O Movimento de Reforma Psiquiátrica
Por: beacristinna0 • 4/4/2018 • Projeto de pesquisa • 5.485 Palavras (22 Páginas) • 163 Visualizações
1. Introdução
No final da década de 1970 ocorreu o movimento de Reforma Psiquiátrica que tinha
como foco a desospitalização dos pacientes que sofrem algum distúrbio mental, na parte dos
pacientes passam a ser tratados em suas próprias casa, deixando assim instituições como os
manicômios, que sempre foram alvos de denúncias acerca de violência institucionalizada.
Assim, propõe-se o inicio de redes de serviços com a intenção de reintegrá-lo à família e à
sociedade.
Esse processo de desospitalização foi uma completa mudança tanto à família como ao
paciente, por conta do confronto com a realidade do convívio e do cuidado de quem sofre o
distúrbio da loucura, que durante muito tempo, foi sujeito a internações e exclusão da
sociedade, causando, entre 1960 e 1970, um grande aumento de leitos em hospitais
psiquiátricos,
Em 1987, surge a primeira CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em São Paulo, que
teve uma grande repercussão nacional. Com ele mostrou-se que havia a possibilidade de uma
rede de cuidados a pacientes com distúrbios mentais que poderia substituir – em alguns casos
- os hospitais psiquiátricos. Com as mudanças resultantes dessa reforma, o número de
internações diminuiu gradativamente, ficando evidente com a redução de 20% dos leitos de
1984 a 1991.
Em meio a todos os transtornos mentais que envolvia a reforma, a Esquizofrenia
estava no topo do índice de doenças mais conhecidos pela sociedade, na qual atingia quatro
em cada 10 mil adultos.
Contudo, com o movimento resultante da Reforma Psiquiátrica, na qual muitos
portadores de esquizofrenia passaram a ser tratados no âmbito familiar, o presente trabalho
tem como objetivo demonstrar, por meio de uma revisão bibliográfica, a relação da família
com o portador de Esquizofrenia, após a desospitalização
2. A Doença
A descrição mais antiga de uma doença que se assemelha à esquizofrenia pode ser
encontrada no Egito em 1550 a.C. Com descobertas arqueológicas de crânios da Idade da
Pedra com buracos perfurados levaram à especulação de que a esquizofrenia é tão antiga
quanto à própria humanidade. Naquela época, pensava-se que esses transtornos mentais eram
causados por demônios e espíritos malignos como punição dos deuses, e poderia ser curada
através de exorcismo.
Os primeiros estudos sobre a doença começaram por volta de 1891 por Arnold Pick,
professor de psiquiatria no ramo alemão da Universidade Charles em Praga. Porém à
descoberta é atribuída ao psiquiatra alemão, Emil Kraepelin, que a nomeou como Demência
Praecox (demência precoce), pois era reconhecida na maioria das vezes em jovens.
Os estudos continuaram e foi em 1911 que o psiquiatra suíço, Eugen Bleuler (1857-
1939) deu à doença o termo “esquizofrenia” (esquizo = divisão, phrenia = mente), em
pacientes que tinham como características de desligados de seus pensamentos e pensamentos
desestruturados, substituindo então o termo demência precoce e, com isso, dividiu seus
sintomas em “positivo” e “negativo”, que abordarei mais adiante.
Kraepelin e Bleuler começaram a se aprofundar sobre os sintomas e efeitos da
esquizofrenia e assim, dividiu a doença em seis tipos: catatônica, desorganizada paranoide,
residual, indiferenciada e Simples.
2.1 O que é?
Sendo um dos principais transtornos mentais, a esquizofrenia é uma doença crônica,
que atinge 1% da população mundial, entre os 15 e os 35 anos de idade. Caracterizada,
principalmente, pela alteração no comportamento, o portador de esquizofrenia pode
apresentar diversos comportamentos irreais, afetando como uma pessoa pensa, sente e se
comporta, o que indica a perda do juízo crítico.
Pessoas com esquizofrenia podem escutar vozes, ficar horas sem se mover ou falar,
falar coisas que não fazem sentidos e acreditar que outros estão lendo e controlando seus
pensamentos ou querendo prejudicá-las. Vale ressaltar que ser portador de esquizofrênica não
significa ter dupla personalidade.
No Brasil são diagnosticado quase 2,5 milhões de esquizofrênicos. Os pacientes do
sexo masculino costumam apresentar um índice maior em sintomas negativos, na qual
homens que sofrem com o distúrbio tem uma maior dificuldade de estabelecer relação social e
duradoura, o que faz com que grande parte deles permaneçam solteiros e não consigam
estabelecer uma vida social ativa. Nas mulheres ocorre o contrário, estas apresentam sintomas
positivos, e com isso aderem mais fácil ao tratamento, adequando-se mais facilmente a
sociedade, capaz de ter uma vida parcialmente normal, e de estabelecer relações afetivas
duradouras, casando-se,
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