O Hospital até o século XVIII funcionava como local que abrigava pobres
Por: Margarida Mendes • 11/1/2018 • Monografia • 12.096 Palavras (49 Páginas) • 382 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
O hospital até o século XVIII funcionava como local que abrigava pobres, moribundos e inválidos, como meio de exclusão social, não tinha como finalidade tratar a doença, o enfoque não era o doente para a cura, mas sim um morredouro. Com o avanço da cientificidade médica, o hospital passa a ser visto como uma instituição que intervinha sobre a doença. Com o decorrer do tempo, viu-se a necessidade de repensar essa visão de apenas tratar a doença física, só quando o conhecimento de natureza preventiva se desenvolveu o hospital passa ser um centro de investigação biopsicossocial, procurando considerar o sujeito em totalidade centrando sua atenção em suas particularidades e subjetividades.
Os pioneiros da psicologia hospitalar no Brasil foram: Matilde Neder e Beellkinss Wilma Romano. Matilde Nader procurou fazer uma adaptação técnica do seu instrumental teórico acoplando-o à instituição, a fim de torná-los adequados à realidade hospitalar. O foco da psicologia hospitalar é o aspecto psicológico em torno do adoecimento e o fenômeno morrer se insere em diversos contextos, entre eles, nas unidades, hospitalares, onde acontece um grande número de óbitos.
Com as tecnologias cada vez mais avançadas, com aparelhos que auxiliam no tratamento do paciente, aumentando sua longevidade é possível retardar, atenuar e diminuir a dor do indivíduo terminal, mas, ainda assim, não sendo possível desvendar o mistério da morte. Na atualidade, a morte é algo que rodeia as pessoas diariamente, quer haja consciência disso ou não, mas não basta apenas ter consciência é preciso refletir sobre o impacto que causa durante a vida, é necessário pensar de que forma ela influencia o comportamento do indivíduo e como o profissional de psicologia pode contribuir com seus conhecimentos e intervenções para que se passe por ela de forma menos traumática, sendo imprescindível a atuação do psicólogo que, colabora para que o paciente, sua família e a equipe possam buscar um maior equilíbrio de vida e um grau de adaptação à realidade.
De um modo geral, a ideia da morte nos remete aos sentimentos de perda, podendo nos despertar sensações de dores psíquicas, naturalmente movida por diversos sentimentos de fracasso, impotência, tristeza, medo, raiva e finitude.
Nesse percurso são reconhecidas as diversas atitudes e estágios psicológicos diante da morte e o processo de morrer como possibilidade de enfrentamento e compreensão das ocorrências. Ademais, a proposta de cuidados paliativos surge como uma atenção humanizada diante da finitude, reconhecendo a morte como parte do ciclo vital do desenvolvimento. Diante de tantos fatores que envolvem a experiência de um paciente em quadro terminal, faz se necessário a atuação de um profissional de psicologia na busca da qualidade de vida, oferecendo algo que os outros profissionais da saúde não puderam dar: atenção e escuta às suas aflições.
Frente à dimensão das incertezas supramencionadas reais e procedente, apresenta-se a atuação do Psicólogo Hospitalar como um estimulo a ser proposto, já que no cenário hospitalar os profissionais na área de saúde concentram-se energias para tratar as doenças. Que procedimentos realizar? Quando, “já não há mais o que fazer”, cabe ao Psicólogo hospitalar, traçar estratégias para melhorar a qualidade de vida dos pacientes diante da morte eminente. Sendo assim este estudo monográfico tem como problemática refletir: no cenário hospitalar, qual a relevância da atuação do Psicólogo Hospitalar no tratamento a pacientes terminais? Sofrimentos estes relacionados aos aspectos psicológicos afetados diante dessa nova situação limite. Justifica-se então pesquisas que demandam intervenções do Psicólogo Hospitalar no desenvolvimento de estratégias de promoção de qualidade de vida para minorar o sofrimento psíquico a pacientes terminais no ambiente hospitalar, podendo ser relevante não somente aos estudantes de psicologia, como também aos profissionais na área da saúde e a sociedade como um todo.
Tem-se por objetivo geral conhecer a relevância da atuação do psicólogo no tratamento de pacientes terminais. E objetivos específicos direcionados para descrever psicologia no contexto hospitalar; relatar morte na contemporaneidade, explicar pacientes terminais; narrar cuidados paliativos e identificar estratégias que ajudem a pacientes terminais, a lidar com o sofrimento.
A metodologia caracteriza-se em uma pesquisa de natureza básica, e abordagem qualitativa, e quanto aos objetivos trata-se de uma pesquisa exploratória e explicativa. Os procedimentos técnicos adotados foram pautados em uma revisão bibliográfica, a partir de materiais já publicados, possibilitando assim uma melhor visão e compreensão na área estudada. Para tal pesquisa foram utilizados artigos de bases de dados eletrônicas, reportagens de revistas, bem como livros da área de psicologia para se obter melhor conhecimento sobre o assunto. Utilizou-se o método de pesquisa de abordagem indutivo partindo do conhecimento do particular sobre o que já foi publicado com base de uma conclusão mais explicativa com conhecimento científico sobre o desenvolvimento do tema. E o método do procedimento utilizado foi histórico. A analise realizada permitiu a argumentação e a fundamentação da problemática geral da pesquisa.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A psicologia no contexto hospitalar
A palavra hospital vem do latim “hospes”, significando hóspede, a qual deu origem a “hospitalis”, ao designar na antiguidade, lugar onde se hospedavam enfermos, viajantes e peregrinos e a “hospitium”, lugar ocupado por pobres, incuráveis e insanos. Os primeiros hospitais foram criados como locais de isolamento onde a caridade se exercia como prática do cristianismo (CAMPOS, 1995).
Foucalt (1992) relata que até o século XVIII, o hospital era o local dos doentes, moribundos e inválidos. Era também lugar de separação e exclusão, pois esses sendo doentes poderiam transmitir doenças pondo em risco a saúde geral da população. Até o século XVIII, o enfoque dos hospitais não era o doente para a cura, mas sim um morredouro, lugar para morrer. No entanto, com o avanço da cientificidade médica, o hospital passa a ser visto como dispositivo de cuidado médico.
De acordo com Oliveira & Silva (2010), o hospital é uma instituição de atendimento à saúde que tem uma finalidade específica e exige dos profissionais uma atuação junto aos que precisam de assistência no processo diagnóstico-terapêutico, considerando o aspecto histórico, verifica-se que o hospital foi concebido como instrumento terapêutico é uma intervenção relativamente nova que data do final do século XVIII, porém, a consciência de que o hospital era um instrumento destinado a curar, apareceu apenas em torno de 1780.
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