O Jaspers Psicólogo

A passagem da adolescência para a vida adulta continua sendo um período crucial na vida dos jovens, e muitos dos desafios referenciais neste texto ainda são relevantes na adolescência contemporânea. Vamos analisar algumas críticas e comparações em relação à realidade da adolescência atual: 1. **Perda da condição de criança:** A ideia de que entrar no mundo dos adultos significa a perda da condição de criança ainda é válida hoje. No entanto, com a crescente pressão para amadurecer rapidamente devido à tecnologia, redes sociais e exposição precoce a informações adultas, alguns adolescentes podem sentir essa transição de maneira mais abrupta do que no passado A adolescência contemporânea ainda é marcada por mudanças corporais significativas devido à puberdade. No entanto, atualmente, há uma maior consciência sobre essas mudanças devido ao acesso à informação e à educação sexual. Os adolescentes têm recursos para entender e se preparar para as modificações corporais que podem ocorrer (pode-se referir a teorias do desenvolvimento, como a Teoria do Desenvolvimento Psicossexual de Freud)

O livro “Adolescência Normal” de Arminda Aberastury e Maurício Knobel é uma obra clássica que aborda a adolescência sob a perspectiva psicanalítica. O livro apresenta uma visão da adolescência como um período de transição crucial na vida do indivíduo, marcado por mudanças corporais e psicológicas significativas.

Aberastury e Knobel destacam a importância da busca pela identidade e da formação da personalidade durante a adolescência. Eles argumentam que a adolescência não deve ser vista apenas como uma passagem para a vida adulta, mas como um processo de desenvolvimento contínuo que envolve a construção de uma identidade adulta.

No entanto, o livro foi escrito na década de 1980 e, portanto, não reflete a realidade da adolescência contemporânea. A adolescência de hoje é marcada por desafios diferentes dos enfrentados pelos adolescentes na época em que o livro foi escrito. Por exemplo, a tecnologia e as redes sociais mudaram significativamente a forma como os adolescentes se comunicam e interagem com o mundo ao seu redor.

Além disso, o livro pode ser criticado por sua ênfase na psicanálise como a única abordagem válida para entender a adolescência. Embora a psicanálise seja uma teoria importante e influente, outras abordagens, como a psicologia cognitiva e a psicologia social, também oferecem insights valiosos sobre a adolescência.

Em resumo, “Adolescência Normal” é uma obra clássica que oferece uma visão valiosa da adolescência sob a perspectiva psicanalítica. No entanto, é importante lembrar que o livro foi escrito há muitos anos e não reflete necessariamente a realidade da adolescência contemporânea. Além disso, outras abordagens teóricas também podem ser úteis para entender a complexidade da adolescência.

O artigo “A adolescência na perspectiva da psicologia social crítica” 1 apresenta uma análise crítica da adolescência a partir da perspectiva da Psicologia Social Crítica e da Teoria das Representações Sociais. O objetivo do artigo é (re)introduzir alguns elementos para construir uma concepção alternativa de adolescência/adolescente que esteja em sintonia com os pressupostos ontológicos e epistemológicos da Psicologia Social Crítica e da Teoria das Representações Sociais.

O artigo destaca a mudança de posição frente ao sexual como uma marca da transição pela qual passa o adolescente com consequências no laço social. A adolescência é vista como um processo, ou como “devir”, termo que traz a possibilidade de “vir a ser”, “tornar-se”, “transformar-se”, “metamorfosear-se”, sem fronteiras delimitadas que separem a infância da adolescência.

O artigo também discute a concepção da adolescência/adolescente como um período universal e natural, uma concepção amplamente difundida na Psicologia. Em vez disso, propõe pensar a adolescência como um processo, sem fronteiras delimitadas que separem a infância da adolescência.

O artigo conclui que a experiência adolescente é significada pelo discurso social contemporâneo, levando muitas vezes a impasses e sofrimentos psíquicos. A noção de crise desvela algo que diz respeito ao educar no mundo moderno e às consequências do tecnocientificismo como uma resposta que oblitera a responsabilidade dos adultos no endereçamento da palavra aos adolescentes, o que engendra uma nova forma de justificacionismo: o tecnocientificismo.

Os dois textos em análise abordam o tema da adolescência, contudo, sob lentes teóricas e metodológicas distintas. O primeiro, ancorado na abordagem psicanalítica, é exemplificado pelo livro "Adolescência Normal" de Arminda Aberastury e Maurício Knobel. Eles enfatizam a importância desse período de transição, ressaltando as transformações corporais e psicológicas, e sublinham a busca pela identidade e a formação da personalidade. Entretanto, sua principal crítica é temporal, uma vez que foi escrita na década de 1980, tornando-o menos relevante para a compreensão contemporânea da adolescência, principalmente diante das rápidas transformações tecnológicas e sociais.