligência denominada pelos gregos como “inteligência prática. Tal conceito encontra-se no centro do debate acerca da “crítica da racionalidade da ação”.

No terceiro capítulo, inicia criticando os preceitos subjetivistas e culturalistas do ponto de vista da concepção de “recurso humano”. Pontua que existem paradoxos da inteligência prática, tais como os “quebra-galhos”, que implica em um segundo viés: a discrição, a necessidade de sigilo para estar alheio aos julgamentos externos. Para vencer esses inconvenientes, inevitavelmente é necessário recorrer à publicidade, considerando que quem não se submete ao julgamento do outro não pode receber o mérito por suas intervenções. No entanto, é importante mencionar que a visibilidade está submetida a questões de confiança entre os operadores. Surge então uma importante questão: O Fator Humano não pode ser estabelecido apenas em uma dimensão individual sujeito – tarefa, mas sim a partir da intersubjetividade e das interações coletivas. Porém, não há coletivo que não seja estabelecido na dinâmica da confiança e a confiança não se fundamenta em competências psicológicas, mas nas éticas. Assim, toda teoria do fator humano deve preconizar também as dimensões éticas.  Prossegue identificando as formas de julgamento no trabalho: julgamento de utilidade e julgamento da beleza e propõe que o reconhecimento de seu trabalho em termos de teoria de fator humano é essencial. No entanto, pontua que existe uma etapa fundamental: a arbitragem. É nesta etapa que se coordenam as atividades e inteligências singulares na cooperação do coletivo de trabalho.

Dá continuidade no terceiro capítulo apontando que a criação de um “espaço para discussão” é primordial que permite alcançar um consenso e, para que este possa funcionar, é necessário que os sujeitos envolvidos possam compreender uns aos outros, processo que não acontece naturalmente. Temos agora que a questão da comunicação desenvolve papel primordial neste espaço e suas três dimensões devem ser consideradas: a inteligibilidade, o sofrimento e as defesas contra o sofrimento e a autenticidade.

Finalizando a primeira parte da obra, Dejours aponta que o trabalho não pode nem deve ser admitido somente pelas categorias tradicionais de produção (poiésis), mas também nas categorias teóricas da ação (práxis), onde todos os elementos anteriormente citados (visibilidade, confiança, julgamento, reconhecimento, arbitragem, discussão, racionalidade comunicativa) são abordados.

Na segunda parte da obra e no que tange aos problemas epistemológicos da noção de fator humano, tem-se o questionamento: É possível analisar cientificamente o fator humano? Difícil questão, pois existem diferentes procedimentos para dar conta das condutas humanas. E prossegue, no primeiro capítulo, citando a Teoria da ação crítica da racionalidade, de Habermas, que distingue os três diferentes tipos de agir: instrumental ou teleológico, moral ou prático e o agir expressivo. A crítica da racionalidade consiste na crítica da avaliação da ação dos critérios de verdade, eficácia e utilidade e guia a uma nova questão: “Se a teoria da ação atribui à decisão o estatuto de um conceito, a deliberação pode ser suscetível de responder a uma exigência de racionalidade ou está aberta a qualquer outra possibilidade, sem recurso a nenhuma forma de ordem? ” Habermas explica que o “agir comunicativo” responde à questão da deliberação e da decisão.

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